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20090309

Ele talvez seja

um romântico às antigas, um milionário generoso, um deus na cama, um idiota com um celular. Ele é o cara mais sortudo do mundo. Ela é ela, linda e apaixonada e ele não importa. (Mário de Andrade já diria. Diria, nada! Na verdade, disse, mas não foi assim; não foi bonito.)
E eles vão até o aeroporto no meio do dia e tudo está assim normal, as pessoas turistas, executivas etc. Exceto que ela chega na esteira rolante e se agacha e lança um sorriso alegre-envergonhado e ele filmando tudo. Ela fala alguma coisa e talvez tenha dúvidas quanto ao que está fazendo, mas ela não pode parar agora porque isso é muito mais importante do que ela ou ele ou eles.
Ela tira a camisa e depois a saia e a esteira continua e as pessoas que passam! e ela corre até outra esteira quando a primeira acaba e ele corre atrás e ela tira o resto e se esconde com um braço, mas qual o sentido de se esconder?, então ela se abre e se expõe e ela não se despiu somente das roupas naquela tarde em Kyushu.

O vídeo não poderia não ter ido parar na internet e talvez ela saiba ou consinta, mas também isso não importa.

20090221

Vida e obra de Andréia "Patsy" Vilermierskaia

Jogando os chocolates com força nas coxas e rasgando as roupas de Mateus, Andréia viveu até vinte e dois anos. Dos vinte e cinco aos trinta e um (entre 22 e 25 houve uma pausa forçada), recitou e.e. cummings para os faxineiros e foi chamada de elitista pela síndica Dora. Quando, durante quatro meses em 1993 (portanto, aos trinta e cinco), depois de visitas semanais complementadas por peças de Maiakovski, Dora se tornou Dorinha, Andréia virou genial pra burro. Resolveu ela mesma escrever um poema aos cinqüenta anos e fez de tudo para morrer como conseqüência da condição maldita do escritor; Mateus lhe deu um tapa, foi-se embora e ela se viu ainda mais saudável.

Entre sessenta e setenta, retomou o hábito dos chocolates, suspirando a cada Chokito pelo poema tuberculoso que lhe faltara. Com 74, confiando em sua sina amaldiçoada, preencheu páginas e páginas com


O PASSAGEIRO

INSTANTE
DO PASSA GEIRO


PASSA, GENTE, PASSA
FOSTE Belo
sequóia és. ramo brotinho salada de chuchu e pavê holandês

ai, que me dói o coração
sentir esse calor
quando com esse fulgor
faço anotação
caramanchão, meu pão!

Descobriu que era péssima depois do veredicto de Dorinha. Quis morrer e não se foi, “oh, crueldade do Destino” foi o que pronunciou no ano novo de 2039. Aprendeu a assobiar e estudou plantas diversas. Morreu em visita à Dinamarca, de causas desconhecidas, sem completar a nova coleção Grandes Clássicos Folha de S. Paulo, aos oitenta e seis anos.