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20110530

origem - ano zero

jovem e sem barba: testemunha de um tempo muito antigo.

20100825

diálogos (fem)

a decisão inadiável de uma mãe
- conjura um ensopado -
:
revelar ou não a seu filho
sua natureza
não-ortodoxa
de demônio.

jovens somos todos jovens
(pré-discurso ensaiado)
com nossa cota de erros
cada um com sua caixinha
uma festa, uma noite, um drinque
o romance
de uma moça de penteados.
a cama com dossel
devastada
pelo primo de um colega
e turbilhão.

ele sorri
não esfinge mas
político de cera
elaflita
aguarda
- vou pro inferno!
- cuspo fogo!
- me mato agora!
- me batizo!
- sem ritual!
e ele só
abraça
perdoa
tem alma
que bom
graçazadeus.

20100717

Instruções étnicas para fazer sua família feliz

Táu shan guezmísh, guezmísh, guezmísh;
(Burda káksan, burda pisht!)
(Burda káksan, burda pisht!)

Bu guiór mush,
Bu tutmúsh,
Bu pish-mísh,
Bu imísh...

I buda-banad, bilud madjik??
Tsc-tsc-tsc,
Psssssssssssht!...


  • Primeiro, o dedo roda na palma da mão, em movimentos giratórios e leves (uma intenção de cócega, talvez);
  • O mesmo dedo aponta, acompanhando os versos, os cantos da palma, alternando em diagonais - como marcando as pontas de um X;
  • Pega-se um dedo a cada verso, começando pelo dedão e seguindo até o anelar, fechando cada um deles em direção à palma;
  • Ao chegar no mindinho, como se por falta de alguma coisa, recita-se o verso interrogativo, talvez com uma voz bem fina e de preferência bem rápido;
  • Leva-o aos lábios para os muxoxos e então o aponta para o rosto da pessoa enquanto recita o verso final: ela deverá rir (se não, e se for uma criança, cócegas podem acompanhar sem problemas);
  • O essencial é manter o contato visual sempre que possível, uma seriedade respeitosa um pouco forçada, como se tratasse de um ritual de extrema importância mas durante o qual é difícil segurar o riso.
Pronto.
:)

20100707

se fosse papel seria um pedaço de papel (mas não é).

Agora também ele já fez alguma amizade na escola nova, as vezes até com alguma menina bonitinha da idade dele, sei lá. Quando era criança eu já achava que ele tinha assim uma coisa de galanteador, mesmo sendo todo daquele jeitinho... Bom, pelo menos ele nunca que deu trabalho nenhum pros pais, não que eu saiba e tomara Deus que isso não mudou agora. Acho que o pai pegava pesado demais com os dois, daí é claro que isso acabou caindo mais em cima dele, caçula e tudo e depois ainda tem aquele negócio com a mãe, mas aí eu lavo as mãos. Cada coisa que o povo faz, Deus que me livre! Às vezes acho que é muita falta de coração mesmo, com filho pequeno e tudo fazer um negócio desses mas também a gente nunca sabe como é que são as coisas ali nas quatro paredes, por isso que eu nem falo disso. Mas a sua prima tá aqui me botando pra fora já, não sei como consegue ficar o dia todo aqui na frente do computador, eu mesmo já estou com o olho coçando e acho melhor sair por que eu não aguento muito tempo olhando assim com a cara na tela, nem na novela não dá muito daí eu fico fazendo minhas coisas e só escuto quase.
Mas aí amanhã eu te ligo de noitinha pra gente bater um papo mais sossegado tá bom?? Deixa um beijo aí no noivo e fala que qualquer dia desses eu apareço pra ele me levar num jogo.

Um beijao e fica com Deus Linda!!!!!!!!

20100404

Da hood.

Há uma gorda no prédio vizinho ao meu. Eu moro no primeiro andar e vejo o pátio onde ela, que é uma criança - ou uma pré-adolescente - brinca, talvez umas três vezes por semana.

Ela tem um irmão que também é gordo. Lá está ele no jogo de pingue-pongue com um amigo, que é mais magro. Agora não sei se são eles que estão jogando ou se é o som de uma obra por perto que me confundiu e me fez achar que é a bolinha, mas ele apareceu agorinha com uma raquete.

A voz dele é igual a da irmã, percebi agora que ele riu do amigo que perdeu o ponto. Deve ser hábito, nessa família: o gordo fica dando risada da cara do amigo que erra, mas é só aparecer a irmã mais gorda e mais velha que ele é que apanha.

Mas ela é pior, porque não só ri, gritando, como acaba com o jogo se começa a perder. Já vi não sei quantas vezes ela reclamando que o irmão tinha chutado a bola bem na cara dela, quando é tudo mentira. E aí ela esperneia, esperneia até voltar o ponto. E aí ela dá mais risada.

Minha mãe também odeia essa gorda reclamona. Mas ainda bem que a minha mãe não é que nem a mãe da gorda, que é pior do que só uma gorda reclamona. Ela é a SÍNDICA.
Ela odeia os jardineiros e quase já matou o filho uma madrugada aí (não o filho gordim, um outro cuja voz eu acompanhei mudando nos últimos anos), que ela gritava que ele tava desacordado e não respondia e ela pediu desculpas por todas as brigas que eles tem - também umas três vezes por semana, com "Sai daqui! Já! JÁ! Você quer me matar? Você quer me matar!" - mas, enfim, não fez muito efeito, porque tudo continuou.

Até o carro dela é barulhento, daqueles com madeira decorativa na porta, porque da minha sala eu vejo a saída da garagem deles, e lá estava ela, minha amiga a Gordona, reclamando com o porteiro enquanto o carro PÔU, PÔU, PÔU ali. Pra piorar, minha televisão está velha e desliga sozinha a cada três minutos aleatórios, e eu moro perto de Congonhas. Foi-se o som do "Friends".

Acho que eu só queria dar um abraço neles.