20100629

20100628

Argumento de pássaros.

Montanha de ovos onde uma velha banda de pássaros. A visão dura menos de um segundo no ocaso; não se contam os pássaros que vi. Era definido ou indefinido o número ao sul? É o problema do invólucro de Dois. Se Dois existem, o número é definido, porque se contam Dois pássaros que vi. Se Dois não existem, o número é indefinido, porque nado para lavar as contas. Em tal caso, vi menos de dez pássaros (digamos) onde um era mal; cachorros, não vi nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três dos pássaros. Vi um número entre dez onde um, que não é nove, oito, sete, seis, cinco, etcétera. Esse número num enterro inconcebível, me levanto, Dois existem.

[Jorge Luís Borges, "O Ás de Ouros", 1960]

A nossa REPÚBLICA agora tem um novo prêmio:

OMNIKINO1.

OMNIKINO I: Tadeu assassinado from Luis Felipe Labaki on Vimeo.

UMA COISA

Eu queria escrever um texto, um texto pra você que você pudesse ler e falar "caramba, ele tá falando comigo, COMIGO!" ou então se borrar toda, sei lá. Passei a noite inteira escrevendo, então espero que você pelo menos goste:

R atira em uma pomba; erra.
M diz que o segredo é relaxar o braço e firmar o pulso; M acerta uma pomba em cheio, que cai em cima de um telhado/lage.
R diz que não vê muito sentido naquilo; erra de novo.
M diz que é por isso que ele não acerta.
###
Duas bicicletas passam correndo pela ponte e pegam a estrada no meio de caminhões, carros vindo do litoral, um rio, mato, muita fumaça. Eles param perto de uma cidade, ela atira água no rosto, a água escorre pelo pescoço, molha a camisa e ali por dentro. Ele diz tchau e volta correndo, antes que desmaiasse feito um idiota. Idiota!
###
A casa quieta, o pai fora atrás de peixe, ele entra suado atrás de uma laranjada. Sininhos; ele se vira, ELA atrás dele, enrolada em uma toalha e bebendo um chá muito esquisito.
R pede desculpas, gagueja.
C oferece a chávena muito esquisita.
R aproxima uma caneca, C enche com o chá sem parar de olhar pra ele;
R não olha pra cima e agradece.

Você devia ficar mais em casa, na cozinha... Faz falta, sabia?
Ele não diz nada. Ela respira no ouvido dele, perto, DENTRO...

Você é especial...

Ele olha e ela está longe, na sua frente, nada dentro dele, nada perto - dentro, quente...
Larga o chá e corre pro quarto.
Sorriso.

20100626

todas as coisas

O
FIM
DO
MUNDO

GRIP

Uma doença terrível leva o Homem a uma reflexão sem-fim sobre a condição humana.

Parte integrante do projeto LIFE IN A LUMIX.

20100623

O problema da mão-de-obra

A abolição da escravatura, à semelhança de uma "reforma agrária", não constitui per se nem destruição nem criação de riqueza. Constitui simplesmente uma redistribuição da propriedade dentro de uma coletividade. A aparente complexidade desse problema deriva de que a propriedade da força de trabalho, ao passar do senhor de escravos para o indivíduo, deixa de ser um ativo que figura numa contabilidade para constituir-se em simples virtualidade. Do ponto de vista econômico, o aspecto fundamental desse problema problema radica no tiop de repercussões que a redistribuição da propriedade terá na organização da produção, no aproveitamento dos fatores disponíveis, na distribuição da renda e na utilização final dessa renda.

À semelhança de uma reforma agrária, a abolição da escravatura teria de acarretar modificações na forma de organização da produção e no grau de utilização dos fatores. Com efeito, somente em condições muito especiais a abolição se limitaria a uma transformação formal dos escravos em assalariados. Em algumas ilhas das Antilhas inglesas, em que as terras já haviam sido totalmente ocupadas e os ex-escravos não dispunham de nenhuma possibilidade de emigrar, a abolição da escravatura assumiu esse aspecto de mudança formal, passando o escravo liberado a receber um salário monetário que estava fixado pelo nível de subsistência prevalecente, o qual por sua vez refletia as condições de vida dos antigos escravos. Nesse caso extremo, a redistribuição da "riqueza" não teria sido acompanhada de quaisquer modificações na organização da produção ou na distribuição da renda. O caso extremo oposto seria aquele em que a oferta de terra fosse totalmente elástica: os escravos, uma vez libertados, tenderiam, então, a abandonar as antigas plantações e dedicar-se à agricultura de subsistência. Neste caso, as modificações na organização da produção seriam enormes, baixando o grau de utilização dos fatores e a rentabilidade do sistema. Esse caso extremo, no entanto, não poderia concretizar-se, pois os empresários, vendo-se privados da mão-de-obra, tenderiam a oferecer salários elevados, retendo dessa forma parte dos ex-escravos. A consequência última seria, portanto, uma redistribuição da renda em favor da mão-de-obra.

Profit maximization and marginalism

If firms are strict profit maximizers, they will make decisions in a "marginal" way. The entrepreneur will perform the conceptual experiment of adjusting those variables that can be controlled until it is impossible to increase profits further. This involves, say, looking at the incremental, or "marginal," profit obtainable from producing one more unit of output, or at the additional profit available from hiring one more laborer. As long as this incremental profit is positive, the extra output will be produced or the extra laborer will be hired. When the incremental profit of an activity becomes zero, the entrepeneur has pushed that activity far enough, and it would not be profitable to go further. We will explore the consequences of this assumption by using increasingly sophisticated mathematics.

20100621

Meu Protesto Contra a Putaria Generalizada.


Filosofia histórica

O hot-dog revolucionário não pode ter só a salsicha da elite, precisa também do pão das massas. Mas ele só é bom se for comido por uma sociedade que venha a ter um infarto institucional.

Crítica Literária

Na "arte" produzida atualmente, parece ser uma constante o choque pelo choque e a falta de um propósito maior - a sensação de que "tudo vale", de que todas as piadas devem ser feitas, o cultivo da falta de sentido aparente e até mesmo da falta de sentido total. Palavras são jogadas ou arranjadas apenas para o escárnio - violência é reproduzida de maneira infantil - sexo é banalizado como o estupro dos vencidos. O novo método da arte é o zapear da tv - palavras jogadas no papel como imagens brilhantes, corvos. Diatribes. A única moda é o ridículo - tanto o seu quanto o outro. Tudo que poderia ser chamado de emoção é descartado e desprezado, depravado como piegas. Não há mais o estender da mão. Não há mais causa. Não há mais. E eu aqui sozinho, e vocês me deixando cair num abismo... sem encontrar uma palavra de sintonia, de catarse, em livro algum... não há mais, e só eu me importo...

Exproposição: Roteiro: Intróito

cansado, sujo, indignado, coberto de cicatrizes, agora diz:

GUILHERME: Nessa Rêpública, cada vez mais vemos nossa dessensibilização corroer a alma, sem nos importarmos com nada, sumindo aos poucos com cinismo e "coragem"... por isso aqui, com my diying breath, escancarado em um calabouço, eu suplico para que exerçam a criatividade e molequice pelas quais são conhecidos e, de um só fôlego, reproduzam imageticaoucinematogramente o que se diz...

cansado, sujo, indignado, coberto de cicatrizes, agora disse:

Dois homens sentados em um banco. Banco de praça. Um deles se levanta e, de maneira sutil, bate no outro. Com um guarda-chuva, arranca-lhe o olho.
Homem do Guarda Chuva: Eu não aguento mais! Que se explodam! Vão pra putaquepariu!
Ele se transforma, então, no presidente Obama. Tira as roupas e revela não ter genitais.
Obama: Eu não aguento mais! Que se explodam! Vão pra putaquepariu!
Uma bomba explode e tudo some, incluindo

cansado, sujo, indignado, coberto de cicatrizes, o nada dddissse:

só gostava quando mamãe ainda gostava de mim...

Viva a natureza, ê!



INFORMAÇÕES IMPORTANTES



http://www.youtube.com/watch?v=thhAMejENSo

20100620

Guia turístico para uma bela cidadezinha.

A melhor coisa pra se fazer assim que se chega na cidade é arrumar um par de rodas: as ruas planas, retas e com trânsito razoavelmente tranqüilo fazem da bicicleta uma das melhores pedidas.

Devidamente "motorizado", é hora de explorar!!!
Você pode começar dando uma passeada pela avenida principal, que é a Nove de Abril. Dali você conhece rapidamente o grosso da área comercial do centro, que é muito bem provida de óticas, salões de beleza e lojas de roupa (aos fãs de ar condicionado, a grande loja da Marisa é uma boa pedida).

Reconhecido o pedaço, é bacana passear pela margem do rio - sem atravessar a ponte ao final da avenida, que leva para a zona fabril. Existe uma pequena saída, ao lado do hospital, que leva para um caminho de cascalhos à beira do rio. Ali você adentra em um bairro residencial bastante simpático!

Para o almoço, o centro é bem suprido de buffets por quilo; o preço não varia muito, então vale escolher pela cara da comida mesmo. O preço médio dos quilos fica na casa dos R$20. A hora da siesta merece ser respeitada!

Bem alimentado, você pode terminar de explorar a margem do rio, pela Avenida Tiradentes, ou seguir a Nove de Abril até a parte sul da cidade. Um ponto obrigatório é a Igreja São Francisco de Assis, na Avenida Nossa Senhora da Lapa: ela é paralela à Nove de Abril, a partir do cruzamento com a Avenida Martins Fontes, bem fácil de chegar lá.

A partir daí, é só explorar!! A cidade é quase inteira com ruas retinhas, entrecortadas pelas avenidas, que você já conheceu. Então, é botar força nas canelas e sair desbravando essa linda pérola ao pé da nossa serra! :)

20100617

Dada a recente onda,

venho anunciar meu produto:

variação em fagote

“(...) a opressão impõe ao dominado limitações que vão além do espectro político (tanto a negação democrática mais direta quanto a manipulação ideológica definida pelos exemplos dominantes) e do óbvio alijamento que se dá pela influência esmagadora da cultura opressora – a condição de oprimido, até mesmo quando autoconsciente, é uma prisão exclusivista : o dominado se descobre dominado e passa a se definir por isso – é apenas oprimido, sua personalidade sendo suprimida ante um traço tão forte – e isso se reflete na arte “rebelde” dos dominados, sempre preocupada com sua condição, sempre voltada para si mesma em um solipsismo preocupante, sempre nervosamente ciente de sua situação desfavorável, nunca capaz da leveza (irresponsável, burguesa, alegre) inconsequente da arte dominante. Os oprimidos somos incapazes de sorrir.” Paulo Emílio Salles Gomes in “Êxodo


nunca na vida eu queria ser assim um moço pequeno e aleijado, não mesmo, queria ter perna-de-pau e ser pinóquio crescido, voando, elementar que nem carbono, fonte, fui passando pelo beco com os dedos cobertos de melaço - me chamo juca, sou esperto, pego duas moças pelo preço de uma; gêmeas, uma não sabe quem é a outra, escapo-já em tumtumtá - acusando crime: LADRÃO, assassino!, enfiei o braço na botija mas não sabia que tudo ficava tão feio, achei que era só uma moça-estátua-recipiente-de-felicidade, enfarto não é minha culpa...

CORO:

Veja só
o menino
que fugiu
da escola!
Pé-de-pato
sorridente
morre logo,
joga bola!

E Juca, agora, sem chance alguma de escapar - uma vida inteira de marginalidade resumida em um instante, decisivo, clássico, definidor, autocontido - fractal (um conceito que não sabemos entender; chegamos no máximo até a teoria dos fluidos ilustrada pelo carrossel holandês, no máximo, e a polícia cabisbaixa cercando o prédio olhando no relógio, 15h25, o Robinho já deve tar na quinta marcha, e aqui... Ele não existe mais, é só arquétipo e, droga, pera) agora sim, ele não existe mais, acuado em um barraco (se fosse desenvolvido (entre aspas, já que detroit ACABOU, ouviu, A-CA-BOU, a queda do império, agora só vivem ratos e astrólogos lá) seria uma fábrica abandonada - símbolo do quê, exatamente?, não sei) com uma bazuca, isso mesmo, BAZUCA nas mãos, ameaçando estourar tudo se não deixam sair, a rua vazia, ninguém




e aí, bumpaticurungudum, um salto temporal - o capitão major tenente olha o relógio e, nããããão!!!!, 17h40 já, uma gritalhada danada, na rua uma escola de samba chamada POVO, explodindo, balançando, logo Juca já sumiu, colorido, e vai votar esse ano, jájá todo mundo vota, eu sou assim, aqui, sambote, ê-ô-ê, eu

Queria falar sobre o que não bate mais no meu peito e o medo de
não, preciso explicar porque pensar numa solução já é
agora, só agora, murmuro sobre os gatos e as suas caudas
meu deus do céu eu

Os detetives John e Adolph nunca encontraram ninguém; "isso é passado, garoto, poeira de sonho" ----- não,!, num deserto sacando uma pistola e matando Cai-Sentado com fumaça mas não tem, não, eu ----- cambalhotando com voz-em-tudo rindo, Eu gosshtow dee voucêee, nossas mulheres, não, fiquem!!, fugindo pro abrigo agora

JOÃO: VEM VAGABUNDA
ELA: SUA.
beijo, sem pôr-do-sol.

NÃO DÁ MAIS, explodindo (mas não, explodir não é meu, não, pulando)


Juca segue dançando, ô danado, êêê.

20100614

JARDIM

Filme feito a quatro mãos, dissecando o Jardim que existe ao redor de uma faculdade.


Homenagem singela aos heróis mudos de nosso alredor.

[música - Almeida: Sala de Espera, por Luís Felipe Labaki]

da série República da Copa - Paraguai vs Itália (2º tempo)

O segundo tempo começou sem Buffon, que se afastou durante o intervalo devido a uma "contusão" (certamente no ego de molho pestto dele).

Os Azurras realmente chegaram com força na segunda metade do imbroglio, em especial com a entrada de um jogador argentino casca-grossa. O Paraguay perdeu o brilho, um feioso cometeu uma falta imbecil e tomou amarelo, manchando a performance da seleção.

E por falar em feioso, o gol de empate da Itália saiu! Lance de escanteio, no meio da fuzuarca o (na maior parte do jogo competentíssimo) goleiro paraguaio tentou tirar a bola mas errou o soco. Resultado: a bola bateu da perna de um carcamano que escorregava na banheira e entrou: GOL!!

Os italianos não quiseram deixar por aí, e apertaram firme o time paraguayo até o final do jogo. Os nossos compadres tentaram, mas não tiveram pique para mandar o jogo para a frente como deviam. Mesmo assim, continuaram a resistir bravamente.

Um jogo muito bom, bem jogado e bem rolado, com poucas manchas: a principal, talvez, tenha sido o juiz bunda-mole que fez vistas grossas às truculências do argentino da azurra, que mesmo com um cartão amarelo fresquinho nas costas mandou ver um lance criminoso por trás. O juiz não quis encrenca com os porpetonni e deixou os cartões agasalhados.
O paraguayo feioso também não se aquietou, cometendo outros atos que não combinavam com a fina arte que o Paraguay apresentou hoje.

Ao fim de tudo, um jogo difícil e bem jogado. Campo encharcado, grama voando pelos ares, jogadores voando junto - mas tudo dentro dos limites de um bom entrevero esportivo.

O resultado ficou em 1x1 (UM a UM), mas o jogo certamente distoou da pasmaceira que estamos vendo nesse início de Copa do Mundo. A Itália sentiu que vai precisar comer umas boas fogazzas pra fazer seu futebol se impôr.
Fico na torcida que o Paraguay encontre algum fôlego para seguir adiante em sua bela e heróica resistência; esperamos para ver como será sua partida contra a forte Eslováquia.

Ademais, fica um brinde ao bom futebol.

da série República na Copa - Paraguai x Itália (1º tempo)

UAU!
Que jogo, puta merda!

Os carcamanos jogaram um bolão no começo da partida, como era de se esperar da SELEÇÃO AUTAL-CAMPEÃ-DO-MUNDO. O paraguai começou mais que tímido, com seus passes de vida curta e sofrendo com os dribles trabalhados dos carcamanos. A chuva castigava, e os paraguayos caíam mais do que sei-lá-o-que. Mas passou.

Os guayos cresceram com força na metade do primeiro tempo, roubando a bola com raça e graciosidade dos pés dos carcamanos safados. Uma coragem comovente empurrou a seleção branco-e-vermelha, que avançou com garra e FORÇA, uma força que só é capaz de brotar em solo americano, sem dúvida.
Os pizzaiolos começaram a jogar pesado, certamente enfurecidos pelo bailado guarani. Seus escanteios em série só faziam explodir pra fora na cabeça dos guayos, seus passes cheios de firula morriam todos em interceptações raçudas.

O jogo pesou, e a Itália marcou uma falta perigosa (duvidosa, talvez, mas acredito que necessária para manter o bom-nível do esporte). Paraguái cobrou com precisão, cabeçeou com graça e: GOL.


UM GOL LINDO!!!


Vamos ver como os guayos seguram a raiva carcamana nesse segundo tempo... Mas só a cara de panetone murcho do técnico italiano já fez valer o jogo.

20100612

lá-mentar.

a necessidade infinita de reagir.
a performance agora, já.
a misericórdia maligna de Javé.
a pessoa, um, eu.
a abertura apertada avião - assimétrico.
a maneira de existir então.
a choradeira de um homem crescido.
a angústia gulosa de mamãe.
a verdade.
a percepção inadulterada refletida nos óculos.
a perna trançada em hipotenusa.
a maneira de agir; nunca.
a você, nós.


inoportuno, deito-me, recolho-me, planejo par'amanhã - nisso consisto.

20100610

O TAMANHO DO PAU NÃO IMPORTA

SE VOCÊ NÃO COME NINGUÉM