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20100807

Kissogram - Grass Grass Grass!


Kissogram - Grass Grass Grass (unofficial) from Ricardo Miyada on Vimeo.
My little hommage to kissogram. This was a unique shot, no rehearsal.



There are times when spontaneity means shit.

20090807

De quantas semanas eu preciso para chorar por alguém?

De querer ter gente perto, sempre, certo, a gente vai colecionando, angariando, procurando (mais que achando), e depois... Quanto que duas, talvez três semanas podem marcar, machucar? Quanto que em tão pouco tempo as coisas se atam, se afeiçoam (não tem nada a ver com amor ou sexo, talvez nem com amizade) e mesmo que ainda frágeis e tão fáceis de quebrar, formam cacos, que cortam, sei lá.
Não é a perspectiva da saudade, não é sentir falta, também, que é como os outros só sabem dizer. É a ideia horrível dessas palavras, as mesmas que nos dão medo de morrer ou de mudar: nunca mais.
Aí é desconcerto, talvez apertar a mão, ou abraçar, ou aquilo no meio dos dois, que é o que fazem os que ainda não calcularam bem o grau de intimidade adquirido, e então voltamos para casa e estamos sozinhos e escrevemos alguma coisa acreditando sermos capazes de capturar a alma de alguém.

Fotochute.



QUÊ?

20090609

Atividade_5: Doutor F.

“Acredito que o momento mais difícil desse processo seja, ao final de tudo, tirar o lençol. É nesse momento em que expomos o nosso trabalho, nossa monstruosidade para o mundo, mesmo que ninguém mais efetivamente veja o que fizemos. É complicado.

Expomos nosso trabalho ao ar que nos cerca, aos olhares de desgosto, inclusive o nosso próprio. Pois mesmo que saibamos em nossas mentes o resultado de tudo aquilo... O nosso trabalho é feito quase sempre debaixo do lençol, por trás de uma névoa segura que isola nossos monstros em uma outra realidade, um outro modo de existência. Ao erguer o lençol, estamos destruindo esta ilusão, aceitando a existência de nossas monstruosidades mais íntimas; não podemos mais negar a proximidade daquilo que fizemos e de nós mesmos, nossas mãos estão impregnadas pelo fruto do nosso trabalho.

Este momento crítico de revelação se agrava ainda mais por não termos, ao nosso lado, a mesma euforia que tínhamos antes, durante o trabalho febril e apaixonado que resultou naquilo tudo. Estamos de volta aos nossos sentidos, não há mais desculpa para nossa consciência; só nos resta enfrentar a nossa criatura, nosso monstro irreversivelmente concebido. Arrancar o lençol é descobrir este monstro logo ali, colado à nossa pele – e não mais em algum ponto distante de nossas mentes ou almas. Quando se ergue o lençol, caímos de volta ao mundo do real e do racional, somos surpreendidos por essa luz dura justamente no momento que expomos o que nós temos de mais vulnerável, o ponto mais maleável de nossa carne à mercê de um mundo pontiagudo. Não é fácil.

Mesmo assim continuo, continuamos criando nossos monstros, um após o outro, erguendo o lençol e sofrendo a cada vez que somos forçados a encarar nossas criações. Pois isso é encarar o que há de pior em nós, é destruir as ilusões confortáveis de que somos, ao final de tudo, boas pessoas. Fazemos isso porque somos escravos de nosso poder, do êxtase que o segue e que nos domina. Tentamos nos tornar deuses, mas nosso poder é incompleto, a nossa vida não é viva e nem é bela – é horrenda e monstruosa; é a Morte nos encarando na sua forma mais primitiva.”

[Ingolstad's Tribune - Julho de 1915]

20081225

Romance #29 (ou: Os Primos)

29 minutos de depressão antes que a moça pudesse fazer qualquer coisa que quisesse fazer, antes que qualquer um de nós pudesse tocá-la, antes que meus dedos caíssem ou qualquer coisa do tipo. Não sei direito como contar isso a meus netos, a sensação é estranha, como a de um músico que improvisa sem nunca ter tocado - um saxofonista ao piano, algo do tipo, não sei. Sei que o bar não era grande o suficiente e ela brilhava de um jeito antinatural e ridículo.

29
dedos
A M U S É
com a moça inscrita.
Se essa moça
se essa moça
fosse minha
eu fazia
eu fazia
ela amar
para sempre
para sempre
os meus olhos
e botava ela na cama
pra olhar.

Nunca mais nos vimos, mas os frutos estão por aí: é só olharem para cima, acredito, e ficará evidente. Beijem sempre, sem parar, e fim.



[permute sempre aquilo criado pelo criador: o resultado será inútil. nenhum desses é real, nenhum desastre deles - ela foi dilacerada por vampiros, creio - é tocante, são binários, reprodução assistida, apenas, etc. no fim, aquilo de valor é o acaso - a pressa impulsionada pelos 29 minutos de bateria restantes que leva a criar algo diferente do pensado - a magia da espontaneidade!, - ou então os dedos que tremem e monalisam. os nomeados - julia e rafael, diz-se -, no entanto, são só labirinto (prosópopo) de pontuações; são só - e só - construtos, ainda esperando, como sempre, alguma destruição posterior que os liberte: o olhar de quem acompanha e não se emociona.]