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20130118

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É muito fácil determinar que oitenta porcento (estou sendo modesto) das pessoas no Parque da Aclimação pertencem a uma mesma classe social, oitenta porcento daqueles homens sarados (eu não incluso) e daquelas mulheres gostosas poderiam se encontrar ali e formar casais com gostos e hábitos absolutamente homogêneos, imagino que o façam, e lá, ao contrário do que ocorreria no Ibirapuera, seria possível dizer que quase todo mundo mora ali por perto, o que é conveniente, e é até possível apontar para alguém com 66% de certeza e determinar se a pessoa é ou não vegetariana (o que significa que duas destas três: a menina pintando o lago com aquarela, a senhora andando de sandália, o cara cuja camisa estampa um mapa da devastação da mata atlântica) e se ela gosta de rock (o cinquentão de camiseta preta) ou sertanejo (o cara com pinta de rico e sua namorada loira). É tão fácil, na verdade, que eu pensar em mim como estrangeiro...
Tenho vontade de fumar. Não cigarro, porque o cigarro é do mal, mas um charuto seria legal, acho. Fumar me lembra uma menina que diz que fuma porque quer viver pouco, não é bem isso o que ela diz, é mais ou menos isso, e manifesta em tudo seu autodestrutismo e ela é tão sozinha que é fácil eu me sensibilizar, é fácil eu pensar nela e querer muito chorar. Enquanto eu corro pelo Parque da Aclimação, eu, que nunca corri, e agora corro, e o relógio no meu pulso apita meu coração batendo cento e oitenta vezes por segundo, me parecem muitas vezes, isso, cento e oitenta, eu que ando de bicicleta, que uso camisetas de times de futebol e seleções estrangeiros e do Corinthians e da Portuguesa, com shortinhos, eu que tenho uma calça colada dessas para andar de bicicleta, eu que a uso, mas penso que um charuto seria legal e penso que meu coração bate cento e oitenta vezes por segundo enquanto eu corro e penso que quero correr uma maratona, mas a primeira pessoa que correu uma maratona, a pessoa que criou a ideia de uma maratona, ela morreu logo depois e eu queria fazer isso e corro, cento e oitenta vezes, e eu penso em formas alternativas de usar o tabaco (penso em vocês) e penso na menina e na forma como ela fala da vida dela, ela parece feliz, mas se machuca e eu que também sou feliz acho tão fácil pensar nela e ter vontade de chorar.
Eu acho lindas as outras pessoas, quem pode culpá-las, elas estão correndo ou andando porque querem viver mais e quem pode culpá-las, elas são ricas e moram ali perto e podem a qualquer momento encontrar um parceiro ali mesmo no parque, talvez seja também vegetariano (há 66% de chance de acertarmos) ou goste também das coisas de que nós gostamos, e então poderemos amá-los e viver para sempre, correr para sempre e talvez eu pense para sempre que uma menina que também é rica (digamos), que também poderia estar naquele parque, se morasse perto, que ela fuma para morrer mais cedo, parece o contrário do que eu estou fazendo ali, a cento e oitenta batimentos por segundo, mas é fácil pensar nisso e querer chorar. É tão fácil, na verdade, que eu pensar em mim como estrangeiro...

20100803

Cupér

and so "y" is the most important for a place,
the pace of the walk which has then become a grey
and belly-flopping-50-year-old journey to
get rid of fat the quickly as then it can.

il-y-a but (af
ter joe, the belly-bearer got through the street
marching on sneakers and Ipod)
and i saw and heard the so-said
[eeee ] "y"

which was not what I
thought it should give me
(not the place, or the grammar-bid
understanding
nor the russian prep
for 'having')

il-y-a...?

"yail" came to me better for the ear
as clever as university,
but that would not make it clear
for then for her for that it had
not a meaning.
and i looked into her eyes
when there was not another Joe with sneakers
nor a Tobey running on sweaters

and Jeanette french-smiled-sadness
to me
for there was,
but something else as hard as
" c'est une fosse...
ma vie"
and further I just did not translate and just smiled-joker
with a floppy-poppy hooray-for-the-grey as
andrew decided to stay there in the road
checking the heartbeats in stopwatch

as she 'zhtonbrass' and sad raineyed action
there was not a fraction
of something i could make as
different as enchanting song française
and the sneakers of
le coq sportif got into it
got into it the motion
with no care for the heureussong
I was on and

zut, got on my nike and went for Louisiana.

20090723

Manual do Ciclista Moderno

1. Sempre amarre bem os seus cadarços.

2. Lave as mãos, no mínimo, de 20 em 20minutos.

3. Use roupas perceptivas - se possível, com listras.

4. Respire o mínimo possível.

5. Freqüente: zona oeste, carapicuíba, paraisópolis, parque do ibirapuera, grama.

6. Não freqüente: zona sol, belém, heliópolis, parque da aclimação, pedras.

7. Veja os caminhões. Como são bonitos.

8. Ontem eu não cheguei na hora e quando cheguei ela não estava mais lá, e

9. Movimento e transporte são as bases da sociedade pòscontemporânea: a vida constitui-se de fluidos constantemente em transação, e todos os canos são um só.

10. Use joelheiras e caneleiras; não necessariamente nessa ordem.

11. Seja homem - figurativa & literalmente.

12. Percorra distâncias grandes/pequenas o suficiente para que o uso seja razoável, vital, plausível & esteticamente aceitável i.e. desfacelamento corporal inerente ao esforço físico ou DCIEF.

13. Conserve bem seu pênis - ele tem direitos.

14. Escreva manuais: são excelentes fixadores de conteúdo e apenas assim você irá bem, entrará em uma boa escola, fará um bom curso, será um bom profissional e terá um bom futuro, e então suas perversões se tornarão excentricidades - graças a deus.

15. Seja um poeta.