Mostrando postagens com marcador ensinamentos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ensinamentos. Mostrar todas as postagens

20130308

Ram-Tsa-Ka VI


  Um antigo vidraceiro procurou Ram-Tsa-Ka na Planície dos Oásis, onde ele reformava estofados, dava conselhos e, mais recentemente, estudava carpintaria.
- Eu quero uma cadeira.
- Posso fazê-la.
- Quero uma cadeira que tenha todo o conforto que há no mundo.
- Deverá ser uma cadeira de balanço.
- Tenho medo de cair para trás.
- Isso não acontecerá.
- Muito obrigado.
  Ram-Tsa-Ka fez uma cadeira que continha todo o conforto do mundo. Onze horas passadas desde o primeiro encontro, ele mandou que buscassem o vidraceiro.
- Mas já?
  O vidraceiro, por ter pedido uma cadeira tão singular, não esperava reencontrar Ram-Tsa-Ka tão cedo. Ao chegar, hesitou alguns instantes, observou a obra do carpinteiro com atenção especial e se acomodou nela com bastante solenidade.
  Ele se remexeu, ajeitou-se e assim permaneceu por uma hora. Então começou a sentir dores na coluna.
- Fui enganado! – ele disse, levantando-se de supetão.
  Com a ajuda de um velho conhecido que o acompanhara, o vidraceiro agarrou Ram-Tsa-Ka e balançou-o com força.
- É isso que você chama de “todo o conforto”? Salafrário!
  Ram-Tsa-Ka foi largado na areia quente e os visitantes começaram a se afastar.
- Nunca disse que há tanto conforto assim no mundo – disse ele, recolhendo suas ferramentas.



20121016

Ram-Tsa-Ka V







Ram-Tsa-Ka passou a dar conselhos por trocados e a reformar estofados na Planície dos Oásis, um lugar com tantos oásis que oásis ali era um canto com um punhadinho de areia e só.

O comerciante Goroiêj se mostrou um bom cliente, porque tanto refez o forro de sete almofadas quanto pagou por dois conselhos: o primeiro, pedido no momento em que decidia se deveria ou não reformar também mais três fronhas; o segundo, a ser enunciado na retirada dos estofados.

E bem neste dia, ele camelou até Ram-Tsa-Ka.

- Belos forros.
- Eu sei – respondeu Ram-Tsa-Ka.
- Hoje vi um pinheiro crescendo ao lado de uma palmeira. Quer dizer que seremos a Europa?
- Não.

Goroiêj agradeceu, pagou e prometeu trazer as três fronhas em breve.

20100803

Cupér

and so "y" is the most important for a place,
the pace of the walk which has then become a grey
and belly-flopping-50-year-old journey to
get rid of fat the quickly as then it can.

il-y-a but (af
ter joe, the belly-bearer got through the street
marching on sneakers and Ipod)
and i saw and heard the so-said
[eeee ] "y"

which was not what I
thought it should give me
(not the place, or the grammar-bid
understanding
nor the russian prep
for 'having')

il-y-a...?

"yail" came to me better for the ear
as clever as university,
but that would not make it clear
for then for her for that it had
not a meaning.
and i looked into her eyes
when there was not another Joe with sneakers
nor a Tobey running on sweaters

and Jeanette french-smiled-sadness
to me
for there was,
but something else as hard as
" c'est une fosse...
ma vie"
and further I just did not translate and just smiled-joker
with a floppy-poppy hooray-for-the-grey as
andrew decided to stay there in the road
checking the heartbeats in stopwatch

as she 'zhtonbrass' and sad raineyed action
there was not a fraction
of something i could make as
different as enchanting song française
and the sneakers of
le coq sportif got into it
got into it the motion
with no care for the heureussong
I was on and

zut, got on my nike and went for Louisiana.

20090706

A Preparação para a Festa da Cornucópia

Felipe era um dragão muito feliz. Mas ele andava cabisbaixo nos dias anteriores à sua Festa da Cornucópia (em que ele ganharia seus chifres definitivos, esmaltados) porque sua barriga roxa-roxa andava meio esverdeada.

- É o cocô, Felipe?
- Não, acho que é mais os gases!

Na fase da vida em que Felipe se encontrava, alterações no corpo eram esperadas, mas não assim com essa velocidade toda. Imaginem! O intestino começando a funcionar direito (e por isso a barriga ficando meio esverdeada durante alguns dias) e a Festa da Cornucópia, tudo na mesma semana. Não era por pouco que Felipe andava atordoado!

Mas na véspera da Festa ele encontrou um sábio tartarugo-enciclopédico que de vez em quando aparecia nas redondezas para estimular todos com seus infinitos conhecimentos. Felipe se aprumou para tentar conseguir algum conselho do tão respeitado visitante, já que há momentos na vida em que tudo o que precisamos é de alguma explicação pelo menos aparentemente racional para tudo que acontece.

- Tartarugo-enciclopédico, tira-me a dúvida! – gritava um gordo,
- Eu vou ser sempre pequeno?! – perguntava o porquinho-da-índia;
- Por que nunca os meus cílios crescem como eu quero? – choramingou a dragonina Odete.

E eis que era um dia estranho para o tartarugo-enciclopédico. Sem dúvida ele apresentara-se ao vilarejo para responder a quantas dúvidas pudessem ser respondidas em um dia, como era de praxe, mas a jornada o havia deixado muito cansado...

- Quedê o tartarugo?
- Está dentro de seu casco!

E não havia ninguém-ninguém que conseguisse tirar o tartarugo-enciclopédico de seu casco. Era um sono daqueles!
Felipe sentiu-se oprimido pelo mundo, com uma sensação muito ruim e vontade de chorar. É assim que nos sentimos quando tudo parece sem sentido e quando quem poderia nos dar a mão na verdade esconde-a atrás de mangas longas demais! O que ele poderia fazer? Perdendo um pouco a sua compostura natural, ele desabou-se sentando no chão, ali mesmo de costas para o casco do tartarugo-enciclopédico. Afinal, ele estava dentro do casco, não ia ver mesmo, não ia achar uma falta de respeito.

O gordo, a dragonita Odete, o porquinho-da-índia, o cigano e o mainá que estavam ali em volta acharam muito estranha a atitude de Felipe e reprovaram-na. Um disse que era coisa de pivete, outra que ele deveria ter vergonha, e só o cigano ficou calado. Felipe não agüentou e começou a chorar. Foi como uma chave girando-se para descarregar todas as aflições dessa semana!

Mas essa chave acabou liberando mais algumas coisas...ali sentado, Felipe fez um pum bem alto e cheiroso na frente do tartarugo-enciclopédico, que acordou reclamando e deu rapidinho dois passos para o lado. Só que o tartarugo sempre foi boa gente e, vendo a tristeza nos olhos de Felipe, logo o perdoou e disse que poderia perguntar o que quisesse.

Felipe se sentiu muito mais leve vendo uma alma boa e, recompondo-se, procurou lembrar o que queria perguntar para o tartarugo-enciclopédico naquela tarde. Mas antes parou para refletir sobre o acontecido e percebeu que foi graças às recentes mudanças de seu corpo que todos puderam novamente desfrutar da companhia do tartarugo-enciclopédico.
Riu-se sozinho, sentiu-se muito melhor e agradeceu o estimado visitante. Mas já não havia mais dúvidas: Felipe estava pronto para tornar-se gente grande.