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20140410



ora, vocês se enganaram, dizia Eva, insistentemente.

mas Jesus não ligava muito pro que estava pra acontecer; saindo dali, tiraria umas boas férias e só queria saber de terminar logo o expediente. repetia os gestos ensaiados cuidadosamente, como uma valsa de mecânica quântica. qualquer passo em falso e ele já era.
já o Adão, pobre coitado, acordou no dia seguinte e não entendeu nada. 
como se não fosse o bastante, ainda ficou três semanas sem conseguir jogar futebol.


20130919

new meaning to old words


a scroll's
a recipient of great truth
from past times

we are still scrolling
and hoping to find something new

spoiler alert:
we won't
as we're wont
to scroll past
any future achievements

20130311

Dos filhos que não vingaram (ainda)


Primeiro, saiu o umbigo; depois o pé esquerdo; depois as nádegas; depois a jugular. Mas braço, perna e cabeça que é bom, entalaram todos lá no útero.


20120709

the amazing spider-man

assisti ao 'espetacular homem-aranha' / gostei /
tem algumas coisas toscas e bestas, mas gosto do
nerd-cool-gatinho com a gwen stacy mais-legal-qu
e-a-mary-jane / em geral, um filme bonito // no
mesmo dia, revi o original, de 2002 / foi um fil
me que marcou minha infância / fiquei surpreso,
é muito ruim

20110713

Um rascunho

(Como o Quadrinhos Rasos não aceita sugestões, resolvi esboçar uma ideiazinha. Preguiçoso e medroso de fazer os desenhos eu-mesmo, roubei-os todos do Daniloz, quadrinista da Folha, da FAU e deste blogue. Infelizmente, embora tenha, por alguma razão, colocado um banner dizendo que não tem banners no blog, o Daniloz não explicitou sob que termos são disponibilizados seus desenhos e textos. Como acreditamos na LIBERDADE ACIMA DE TUDO, resolvi que isso não seria empecilho desde que ele não fique sabendo desde que meu uso seja justo. A baixa qualidade decorre da minha inépcia, e não, de jeito nenhum, das fontes em que bebi.)



20110508

exercícios respiratórios.

pare de respirar
só um pouco
só 15 minutos da sua atenção
procure e ache um ponto escuro atrás de sua orelha
(feche os olhos e procure bem, ali está)
isto é
balance seus pés e perceba no ar o frescor de não respirar
sensibilidade

sensibilidade sem castração
cante os versos mais importantes
(não busque ar em seus pulmões, projete o volume do ambiente)
isto é
sinta-se um pouco em casa
apertadíssim(a)
o chão, a cadeira, o sofá

Inspire.

20110414

impossibilidade de liberdade via naldecon

Estreando uma cartela de Naldecon Noite
(e pra provar um ponto)
eu peguei um comprimido amarelo e quis pegar um laranja que não fosse
diametralmente
simetricamente
oposto àquele (e toda a minha tentativa de dar álea de repente foi a coisa mais pensada do mundo
(e muito mais pensada que só tomar um comprimido)
)
e como eram só quatro
pra cá e quatro pra lá
eu fui escolhendo um a um
como quem
aperta enter às vezes ao escrever um texto
(só que ao contrário)
mas ninguém viu
e se alguém olhar agora
(ninguém vai)
(mas se alguém)
vai ver uma cartela
quatro pra cá
quatro pra cá
e todos usados
todos
e seus diametralmente
simetricamente
opostos

20110412

[reciclagem] viagem no tempo

(pausa) a gente já está indo.
não, tudo bem. o que você queria?
um lugar?
não, acho que não. que lugar?
bom, na verdade, aqui mesmo. mas daqui a cinquenta, oitenta, daqui a cem anos.
sério?
sério.
ah, nossa, o que foi?
é, tipo, uma viagem no tempo.
o quê?
bom, eu precisava falar com você. sozinhos.
é. se não tiver problema.
é que... eu queria que você fosse comigo pra... um lugar.
e... como a gente iria?
obrigada por ter vindo.

20110304

Mezzo a mezzo (a hora do chá)

Olha, você sabe que eu me surpreendi com isso tudo? Com o quanto não é diferente? Ela se virou sem saber se entendia ou não e tornando necessária a complementação: sabe? As salas, o banheiro, tudo é... direito. Eu achava, assim, que seria meio velho, sujo, sei lá. Boa surpresa com a FFLCH.

Embora seja um hábito talvez de fraqueza ou limitação imaginativa, trazer elementos do cotidiano para um texto é a melhor forma de evidenciar a relação dúbia entre vida e literatura: usa-se aquela como instrumento desta e esta como instrumento daquela.

Ela me chamou de besta e fomos embora; estava fazendo frio e chovendo, mas a proximidade aquecia, fazia bem. Não é muito, claro, dividir um guarda-chuva, oferecer um doce, compartilhar um segredo, mas quando se está lá, fingindo que o que se quer é fugir da chuva ou ser legal ou desabafar, nessas horas é que se percebe o quanto pesam essas coisas todas.

É difícil, às vezes, usar a primeira pessoa, mas é nessas horas que ela é mais bem-vinda. Pode parecer bobagem, não sei se parece, acho que sim, mas esse tipo de escolha me soa sempre muito mais relevante do que uma questão de concordância. A primeira pessoa sou eu e ela é importante, às vezes, pra mostrar que sou sempre eu, embora nunca seja – se eu não consigo explicar, é melhor ainda.

Andando tão perto, talvez seja natural sincronizar os passos, mas eu não posso deixar de pensar nisso como algo importante. A dança para pular as poças de água e evitar as partes mais acidentadas do calçadão é tão bela quanto qualquer outra e a gente tendo que ficar perto assim, pra aproveitar o guarda-chuva – algum dia eu vou lembrar disso como nosso primeiro tango?

Eu escrevo, portanto, na primeira pessoa, e isso significa o mundo para mim, porque me força a acreditar em tudo. Mas o leitor também receberá o texto assim, em primeira pessoa, e também ele será forçado a acreditar. Não é apenas uma ligação autor-obra-público, mas um compromisso mais importante: eu sou o narrador e o leitor também o é. Nós dois contamos a história e somos a mesma pessoa.

As escadas e as risadas, todas acabam e nós ficamos aqui, entre a calçada e a rua, entre um ponto de ônibus e meu carro estacionado no bolsão. Nós paramos sabendo que ali era a hora de ruptura, de separação e eu achei que ela também não queria aquilo. Seria idiota sugerir uma carona. Seria? Você vai pra lá, não?, ela disse. Não, não. Hoje eu estou de ônibus, menti.

E no entanto, não é a mesma história, não é a mesma pessoa. Se fosse, talvez eu não precisasse estar aqui, me justificando, me esforçando tanto pra que você acredite sem, no entanto, acreditar. Se fosse, talvez eu nem precisasse mentir que minto.

Metade de mim ficou meia hora esperando no ponto com mais cem ou mil outras pessoas, torcendo para o ônibus dela chegar antes pra eu poder ir correndo pro estacionamento, ao invés de ter que entrar num ônibus, pagar os três reais do Kassab e descer logo pra voltar andando no escuro da USP até meu carro. A outra metade estava sozinha com ela e torcia para seu ônibus não chegar nunca, para aquilo demorar pra sempre.

A banalidade das nossas ações cotidianas é o campo mais fértil e perigoso da ficção e é por isso que não serve completamente aos meus propósitos. Algum dia, as outras pessoas verão que os livros de memória não merecem maior crédito do que os de fantasia medieval. Acho que entendo onde a ideia de metaverdade falha: ela sugere que a ficção seja entendida como algo que verse sobre a verdade (ainda que o faça com verdades) ou como algo que à verdade remeta. Não é assim; é verdade, só, como qualquer outra. Antes de assassinar tudo o que eu fiz até aqui (em prol da verdade!), lanço um último alento para que o plot twist não seja visto como uma surpresa planejada ou uma fuga da tal banalidade ou como algo de que deveria emergir uma reflexão moral qualquer. É só verdade.

Meu ônibus chegou primeiro. O tiau foi um beijo na bochecha morno e minha cabeça se enchendo de dúvidas e de serás. No fim, fui de ônibus o caminho todo e só desci quase já em casa. O carro que se danasse e o motorista me poupou os três reais porque meninas bonitas devem descer sempre pela frente.

20110104

provocação a henrique: em busca de um TCC (SPOILERS)

Brainstorm de uma pessoa só, em busca de um projeto que fundamente a imersão necessária para que exista (um projeto que seja de fato um projeto).
O que significa, para que fazer, qual fazer, como fazer . . . ficção ! ! !
Então você tem um garoto e uma garota e talvez Cubatão, talvez mesmo são Paulo, ele está lá e é chato e ele se debaixo da ponte e talvez fume um cigarro enrolado (qual idade? Qual idade?) ou talvez o inverso.
ELA enfrenta um carro-touro, o touro buzinamuge, ELA se esconde do carrotouro

Começa o filme: ela debaixo da ponte, suada, suja, arfante, ela se prepara, talvez ponha bandagem no braço, algo assim. (“o que você faz?” “mato monstros” “que tipo de monstros?” “os que ninguém percebe, os cotidianos” “por quê?” “quero acabar com o mundo”) e ELA pisca e CORTAMOS
ELE acorda com ela a seu lado, pergunta “quem é você?” e ela “um anjo” “dos bons ou dos maus?” “acima e além” “você saiu da minha cabeça, né?” “sim” CORTAMOS
ELA espera, com cano na mão, o carrotouro que se aproxima. No meio da rua, escapase no último momento, desliza ao chão, enfim, fazse de toureira mas não o acerta, erra na escapada, levantase com esforzo, carro derrapacavalodepau, ela vai e se prepara pro salto e pula por cima do carro touro, acerta-lhe golpe certo, mas fincase a roupa em seus chifres. Fechamse os olhos.
“na verdade, saí de sua orelha” “eca ai, explicada minha coceira” “não é também motivo pra ficar bravo comigo” “não. . . e você veio e vai, assim?” “sim, coisas a fazer”
ELA golpeia, golpeia, golpeia o monstro. Abrelhe o teto, agarrase melhor, terminase de rasgar logo a parte da roupa, o carro faz todo tipo de coisas para livrarse, ela alcança a alavanca que abre o capô do carro, abre-a, sai fumaça, ela cai do carrotouro CORTAMOS
ELE está lá, debaixo da ponte, dormedescança, fuma um cigarro enrolado, sabe-se lá. Sozinho. CORTAMOS
ELA erguese com dificuldade e dá ainda mais um pulo direto em cima do carro e pula e BUM mão no MOTOR e arranca qualquer coisa uma peça coração o carrotouro sangra óleo e a situação é crítica, mesmo e ela leva uma pancadona e está no chão com o objeto na mão e AI como dói.
ELA, ele, como explicar que ele exista? Precisa mesmo existir? ELE cozinha alguma coisa pra ela e lhe diz “Coma bem, então, descansa antes de acabar com o mundo” e ELA sorri pra ele “Você sabe que nenhuma gentileza vai impedir meu plano, né?” ELE lhe sorri e enfia uma panqueca com morango em seu prato.
Talvez, enfim, talvez, uma fábrica e deitados vendo céu, sei lá, momento de feições? Silêncio. Ele pergunta num fim: “E você tá perto?” “Não sei, pode acontecer qualquer hora, cada monstro pode ser o último” “Quanta dramaticidade !” “Faz parte do ofício” “Anarquista de meiatigela” CORTAMOS
ELA retira uma faquinha de sua cintura e enfia-lhe no coração do carro em sua mão, o carrotouro urra. ELA insiste, desmanchase o coração em sua mão, o carrotouro morre.
O MUNDO NÃO ACABA.
Debaixo da ponte, ELA arruma suas bandagens, limpa suas coisas, arruma a roupa de algum jeito, enfim, mais uma vez. Braço quebrado? “E então, ainda estamos vivos?” “Sim, não foi dessa vez”.
FIM



nota: estão todos convidados a comentar e ajudar nesse filho estranho maluco improvável

20101216

facts diver, literatura de front(page): jornal do futuro

Silvio Santos é um senhor de idade avançada que atira aviõezinhos de dinheiro no meio das multidões para se divertir e divertir todo o mundo; não sei o que ele tem a ver com o Banco Panamericano e o Grande Calote (aliás, nem sei qual calote que é esse), mas logo deixo de prestar atenção e vejo ali num canto outro rosto conhecido e é o de um bom-moço, sem sombra de dúvidas, é BILLY BOLHA e ele diz que já soprou o canudo três vezes - perda de tempo, policiais, Will é um homem SÉRIO, pai-de-Família e cordial visitante de todas as noites Bresilafora, como podem sequer pensar que ele tomou alguma coisinha antes de pegar o volante? Ele não é como aquele outro, ali, com o carro bem no meio da lanchonete, que barbaridade... Bom, também é certo que pelo metrô é que não o encontrariam, ele que é um homem tão SÉRIO e OCUPADO, não tem condições de perder seu tempo valioso dando com a cara na porta das estações fechadas da linha Azul. Não ele.
Olá, Billy! Adeus, Billy! Espero que a "dança das cadeiras" não te aborreça, Billy!
E lá vai o Nenê preso, enfim. E lá vai o Assanger processado, HERÓI DE NOSSO TEMPO, e falam de conspiração - ha! ha! - os putos.
...
Pelo menos está mais quente que aqui, pena que chove tanto... Espero que meu vôo não atrase - mas eu também não posso me atrasar pro vôo, preciso voar!
(que com essa chuvarada a lentidão não vai ser mole, não)