Júlio Marins, atualmente com trinta e quatro anos, não tem um
labrador nem um grande aquário marinho em seu apartamento duplex. Sequer
tem um apartamento duplex. Em qualquer projeção que já fizera em toda a
sua vida, mesmo naquelas feitas na véspera de seu último aniversário,
Júlio sempre se vira aos trinta e quatro anos em um duplex, com um
labrador e um grande aquário marinho com as mais escabrosas espécies de
crustáceos e moluscos que pudesse encontrar.
Durante sua infância,
Júlio notou um fenômeno metereológico até o momento inexplicado pela
ciência mas que o perseguiu desde então: todos os seus bons desempenhos
em avaliações eram precedidos por pequenas catástrofes climáticas, que
envolveram ventanias mais ou menos controláveis e tempestades de verão,
chegando ao Furacão Catarina, na data de divulgação de sua última nota
antes da formatura em uma faculdade particular de Santa Catarina e
culminando nas enchentes de 2008, ano em que concluiu seu mestrado em
Comunicações. No campo profissional, sua sorte não era muito melhor e
Júlio, já treinado para observar essas coincidências, rapidamente
reparou que todas as bonificações, promoções e aumentos recebidos em
seus dias como redator de uma revista de entretenimento corresponderam à
morte de um grande ídolo ou de algum familiar —
o que, em parte, explica sua atual atuação como free-lancer, bem como a
ausência de um duplex, um labrador e um aquário em sua vida.
Sua
maior sina, no entanto, são os assuntos do coração. Cada uma das
mulheres que Júlio amou conseguiram, de alguma forma, machucar-lhe de
uma forma que o fazia sentir-se destruído, torturado, assassinado.
Nada disso, porém, o desanima.
"Vá lá que para cada passo à frente, dou também um para trás", diz. "Mas nunca parei de dançar".
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20111026
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