E como ela é?
Ah, sei lá, ué? Como assim?
É, como ela é?
Ela é... Ela é loira, não muito alta... Usa óculos escuros.
Ela é bonita?
Ah, que coisa!
Vai, fala!
É, é bonita. E tem sardas.
Tá vendo? É sempre assim!
Assim como? Com sardas?
Bonita!
Ah, ué, o que tem de errado?
Errado, nada, mas é sempre assim.
Não era pra ser?
Não sei, você me diga.
É melhor que seja bonita, não é?
Bem, pode ser, mas continua, sei lá, estranho.
O que tem de estranho em ela ser bonita?
Ah, eu só disse que ela foi simpática, que falou com ele quando ele tava triste, que pôs a mão no ombro dele... E voilá, você já imagina ela bonita!
Bom, porque as meninas que confortam sempre são bonitas.
Que meninas que confortam?
As dos filmes, dos livros.
Dos livros?
É, eu imagino elas bonitas.
Tá vendo?
Mas isso te incomoda por quê?
Porque aí o que sobra pra mim? Pras meninas que não são bonitas?
E você não é?
Não. Acho que não.
Pois eu acho que é, sim.
É? E como eu sou?
Ah. Sei lá.
Loira?
Sim.
Que mais?
Com sardas.
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20110301
20110102
Exercício metonímico
por Anne Democracy
Quando eu tiver uma rádio não passará uma manhã sem que toque uma música do Milton Nascimento, mesmo que eu não esteja acordada para ouvi-la.
Também não haverá uma noite sem alguma canção do Radiohead, de preferência daquelas que parece que o mundo vai acabar em instantes.
Depois do almoço, quando os deslocamentos sanguíneos provocam aquele sono, algo de Caetano, de Bob Dylan ou de Mallu Magalhães.
E, em dias alternados, especiais de Tom Zé e Secos e Molhados, ou de Little Joy e Beach Boys.
Mas, quando eu estiver bem triste, só se ouvirá Maria Bethânia, de dia e de noite.
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