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20140131

Especialização


Saindo do Soho (onde paguei por um corte o que normalmente me permitiria cortar o cabelo umas quatro vezes --- mas essa é outra história), me peguei novamente em uma situação tremendamente incômoda e que tem se tornado também tremendamente frequente. Foi assim:
Ainda lavando o cabelo (pelo que eu tive que pagar dez reais adicionais, o que não me foi informado de antemão e ainda configura venda casada, mas isso é outra história), eu expliquei para a moça (a Taiz --- acho que assim: com Z) que eu queria que meu cabelo ficasse comprido, mas mais ou menos curto, mas que continuasse crespo, mas não tão crespo, ou talvez mais crespo, não sei, o que ela achava? Expliquei que todas as vezes que eu tinha ido ao cabeleireiro até então eu tinha sido perguntado sobre como queria deixar meu cabelo e que em cada uma dessas vezes eu respondi uma coisa diferente (“pode abaixar aqui e raspar do lado”; “só arruma o que tiver fora do lugar”; “mete a máquina aí!”), mas que todos os cabeleireiros ignoraram terminantemente minhas respostas vagas e simplesmente fizeram o que quiseram e no fim o meu cabelo acaba sempre indistinguível de cada uma das vezes anteriores. E eu expliquei que por causa disso eu preferia não falar nada, que ela fizesse o que bem entendesse contanto que meu cabelo acabasse comprido, mas curto e crespo e diferente das outras vezes todas em que cortei o cabelo.
Ela fez --- acho que ela fez um bom trabalho. Ficou legal, e tudo o mais, apesar de muito curto e, francamente, igual a todas as outras vezes em que eu cortei o cabelo (só que quatro vezes mais caro etc). A principal diferença em relação à maioria dos lugares que custam quatro vezes menos é que ela me sugeriu comprar um modelador de cachos que daria ao meu cabelo a proporção correta de crespice e armação, enquanto os outros não me recomendam absolutamente nada.


Quatro anos antes, eu instalei o Ubuntu 10.04 LTS Edition no meu computador. Meses depois, animado com a possibilidade de não usar Windows Vista e com a leitura de Neuromancer, instalei o Linux Mint Debian Edition --- LMDE para os chegados --- no notebook.
A primeira coisa que eu aprendi sobre o Linux é que, com ele, eu poderia realizar todas as minhas fantasias mais loucas em termos computacionais; eu poderia mudar qualquer aspecto da interface, poderia usar efeitos tridimensionais absolutamente inúteis, desde que ciente de que eles superariam em muito o que a minha limitadíssima placa de vídeo Intel Onboard pode fazer, poderia testar softwares em desenvolvimento etc. A segunda coisa que eu aprendi foi que para fazer qualquer coisa dessas eu precisaria estar disposto a deixar de me preocupar com a bomba, isto é, com a possibilidade de inutilizar completamente meu computador (o que, de fato, ocorreu algumas vezes) e aprender a amar o Google.
Em uma das minhas buscas, achei alguém que, em um fórum, tentava esclarecer uma dúvida que eu compartilhava. As respostas foram as mais diversas, mas todas envolviam uma série de linhas de comando que precisariam ser executadas no Terminal.
“Por que não fazer isso com o mouse?”, perguntou o sujeito do fórum: outra dúvida que eu compartilhava.
Alguém --- um veterano de Linux, presumivelmente, um viúvo do Unix, um entusiasta do Slackware --- respondeu que aquele era o problema das pessoas que migravam do Windows: queriam tudo mastigado! Somente com as linhas de comando é que se poderia entender de verdade o funcionamento de um computador (aparentemente porque existe uma estranha conexão entre copiar e colar códigos que estranhos postam em fóruns na internet e o funcionamento do kernell de um sistema operacional) e qualquer acomodado que quisesse simplesmente clicar aqui e ali e resolver seus problemas era bem vindo a retirar-se do mundo open-source e voltar para a ameaça constante dos vírus, trojans e worms que, na visão do indivíduo, assombram o Windows. Vários usuários manifestaram sua concordância em relação a essa afirmação.


Antes ainda disso, em 2009, eu voltei da Inglaterra entusiasmado com a ideia de adotar a bicicleta como solução de transporte. Mais do que isso, porque eu era um idiota, voltei entusiasmado com as bicicletas sem marcha e com freio contrapedal que eu havia visto na Holanda.
Eu fui a uma bicicletaria na Sena Madureira (a propaganda não vale muito, a essa altura, porque o lugar, merecidamente, fechou), falei mais ou menos o que eu queria e, uma semana depois, recebi a ligação dizendo que minha caiçara tinha chegado.
Era uma bicicleta de trezentos e cinquenta reais, pesada como chumbo e com uma proteção de esponja no guidão. Dias depois, em outra bicicletaria, me diriam que todos os parafusos tinham vindo mal apertados. A coroa também não demorou muito a quebrar, o que permitiu que eu trocasse a original, com sua imagem pré-adolescente de uma caveira para uma de metal liso, muito mais adulta. Mais tarde, eu descobrira que a simplicidade do modelo não permitiria que eu trocasse os pedais.
A Vandinha (esse é o nome dela, à minha revelia) é a melhor bicicleta do mundo, mas isso não me impediu de, em 2012, comprar uma mais moderna, com clipes nos pedais (o que, me disseram, aumenta muito o rendimento da pedalada), amortecedor na frente (o amortecedor de trás, me disseram, come parte do seu esforço), rodas de aro 700 (melhores, me disseram, para enfrentar as subidas da Aclimação) e computador de bordo.
Quando eu fui atrás de informações para esta segunda compra, os entendidos me explicaram todas as características e proporções que uma boa bicicleta deveria possuir. Me indicaram as melhores marcas e me avisaram da necessidade premente de andar sempre com uma bomba, uma câmara extra, um jogo de chaves de fenda. Esses mesmos entendidos me disseram que a Caloi não estava com nada e que por menos de dois mil reais não se pode sequer sair de casa. Tinham razão, é claro, ou deviam ter.


Meu problema, portanto, não são os sessenta reais do cabeleireiro, já inclusos os dez reais que me foram tomados pela lavagem. Com a frequência com que eu corto o cabelo, isso equivale a bem menos do que meus gastos com flanelinhas. Não são os muitos reais da bicicleta, mais outros tantos pelas customizações, não é nem o que gastei na garrafinha térmica que logo esqueci no vestiário do trabalho. Meu problema não é financeiro.
E também não é, obviamente, o tempo gasto na internet para aprender a compilar os programas mais chatinhos, que não vêm com instalador. Deus sabe que eu gasto tempo na internet com coisa muito pior.
O problema --- o que me faz ir às barbearias de quinze reais, com suas cadeiras antigas que não sobem quando o cabeleireiro pisa no pedal de alumínio, com o borrifador de água que substitui a lavagem com xampu, com suas revistas ridículas de fofocas dos anos noventa, e o que me faz usar o Ubuntu, no final das contas, ao invés do Fedora, e ainda o que fez com que eu tivesse escolhido levar comigo, para sempre e para onde quer que eu vá, a Vandinha no lugar da Trek 7100 --- é a cobrança que esses lugares de maior glamour impõem sobre a gente.
Neles, não me basta cortar o cabelo; tenho que entender meu cabelo. Entender suas características de oleosidade e curvatura, comprar produtos (pior: usá-los!), evitar que os fios sejam danificados pela excessiva distância temporal entre um corte e outro. Não me basta a disposição de pedalar; tenho que entender as vantagens de uma geometria triangular do quadro em relação à curva, tenho que identificar as razões pelas quais a passagem das marchas deve ser feita de modo a evitar uma relação cruzada, tenho que comentar orgulhoso que meus freios são Shimano e minha luzinha é CatEye.
Em suma: exige-se que eu seja um especialista, um estudioso empenhado e interessado. Mas um especialista em todas as áreas do conhecimento: o terrível especialista-geral, constantemente provocado a emitir opiniões sobre política (e ai de mim se não souber o último ato de brilhantismo do Mujica!), sobre artes (e a vergonha de admitir que até então nunca havia ouvido falar em Luigi Pirandello?), sobre os recentes lançamentos dos videogames, os quadrinhos, a poesia ultra-moderna...


Eu não sou um especialista! Eu nem sei se existe algo como uma “relação cruzada”, se o Slackware é um exemplo adequado do purismo Linux ou se vai hífen em “ultra-moderna”. Eu não sou um especialista nem nas coisas em que eu gostaria de ser especialista, nas coisas --- nas poucas coisas --- que eu estudo com empenho e interesse!
Pode bem ser que evitar os cabeleireiros caros não seja assim o modo mais maduro de lidar com o problema. Pode ser que eu devesse, afinal, andar com a câmara extra, já que pneus furam --- sejam eles de especialistas ou não. Eu não nego as vantagens do conhecimento amplo e irrestrito; pelo contrário, sou um dos mais favoráveis ao aprendizado enquanto fim em si mesmo, e dos maiores opositores à política do “como o Teorema de Pitágoras vai ser útil na minha futura vida de advogado?” pela qual vivem tantos colegas meus.
Podendo, quero saber os segredos dos meus cabelos, quero manobrar meu computador para além de seus limites aparentes, quero saber sobre os melhores objetos caseiros com os quais improvisar um microscópio (caneta-laser e smartphone). Quero entender a dança protagonizada pela Terra e Vênus ao redor do Sol. Quero saber todos os significados que Drummond tem para mim e para você.
No fundo, dirão, talvez seja o medo de ver constatada a minha ignorância o que me aflige. O medo de ser incapaz de diferenciar o conselho honesto do embuste motivado pela perspectiva de vender este ou aquele tônico capilar. Vai ver que durante todo esse tempo eu tenho usado esses cabeleireiros silenciosos (mas que decerto conhecem também os cremes e as loções) e esses vendedores de bicicleta trambiqueiros (mas que não andam por São Paulo em caiçaras) para esconder a inconveniente realidade do mundo: as coisas me são inalcançáveis. Certo?
Errado. Errado, digo eu, eu que defendo o aprendizado enquanto fim, eu que quero aprender sobre penteados e sobre a escala pentatônica e sobre a possibilidade de um ser provido de inteligência artificial possuir uma alma, errado, eu digo, porque o conhecimento deve vir sempre acompanhado da certeza de sua insignificância diante da infinitude de coisas que há para se saber no mundo. Errado justamente porque as coisas nos são inalcançáveis. Nunca as compreenderemos, não em sua plenitude. Pretender compreendê-las todas, como parece ser a moda atual, em que todos precisam especializar-se em todos os assuntos do mundo e em que toda a ignorância é humilhante --- pretender compreendê-las é voltar-se contra a inteligência de Webber e de Aristóteles: o universo à luz da ciência é infinitamente mais alheio ao indivíduo que o era o mundo das explicações religiosas, e, perdidos e sozinhos, não podemos pretender nenhuma certeza além da de nossa própria e inesgotável ignorância. Ou, melhor dizendo, da inesgotável vantagem que os barbeiros de quinze reais levam sobre os de sessenta --- fora a lavagem.


20130309

janela - ponderações a respeito de alguém a quem chamarei de P.

eu sei porque vocês apagaram as luzes.
eu sei justamente porque vi quando vocês apagaram as luzes, uma a uma, enquanto olhavam desconfiados pra minha janela. que bosta essas janelas.

eu realmente não me importo, e é provável que eu nem ficasse olhando pra sua janela.
mas e se a minha janela estivesse fechada?
se você não pudesse de fato ver que eu te via?
será que você teria apagado as luzes - uma a uma, gesto muito mais interessante que qualquer outro que possa ter acontecido depois, com aqueles re-enquadramentos audaciosos e quebracabeçantes.

e se não tivesse, você, apagado as luzes, com aqueles olhares e risadas irritadas de me ver assim tão indiscretamente na sua janela, o que eu teria feito?
se eu estivesse, de fato, com minha janela fechada, mas podendo lhe olhar, e você deixasse as luzes acesas. eu teria olhado? teria fugido? teria me embrenhado mais ainda nos meus tiros-laseres de sábado-à-tarde?

eu nunca fechei a minha janela.

malditos arquitetos.

20121126

Ao longo de uma música

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É quando me bate a saudade das coisas que eu deixei de ser pelo caminho. Quando me pego sentado com a postura errada, olhando para a tela do computador sem realmente enxergar as palavras e ouvindo no fone o Gilberto Gil cantando sua versão do Bob Marley e eu me lembro, é claro, daqueles dias na praia (quinze anos, salvo engano) e daqueles meninos mais velhos (adultos, portanto) com o violão.
Eram os únicos momentos em que eu conseguia ficar quieto (nesse sentido, não mudei nada: sempre imensamente afetado pela hostilidade de um ambiente e igualmente por sua receptividade), olhando a rebentação e as meninas perto da fogueira, algumas de biquíni, ainda. Havíamos passado a noite inteira zanzando pelo Centrinho, tomando sorvete e mudando ocasionalmente de lugar para ver as meninas passando. Era mais ou menos a isso que se resumiam minhas férias, imaginem só. E eu diria que valeu a pena se pelo menos conseguisse me lembrar de qualquer uma delas. Enfim. De qualquer forma, só as via passando, mesmo, e então comíamos qualquer coisa e nossas amigas (que também víamos só de passagem) nos chamavam para mais perto do mar.

Um dia, choveu muito e a água passou sem tomar conhecimento do teto de um dos quartos, molhando completamente alguns dos colchões. Os adultos evidentemente não perderiam suas camas, então seríamos forçados a espalhar os colchões restantes no chão e dormirmos todos juntos. Éramos três meninos e duas meninas, ambas um pouco mais novas e absolutamente maravilhosas. Isso foi logo na hora do almoço, então nós três passamos o dia inteiro sem conseguir pensar em qualquer outra coisa. A todo momento, discutíamos como seria estarmos tão perto das meninas; os assuntos que inevitavelmente surgiriam; as vontades que elas certamente já sentiam e reprimiam, mas que, no ambiente propício, floresceriam; e, principalmente, quem de nós seria o desafortunado que ficaria de lado, sozinho, perdido. Ensaiamos movimentos, frases, formas de sussurrar. Não posso dizer quanto aos outros, mas pessoalmente, me apavorava pensar na possibilidade de chutar alguém, roncar ou peidar durante o sono.
À noite, repetimos o teatro de sempre: o Centrinho, as mudanças de mesa --- mas já nem ligávamos para quem passava, exceção feita ao tempo.
Eventualmente, as duas vieram e nos chamaram para ir à praia e, conforme havíamos deliberado previamente, acatamos e as seguimos, tendo sido vetada, por ser considerada suspeita, a ideia de negarmos o luau, propondo em seu lugar um jogo de baralho que antecipasse nosso grande momento de trunfo e glória.
Assim foi que sentamos na areia como se aquele fosse um dia absolutamente comum e olhamos a rebentação e ouvimos a música, enquanto nos perguntávamos aos cochichos se já não era tarde, se já não podíamos organizar a volta à casa. E estávamos nessa quando vimos dois rapazes deitarem o violão e sentarem do lado das meninas e conversarem com elas. Como se a gente não estivesse ali!
Eventualmente, acabamos desistindo de olhar pra escuridão fingindo indiferença e voltamos pra casa. Jogamos nós o baralho e esperamos até cairmos de sono sozinhos nos tais colchões.
Quando acordamos, elas estavam lá, com a gente. Mas aí já não adiantava mais.

Será que eu suportaria aquilo, hoje? Aquela conversa, aquelas piadas sobre a homossexualidade alheia e sobre a genitália própria? Certamente ainda gosto da areia e do mar, ainda pego caranguejos, quando posso, mas ouvir Natiruts mal interpretado à meia noite no litoral norte...
É bem provável que eu esteja melhor com a postura torta e as palavras no monitor. Mas...
Mas era uma possibilidade, não era? Mesmo agora, se eu repassar tudo o que aconteceu desde então, acho que nem consigo identificar exatamente quando foi que aquilo virou um absurdo. E também não dá pra dizer que não sejam absurdos este agora, esta camisa, estes sapatos.

Quando vim trabalhar no banco, lembrei imediatamente de dois ex-colegas de faculdade que eu sabia (ou suspeitava) que trabalhavam aqui. Já nas entrevistas, perguntei ao meu (então potencial) futuro chefe se os conhecia, mas ele nunca havia ouvido falar em nenhum dos dois. Dei de ombros, que o banco é grande, cheio de pessoas e departamentos e tudo o mais. Nenhum motivo para me admirar, evidentemente.
Mas num outro dia, já contratado, flagrei-lhes os nomes sendo mencionados numa conversa. Investiguei um pouco e matei a charada: os dois eram empregados, sim, mas não do banco em si, e sim de outra pessoa jurídica do mesmo grupo econômico: trabalhavam para um outro banco, focado em investimentos de grandes pessoas jurídicas, que foi adquirido pelo conglomerado mas manteve seus funcionários, incluindo o corpo jurídico.
Cavando um pouco mais, descobri o e-mail dos dois, e mandei minhas saudações. Eles responderam, me parabenizando pela contratação e desejando sorte, mas depois disso nunca mais nos falamos.
Passados sete meses, o funcionamento do banco começou a fazer mais sentido para mim, assim como se evidenciaram as relações entre departamentos, as disputas por orçamento e as rixas internas. Embora não houvesse hierarquia formal entre as diretorias, comecei a perceber que determinadas áreas gozavam de certos privilégios, sempre proporcionais aos lucros que elas rendiam para nossos acionistas.
O setor com o pessoal que geria os fundos tinha a melhor vista do prédio. Os gerentes dos clientes milionários tinha, nos e-mails, uma assinatura mais personalizada e, na copa, bolachas Calipso, ao invés das de água-e-sal. Meus colegas que lidam com clientes internacionais receberam computadores novos. Mas ninguém dava tanto dinheiro para o banco quanto as grandes pessoas jurídicas e suas emissões de debêntures, seus IPOs, seus M'n'As, suas operações de câmbio gerando milhões no float.
Então, nem os gestores de fundos, nem o pessoal que lidava com socialites, nem o pessoal do internacional, com suas conference-calls em línguas sortidas --- nenhum deles se comparava à equipe dos meus dois amigos. Eram eles que nos exigiam os prazos mais curtos e que mais nos condenavam por perdê-los. Eram eles que determinavam, com voto de Minerva, as datas e horários das reuniões. O banco de investimento era o panteão dentro do conglomerado, e lá só havia deuses.
Ah, como eu fui inocente, mandando aquele primeiro e-mail! Eu imagino a cara deles, ao recebê-lo. O ex-coleguinha de classe que arrumou uma vaga na cozinha e vem se gabar aos passageiros do cruzeiro. Eu imagino na cara deles o misto de divertimento e pena com que viram a animação com que eu relatava minha contratação e os imagino lançando um para o outro um olhar cúmplice.

Será que daqui a alguns anos, também vou me lembrar e... Bom, pior seria não lembrar. De todo modo, é o próprio Gil quem me conforta e diz que tudo-tudo-tudo vai dar pé.

20110314

Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu

O trono só estava um pouco sujo, um pouco mais sujo do que o mínimo que eu achava que era necessário para que alguém pudesse ver alguma poeira da distância a que ficavam em geral.... mas não deu outra, e justamente por isso eu fui levantado pelos cabelos:

- A troco de quê você sujou o trono, Ram-Tsa-Ka?!

- Mas eu não sujei, de modo algum, não!...

Me jogaram para fora do palácio, junto com minha bolsa e uns outros pertences espalhados, mas bem nessa hora o faraó estava voltando da guerra. Fui envolvido na felicidade geral e abraçado tão forte, mas tão forte pelo próprio filho do faraó que acabei ficando ali mesmo. No meio do caminho eu dancei, enfim, na verdade todos nós dançamos muito, eu só dancei porque todos dançavam e justamente a filha do faraó também começou a me puxar uns passos, sorrindo. Puxa, que sorriso charmoso ela tem! Me senti querido, bem querido!

- Viva!

- Viva!

- Viva!

Fiquei tão feliz que fui obrigado a quebrar o coro e confidenciei a ela:

- E eu, que na hora exata da festa estava sendo atirado para fora do palácio...

Ela me sorriu ainda mais desenfreada, dando uns pulinhos ritmados. Fiquei com a impressão de que não me ouvira e acabei repetindo, também eu sacudindo um pouco mais:

- E eu, que na hora exata da festa estava sendo atirado para fora do palácio!

Não só o sorriso continuou como seus olhos viraram para mim com uma doçura que nunca pensei que experimentaria, vindo de onde venho! E sacolejamos, dançamos e fomos seguindo, diria que até cada vez mais próximos...que beleza!

Mas como sempre acontece, meu outro lado do espírito começou a levantar suspeitas. Havia algo de emboscada nisso tudo, algo nos salamaleques que a impediam de naquele momento exato agir, mas o que me garantiria a vida e o emprego, quando terminasse a festança? Assaltaram-me dúvidas atrozes sobre tudo à minha volta, uma infelicidade que foi só crescendo conforme avançávamos palácio adentro na batucada.

Puxa, como eu fui infeliz nas horas e nos dias seguintes... Eu berrava, eu me esgoelava enquanto os banquetes e mais banquetes continuavam, enfim, “Eu estava sendo atirado para fora do palácio!”, “Viu?! Para fora!”, eu agarra qualquer um pelas mangas, e não importava, todo mundo ali pulava e eu logo ficava feliz de novo por uns instantes. E quem diria, também a filha do faraó continuava sorrindo e com os olhos ali para mim, dançando, dançando...ai, ai...até eu mesmo botei meu pé em cima do trono e sacolejei, rebolei, o escambau, deixei uma pegada e ninguém se importou! O medo, o medo!

E aconteceu que a festa não terminou mesmo. Enquanto duramos eu, a filha, o faraó e mais as figuras importantes do governo, ficamos ali pulando e acho que até fizemos sexo. Pois é, acho que até me diverti.

20100913

Quando ele começou a trabalhar no escritório, na baia ao lado, uma das primeiras coisas que ela percebeu foi que seria difícil agüentar o cheiro. Demorou um pouco mais pra ela entender o que era aquilo e quando ela percebeu, não ficou muito mais satisfeita, porque o cara exalava cheiro de pinto.
Lívia sentiu nojo, lógico. Ela ficou brava e quando ele chegava, ela fingia que estava ouvindo o ipod ou lendo um artigo muito longo e difícil, alguma coisa sobre farmacologia, com palavras grandes e então ela não o cumprimentava nem olhava para o lado que era para não mirar o nariz naquele cheiro todo de pinto, pau, de coisa suja.
Mas não adiantava muito (não adiantava nada), porque ela ainda tinha que passar o dia inteiro lá e aquele cheiro vinha que nem um miasma sufocante, uma fumaça contagiante, uma coisa degradante, mesmo. Porra. Cheiro de sovaco, de suor, de cu, tudo isso ela já tinha agüentado e agüentava, mas cheiro de pau era demais e ela tinha que ficar lá, afogada naquilo, como se respirando a pica dele, tomando banho de pica dele.
E é claro que o tempo todo que ela ficava lá, ela não conseguia pensar em nada que não fosse o pau dele. Durante cada segundo do expediente, ela mantinha plena consciência de que o pau dele estava lá, ao alcance do braço, da mão, do que mais fosse. Era que nem, sei lá, ser lembrada o tempo todo de que ele era bicho macho, de que ele tinha o que era preciso para o sexo ali, pertinho, tão pertinho que saía dele, mesmo, e já penetrava nela mesmo que pelas narinas. Pelos poros.
Foi uma semana, só, de asco e depois virou obsessão. Ou melhor era ser claro e dizer: tesão. Não chegava e nem podia
Chegar a ser paixão. Mas era algo perto, que é a perda da razão. Hormônios, talvez, feromônios ou seja lá como chamam essas coisas que se vendem na internet e que de repente podiam ser substituídas por um cheiro forte não de pinto, mas de hombridade, de masculinidade. Nada a ver, também, com sexismo, mas com algo muito anterior e mais inocente do que isso.
Ele chegava e, junto com o cheiro, vinham a ela as imagens que ela imaginava do pau dele, sempre grande e suado, sempre pós-coito, os fluidos dele e dela (sim, dela) escorridos all along, os cheiros agora misturados.
Um dia, quando não dava mais, ela esperou ele levantar, ir até o banheiro e foi também, ligando pouco para alguém que estivesse vendo. Fechou a cabine e os dois ali, ele meio assustado, mas não disse nada enquanto ela tirou sua camisa (a dela) e sua calça (a dele) e agarrou aquela cueca de cheiro forte, que ela esperava suada.
E aí, aquele tamanho médio, aquela limpeza toda, a decepção de uma foda normal, ainda com o desconforto e o aperto da cabine do banheiro.

20100825

Na Câmara Federal, uma longa discussão

O sr. Eloy Chaves - Devia e era conveniente que no momento (o requerimento) fosse rejeitado.
O sr. Adolfo Bergamini - Como o foi.
O sr. Raul de Faria - Inconveniente por quê?
O sr. Eloy Chaves - (...) porque toda e qualquer discussão perturbaria os acontecimentos.
O sr. Adolfo Bergamini - Ora, essa! Então o estudo em torno da moléstia prejudica o doente?
O sr. Carvalhal Pinto - A exploração prejudicaria.
O sr. Hugo Napoleão - 3.005!
O sr. Adolfo Bergamini - De modo que só os benefícios são particulares de São Paulo e os malefícios são gerais, do resto do país.
O sr. Eloy Chaves - Os benefícios não são só de São Paulo, mas do Brasil inteiro.
O sr. Raul de Faria - Os sacrifícios são da nação inteira.
O sr. Adolfo Bergamini - Foi o preço eleitoral do café, fixado pela política paulista, que determinou esse fracasso, esse erro, pelo qual estão pagando quarenta milhões de brasileiros.
O sr. Eloy Chaves - Pagando em quê? No beiço?
O sr. Adolfo Bergamini - Não, na algibeira.
O sr. Eloy Chaves - Só o povo de São Paulo tem suportado o sacrifício.
O sr. Adolfo Bergamini - Não apoiado; são quarenta milhões de almas que sofrem os desmandos políticos de uma oligarquia nefasta.
O sr. Presidente - Atenção! Peço aos nobres deputados que permitam ao orador prosseguir em suas considerações.
O sr. Manoel Villaboim - A prosperidade de São Paulo é que dói aos apartistas...
O sr. Adolfo Bergamini - A prosperidade de São Paulo causa orgulho a todos nós...
O sr. Eloy Chaves - Mas não parece, às vezes.
O sr. Bergamini - ... como causará a do Amazonas, a de Minas ou a de qualquer outro Estado, porque todos somos brasileiros. Por isso mesmo é que dóem, nos acabrunham, os inconvenientes e malefícios decorrentes de uma política que se acha em contradição com o sentimento nacional.
O sr. Eloy Chaves - Essa política é a de V. Excia., não a de São Paulo, que trabalha e produz.
O sr. Bergamini - É a de São Paulo, que trabalha e produz, mas tem em seu seio uma oligarquia que contraria os sentimentos dos próprios paulistas.
O sr. Joviniano de Castro - V. Excia. é apaixonado (Soam os tímpanos).
O sr. Presidente - Atenção! Está com a palavra o sr. José Bonifácio.
O sr. Villaboim - Se há essa oligarquia, ela é constituída por verdadeiros brasileiros amantes de sua pátria.
O sr. Raul de Faria - A verdade é que todos os Estados trabalham e produzem, na medida de suas forças.
O sr. Cardoso sde Almeida - São Paulo sacrifica-se em benefício de todos os outros Estados. (Não apoiados veementes da minoria; o sr. Presidente pede atenção.) Tem contraído todos os empréstimos com sacrifício, ao passo que Minas nada faz na defesa do café.
O sr. Raul de Faria - Não apoiado. As sugestões de Minas não foram sequer consideradas para adotar-se política errônea.
O sr. Américo Barreto - Minas não faz o menor sacrifício. (Continua a troca de apartes, estabelecendo-se o tumulto. O sr. Presidente faz soar os tímpanos, pedindo reiteradamente atenção.)

20100421

Matemática

Tomemos x, x ∈ R.

x/0 = ∞ ⇔ 0x/0 = 0.∞ ⇔ x = 0.

Logo, qualquer número real é um produto entre zero e o infinito.

20100313

Маленкие Боги

Я думаю, что когда мы ещё маленкие (не на размере, но не на возрасте тоже), мы это делаем, так, смотреть какие-то люди которые могут быть нашего отца или нашой мамы или убийствых "мамон" и думать, что они только это мы смотрим (который - что мы хотим видить), что они - образ мы них делаем. Я думал, что расти был когда ты понимать они странствовают, что они делают вещи которые ты тоже делает и не хочешь они знают, и так, а не знаю, что они применяли наркотики, ебали с незнакомецом, или худшо, разочаровывали кого-то. Расти - когда ты понимаешь что это не имеет значения.

20100226

Humor branco

A guy is in an airplane and sees his friend Jack. He greets him and there's panic. Why?





















































He says "Hi Jack!".

20100221

Spring

Era uma bela vista. Sempre quisera parar por ali, sentar e admirar a paisagem. Nunca, porém, tivera a oportunidade - nunca até aquele dia. "Esqueceu-se" de todos os compromissos, ignorou os toques de sua entediante companheira e correu para o mirante, a fim de satisfazer sua tão reprimida vontade. Debruçou-se no parapeito e pôs-se a contemplar a angulosa paisagem, suas irritações sumindo por trás do horizonte junto do sol. Num pulo, sentou-se onde antes seus braços estavam apoiados; o livre - balançar de suas pernas, assim como os olhos fechados, muito contribuía no sucesso de sua pequena escapada. Estava, finalmente, relaxado.

"Vamos, coragem."

Abriu os olhos e voltou-se para trás: um senhor examinava-o, interessado. Mantinha-se longe, mas aproximava-se, lenta e senoidicamente. Sem entender a intenção daquela pessoa (e sem querer entendê-la), o rapaz cerrou os olhos novamente e voltou a esquecer-se no pôr-do-sol; custara muito a conseguir aquela fuga para deixar-se perturbar tão facilmente.

"Você consegue."

Olhou para trás novamente: o senhor parara. Perto dele, porém, começavam a juntar-se algumas pessoas. O senhor demonstrava grande interesse pelo rapaz; as pessoas, naturalmente curiosas, assistiam à cena.

"Vai lá!"

As pessoas assistiam a cena. O interesse espalhara-se; todos queriam estimular o rapaz – a quê, ele não sabia. Perplexo com toda aquela situação, voltou a olhar a paisagem. Mas era impossível ignorar o que acontecia atrás dele. A multidão crescia e aproximava-se; mais e mais pessoas encorajavam-no a fazer aquilo que esperavam que ele fizesse.

"Não me decepcione!"

Decepcionar? Em quê‽ O que querem que eu faça? Isso começava a assustá-lo. O rapaz girou o corpo, a fim de descer do parapeito. As pessoas, já bem próximas, mostraram um quê de irritação.

"Não vamos deixar que você desista!"

Estavam interessadas demais no rapaz, no que ele faria ou deixaria de fazer. O que significava aquilo, afinal? Aprende-se desde pequeno que não se deve mostrar interesse por estranhos – deve-se cuspir, esbarrar e desprezar. E, claro, desculpar-se depois, sorrindo. Mas devo estar fazendo algo muito certo para merecer isso: motivavam-no, aplaudiam-no, admiravam-no, apaixonadas.

"Nada disso, meu filho."

Mesmo entre toda aquela gente, o senhor realmente se destacava: tinha no rapaz um interesse especial, que não conseguia se definir entre carinho e compaixão, mas que chegava a ser até inspirador; olhava para ele como se olha para um namorado, ou para um doente terminal.

"Filho, sabemos como você se sente, como você teve de abrir mão de tudo, deixar tudo para trás para vir até aqui. Sabemos que você estava desesperado, e que não tinha escolha. Compartilhamos seu sentimento, e, se não estamos com você, é por covardia e não sabedoria. Mas não é por esse motivo que vamos deixar que você desista de fazer o que está aqui para fazer. Tudo de que você precisa é uma pequena força."

Agora, isso sim era um alívio. Não sei o que eles querem, e eles compartilham meu sentimento! O rapaz resolveu que era melhor tentar voltar-se para o que restava de pôr-do-sol e recuperar sua pequena escapada. Mas era impossível: apesar de seus esforços para ignorá-lo, o quê solidificara-se, estabelecera-se, ganhara força. As pessoas estavam determinadas a encorajar o rapaz até o fim, até que ele fizesse o que elas estavam ali para vê-lo fazer. Ao ver que ele talvez não o fizesse, elas enraiveceram-se. O senhor estava particularmente desapontado – tinha grande esperança no rapaz.

O rapaz estava, sem qualquer brilho de dúvida, condenado: ou fazia de vez o que queriam que ele fizesse, ou fazia de vez o que queriam que ele fizesse. Mas era improvável que ele descobrisse o que queriam dele; logo, seria forçado a fazê-lo. E nada jamais apagaria de sua memória a expectativarrevoltadecepção estampada no rosto daquelas pessoas.

Insinuo-me então no mirante, por entre a multidão, chego mais perto que o senhor, que começara o que ali acontecia; empurro o rapaz pelas costas, dou a ele a força de que precisava, e o livro de sua vergonha.

Aplausos.

20091220

Ум титуло

Иссо тем каха де русский, мас нао э.

лолшут.

20091217

Como nos contou Torecotawani

"Mas é difícil compreender, senhor", tentou Uiratã, "E eu sinto que não conseguiria compreender por completo como é possível inverter as relações de poder". Mestre Torecotawani pitou mais uma vez, riu afavelmente olhando Uiratã nos olhos, sacou seu Ruibardo de Plasma 3-D da Philips e iniciou a apresentação:

Numa floresta, o Lenhador Preocupado e o Pescador Honesto. Pescador Honesto fora eleito Chefe do Condado na tribuna há dois dias. A Festa da Pêra é sua responsabilidade. A Pereira De Ouro encontra-se duas verstas à frente. Dialogam:

LENHADOR: Tenho quatro maçãs e se quiseres pêras poderia conseguir algumas.

PESCADOR: Gosto de pêras.

LENHADOR: Eu poderia conseguir algumas, mas com quatro maçãs em minhas mãos seria muito difícil carregá-las.

PESCADOR: Gosto de maçãs - dê-me duas que eu as seguro ou mesmo as como enquanto buscas as pêras.

LENHADOR: Mas estas maçãs estão prometidas ao meu amigo Confeiteiro.

PESCADOR: Não tem problema, não as comerei, portanto.

LENHADOR: Mas e se não conseguires resistir à tentação?

PESCADOR: Darei um jeito de repor aquela perdida, pois.

LENHADOR: Se não resistires, a responsabilidade pela falta de uma maçã seria minha também, mas antes seria sua; teria que aplicar-lhe uma punição. Defino que a punição seria não conseguir pêras.

PESCADOR: Justo. Mas garanto não me descontrolar.

LENHADOR: Prometes o que não podes cumprir. Sendo assim, o melhor a fazer é simplesmente não ir atrás das pêras; economiza-se esforço assim e impede-se que uma das maçãs seja devorada. O senhor há de conseguir pêras em outras paragens.

Secretamente, o lenhador havia podado todas as demais árvores além da Pereira de Ouro.

20091113

Nu pogodi, caipira manquitola! (ou algo como um dia foi "krighabandolo", só que ao contrário.)

Na mala vazia (mas que mala, meudeus?) tem-se que colocar algumas roupas, por supuesto; roupas de calor, roupas confortáveis, roupas minhas, talvez até mesmo uma terrível sunga, quem sabe. Tem que pôr também... Livro? Baralho, jogo de dados, um caderno que eu não comprei e que por isso nem tenho. Câmera. Será? Bom, a velha tá emprestada, só pode ser a nova, mas encher uma reflex de areia, sei não... E a teleobjetiva pra brincar de zoom, será que eu levo ou não? Ah, mas vai ser mesmo mais do mesmo, a mesma galera tudo de novo, além do quê vai chover pro diabo. Supérbe, todo mundo jogando baralho no apê durante o fim de semana. Opa! Roupa de cama e toalha, isso não posso esquecer! Bom, nem isso nem o protetor solar e o juízo. Porra, juízo, se eu tivesse juízo eu não ia acordar às 5 da manhã pra pegar um ônibus pra ir pro metrô pra pegar um ônibus na puta que pariu da Jabaquara. Pra ir pruma praia. Ai, cacete, que vida que é essa? A mala vai ter que ser maior que a minha mochila de sempre, pois.

Acho que vou aproveitar e levar umas caixinhas de som pro meu iPod, isso seria legal, sim. E o carregador.

Cueca. Não tenho nenhuma cueca limpa... Bom, acho que uma só já é o suficiente. Bermuda também, todas as duas. E meia? Meia eu não tenho nunca, precisava era comprar. Mas também que cazzo eu vou ficar de meia na praia, só enchendo o pé daquela areia nojenta. Isso se rolar de ficar na areia. Ai, que preguiça disso tudo... Bem que eu podia ser uma dessas pessoas legais que se empolgam, acho que a vida ia ser mais bonita.

Mas no fim, no fim, o que importa é a convivência e a juventude. Depois que eu morrer cedo, bom, aí não tem mais volta, né.

Que se foda esse mundo.

Vida familiar : )

Ana Carol disse...

Realmente funciona...o papel aluminio nao faísca, não tem perigo...meu marido não queria deixar eu tentar, mas depois resolvemos ver no que dava...
Valeu pela dica!!!

20090906

Eu tinha vinte e sete anos

quando conheci Douglas em uma reunião da minha empresa com alguns clientes. Ele era mais novo e gostava de música clássica e enfiou a mão dentro da minha saia enquanto acariciava minhas coxas no restaurante japonês.
Passamos vinte e dois dias perfeitos naquele julho, e foi num sábado que marcamos um churrasco no térreo do prédio dele. Eu estava falando com umas amigas sobre qualquer coisa, mas fui buscar uma caipirinha e ouvi ele comentar sobre política com uns colegas de trabalho. Foi quando eu descobri que ele votava no Partido Amarelo.
Durante dezenove anos, nós ficamos juntos – eu sempre tentando evitar assuntos relacionados à política quando estava com ele. Uma hora, simplesmente não deu mais.