eu sei porque vocês apagaram as luzes.
eu sei justamente porque vi quando vocês apagaram as luzes, uma a uma, enquanto olhavam desconfiados pra minha janela. que bosta essas janelas.
eu realmente não me importo, e é provável que eu nem ficasse olhando pra sua janela.
mas e se a minha janela estivesse fechada?
se você não pudesse de fato ver que eu te via?
será que você teria apagado as luzes - uma a uma, gesto muito mais interessante que qualquer outro que possa ter acontecido depois, com aqueles re-enquadramentos audaciosos e quebracabeçantes.
e se não tivesse, você, apagado as luzes, com aqueles olhares e risadas irritadas de me ver assim tão indiscretamente na sua janela, o que eu teria feito?
se eu estivesse, de fato, com minha janela fechada, mas podendo lhe olhar, e você deixasse as luzes acesas. eu teria olhado? teria fugido? teria me embrenhado mais ainda nos meus tiros-laseres de sábado-à-tarde?
eu nunca fechei a minha janela.
malditos arquitetos.
Mostrando postagens com marcador janela indiscreta. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador janela indiscreta. Mostrar todas as postagens
20130309
20121004
20100404
Da hood.
Há uma gorda no prédio vizinho ao meu. Eu moro no primeiro andar e vejo o pátio onde ela, que é uma criança - ou uma pré-adolescente - brinca, talvez umas três vezes por semana.
Ela tem um irmão que também é gordo. Lá está ele no jogo de pingue-pongue com um amigo, que é mais magro. Agora não sei se são eles que estão jogando ou se é o som de uma obra por perto que me confundiu e me fez achar que é a bolinha, mas ele apareceu agorinha com uma raquete.
A voz dele é igual a da irmã, percebi agora que ele riu do amigo que perdeu o ponto. Deve ser hábito, nessa família: o gordo fica dando risada da cara do amigo que erra, mas é só aparecer a irmã mais gorda e mais velha que ele é que apanha.
Mas ela é pior, porque não só ri, gritando, como acaba com o jogo se começa a perder. Já vi não sei quantas vezes ela reclamando que o irmão tinha chutado a bola bem na cara dela, quando é tudo mentira. E aí ela esperneia, esperneia até voltar o ponto. E aí ela dá mais risada.
Minha mãe também odeia essa gorda reclamona. Mas ainda bem que a minha mãe não é que nem a mãe da gorda, que é pior do que só uma gorda reclamona. Ela é a SÍNDICA.
Ela odeia os jardineiros e quase já matou o filho uma madrugada aí (não o filho gordim, um outro cuja voz eu acompanhei mudando nos últimos anos), que ela gritava que ele tava desacordado e não respondia e ela pediu desculpas por todas as brigas que eles tem - também umas três vezes por semana, com "Sai daqui! Já! JÁ! Você quer me matar? Você quer me matar!" - mas, enfim, não fez muito efeito, porque tudo continuou.
Até o carro dela é barulhento, daqueles com madeira decorativa na porta, porque da minha sala eu vejo a saída da garagem deles, e lá estava ela, minha amiga a Gordona, reclamando com o porteiro enquanto o carro PÔU, PÔU, PÔU ali. Pra piorar, minha televisão está velha e desliga sozinha a cada três minutos aleatórios, e eu moro perto de Congonhas. Foi-se o som do "Friends".
Acho que eu só queria dar um abraço neles.
Ela tem um irmão que também é gordo. Lá está ele no jogo de pingue-pongue com um amigo, que é mais magro. Agora não sei se são eles que estão jogando ou se é o som de uma obra por perto que me confundiu e me fez achar que é a bolinha, mas ele apareceu agorinha com uma raquete.
A voz dele é igual a da irmã, percebi agora que ele riu do amigo que perdeu o ponto. Deve ser hábito, nessa família: o gordo fica dando risada da cara do amigo que erra, mas é só aparecer a irmã mais gorda e mais velha que ele é que apanha.
Mas ela é pior, porque não só ri, gritando, como acaba com o jogo se começa a perder. Já vi não sei quantas vezes ela reclamando que o irmão tinha chutado a bola bem na cara dela, quando é tudo mentira. E aí ela esperneia, esperneia até voltar o ponto. E aí ela dá mais risada.
Minha mãe também odeia essa gorda reclamona. Mas ainda bem que a minha mãe não é que nem a mãe da gorda, que é pior do que só uma gorda reclamona. Ela é a SÍNDICA.
Ela odeia os jardineiros e quase já matou o filho uma madrugada aí (não o filho gordim, um outro cuja voz eu acompanhei mudando nos últimos anos), que ela gritava que ele tava desacordado e não respondia e ela pediu desculpas por todas as brigas que eles tem - também umas três vezes por semana, com "Sai daqui! Já! JÁ! Você quer me matar? Você quer me matar!" - mas, enfim, não fez muito efeito, porque tudo continuou.
Até o carro dela é barulhento, daqueles com madeira decorativa na porta, porque da minha sala eu vejo a saída da garagem deles, e lá estava ela, minha amiga a Gordona, reclamando com o porteiro enquanto o carro PÔU, PÔU, PÔU ali. Pra piorar, minha televisão está velha e desliga sozinha a cada três minutos aleatórios, e eu moro perto de Congonhas. Foi-se o som do "Friends".
Acho que eu só queria dar um abraço neles.
isto é:
amigos,
boa vizinhança,
casal,
drama familiar,
família,
gordo,
janela indiscreta,
Swordfishtrombone,
vizinho
Assinar:
Postagens (Atom)