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20130218



O que há de melhor no amor são os jogos. Ainda está por fazer uma catalogação deles em livro, não para serem reproduzidos, mas para serem vistos já mortos, mostrar seu circuito de coerências, evidentemente através de sua incoerência. Com algum empenho a partir desse livro os cientistas provavelmente fariam o mal de determinar o gene do ciúme botando por terra toda a Graça.

Um dos capítulos seria a respeito dos jogos de regras restritivas. Eles são como amputações divertidas. Contorcionismo de um futuro liberador –– cansamos das regras, podemos nos tocar! finalmente o chão! palavras! adeus mordida.


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20110816

poema clandestino sem gatos

todos os poemas são compostos por gatos.
compostos, nota-se, e não escritos.
um bom poema é uma boa sinfonia
e não-vice não-versa.

isso não é segredo ou paranóia
ou sensacionalismo incrível e empolgante.
é apenas verdade entediante e depressiva;
tão banal quanto os números e fórmulas que usamos para calcular impostos
calculamos impostos em noites instantâneas com gatos aos nossos pés
gatos que calculam poemas
poemas que calculam milênios
poemas de fazer o mundo relojoar.

uma vez tentei escrever um poema.
totalmente sozinho, com a total ausência de gatos.
terminei-o e achei bom.
assim como deus, achei bom.
passaram apenas algumas horas e deus e uma comitiva de gatos bateram à minha porta.
(aliás, deus é mais baixo do que diz-se por aí)
disseram que representavam um sindicato.
sindicato bem poderoso.
e que eu devia parar de roubar os empregos de cidadãos trabalhadores,
cidadãos que tinham filhos e famílias e hipotecas e amor.
desesperado, pedi perdão
e queimei todos os meus pêlos e minha pele.

desde então tenho composto
em grama e fogo e lama e lã.
ainda há risco, claro que há
mas as palavras reluzem mais
me beijam mais
me dão coragem para enfrentar os gatos.

quando eles chegarem
eu serei um poeta
e seja o que deus quiser.