20100310

Assim Funciona Uma República

Vou citar aqui um texto que está num livro da época em que minha mãe tava apenas começando as traduções de literatura hispano-portenha:

" - Bem, Tranján - Enrique rodopiou o prato sobre a bancada - Você já sabe que não confiei e nunca confiaria em Igor Goleja depois dos trâmites...legais em que ele se envolveu com a Rulleyo.

Tranján fungou e se remexeu, esperando o prato cair ou que Julia fizesse qualquer comentário inesperado que atrapalhasse o gordo.

- De todo modo, é exemplar que nas fábricas nós tenhamos conseguido disfarçar a presença dele. Existem pelo menos outros três gerentes mais cabeludos, mais competentes e muito menos confiáveis, sob o ponto de vista de Juan Quijón, dos quais eu me livraria antes de encostar um dedo no seu amigo.

- Igor só se envolveu com Rulleyo depois que Buenos Aires ficou fora de cogitação para vocês dois, isso é fato! - protestou Julia, de batom borrado.

- E vai se esculachar!

O gordo e Tranján riram-se tanto que o prato, obviamente uma louça tré¹ fina, se espatifou no chão, espalhando os capeletti pela cozinha da moça. Julia ofendeu-se de tal modo que o pano de chão que procurou foi o pior que poderia encontrar.

- Mas não se preocupe, paquita. Nós vamos cuidar bem dele."


¹Em francês, no original.

extraído de "El aborígene", de Antón H. Rojilo

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