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20131029

nostalgia: instruções de emergência

quando um rosto familiar lhe parecer estranho, pare por um segundo.
respire. 
tente passar um café (ou, se for o caso, um chá ou um mate quente); veja se você está com fome e, se estiver, coma alguma coisa salgada e leve. 
folheie cadernos antigos, antigos mesmo: não tente se lembrar das coisas, será bem mais proveitoso se você tentar entender como funcionava a cabeça daquela pessoa que você era na época. não sinta vergonha nem orgulho.
respire.
volte ao trabalho. se o problema persistir, ajuste as configurações de seu monitor e vá dormir imediatamente.


20130130

nostalgia

quando eu era criança, tinha um sonho recorrente.

sonhava que era "adulto" - chuto na casa dos 30, era alto e me vestia de forma séria e tudo.
eu estava investigando alguma coisa (mais uma sensação do que uma certeza) e andava pelo meu bairro. as ruas estavam todas vazias, a maioria das lojas estavam fechadas ou tinham falido; talvez eu estivesse perseguindo alguém.  eu sei que eu entrava em uma padaria, que existia no caminho da minha casa pro colégio.

lembro que era perto de uma escola pra surdos, porque sempre tinham jovens conversando por sinais na frente dela. meu pai fazia uma piada meio horrível, falando que os donos da padaria tinham reclamado no colégio por que eles faziam muito barulho com aquela conversa toda.

no sonho a padaria já tinha falido, estava cheia de entulhos e completamente escura. eu entrava com muito cuidado, perseguindo alguém que tinha se escondido ali. aí essa pessoa atirava em mim.
e eu morria.
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passei boa parte da minha juventude recontando esse sonho, e brincando que eu iria morrer ali, um dia. eu só entrei lá uma vez, com um amigo, e tomamos um suco de limão. o lugar era bem decadente, com uns painéis de madeira e fotos desbotadas de milk-shakes fictícios.

uns anos atrás a padaria fechou.
aí reformaram ela toda, e hoje em dia tem uma oficina de carros no lugar (especializada em instalação de som, se não me engano).

nada a ver.

20120823

dos motivos que me fizeram rasgar as mangas da minha camiseta

gosto, de quando em quando, e em estando em casa, de deixar meu sovaco cheirando como bem entender.
nunca em situações sociais, claro - mesmo que de vez em quando seja absolutamente imprevisível e irreparável. mas quando estou à salvo da crítica dos narizes alheios, me esbaldo e acho um barato!


principalmente quando sento no chão e fico lendo um monte de bobagem nos meus cadernos antigos-a-foder.

20101231


Nostalgia é o passageiro gordo que faz o automóvel capotar.

Teve este lampejo enquanto guiava com os olhos petrificados em muitas coisas que ficavam para trás. Não havia muito com o que se preocupar, o tanque estava quase cheio, havia um mapa debaixo do banco, sua garota dormia no banco de trás. O que lhe preocupava era mesmo aquilo que ele já sabia estar em sua cabeça desde sua despedida, desde a partida. O fim. O fim já se vislumbrava em algum lugar entre seus olhos e a pista que rodava suas linhas para debaixo do carro, engolidas por sua escolha. Era o fim, pensava. Era a nostalgia que lhe pesava os olhos.

O lampejo, na curva da serra, para fora em tangente como ensina a prática aos desatentos, piscando dentro de si, como um sub-lampejo: na curva mais curva onde se deve sentir a desaceleração como uma doença e marchar engatado: o passageiro gordo de seus olhos: ainda houve um terceiro lampejo dentro do mesmo, como um resquício que provava que o instante era de fato bastante espaçoso como um esgarçamento em que ele poderia viver mais pensamentos como aquela nostalgia que pulsava entre os dedos do volante na buzinapárabrisaguiapulocrackecurvouseladomoinhosnostalturadodiaboestamosindoevoumeseguraraliquandoeupodereiárvores---***####`````galhosna--

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