20090730

Exercício: o aleatório racional

Muito bem, crianças, também quero criar um exercício.

Este se baseia na sapientíssima frase-de-Mirc, atribuída a Josh Billings: "A ViDa Não CoNsiste Em TeR BoAs CaRtAs Na Mão e Sim Em JoGaR BeM As Que Se Tem! S2"

Sendo a arte um reflexo da vida, exercitemos.

Exercício:
Criar um texto em qualquer formato utilizando-se somente de palavras geradas aleatoriamente.

Instruções:
Primeiro, deve-se estabelecer um número de palavras para o texto. Se possível, o número deve ser gerado aleatoriamente, mas caso não haja meios para tanto, será permitido que o próprio autor estabaleça o número que achar mais adequado.

Em seguida, deve-se obter o banco de palavras. Esse banco pode ser gerado de duas maneiras, a saber: utilizando-se a técnica de criação de um poema dadaísta (no entanto, o exercío é exatamente o contrário da proposta Dadá. Não confunda) ou abrindo o Wikitionary e clickando no link "página aleatória" tantas vezes quantas as palavras a serem utilizadas.

O autor, então, deverá anotar todas as palavras sorteadas para gerar seu banco e, com elas, criar seu texto. Pode ser prosa, poesia, pode ser uma peça ou um romance ou um conto, ou o que quer que seja, contanto que todas as palavras do banco sejam utilizadas e que não se use nenhuma outra palavra.

Pontuações podem ser incluídas ao gosto do autor e não se exige moderação.

20090727

Atividade_14: Rede de informações no novo milénio (ou: por A=B, B+C=A+C)



caminho:



[pesquisa realizada em parceria com il Signore Swordfishtombone.]

Último favor

Ela estava fazendo o melhor que podia, procurando tocá-lo. No ombro, no braço; ofereceu um almoço. Ele, quieto, não sei, indiferente. Os dois vinham andando na rua lado a lado, ela meio debruçada sobre ele e forçando um sorriso, ele com os braços cruzados atrás e olhando as lojas enquanto passava, olhando os livros em exposição em uma banca, olhando um carro de modelo diferente.
Você devia comer, ela disse que disse, talvez um yakisoba que sei que gosta, e parou diante de um dos carrinhos que preparavam na hora o macarrão oriental, mas logo se apressou, porque ele continuou andando. Vai fazer bem para o seu humor. Não, disse ele, e o sol do meio do dia esquentava ambos debaixo das roupas sociais. Eu consigo ver isso enquanto imagino os dois entrando no metrô para atravessar a avenida por baixo e enquanto penso no que significa trabalhar com a pessoa que ama.
Cinco horas depois, conforme ela me contou, eles entravam no mesmo metrô, ou então no estacionamento, porque só agora me ocorre que não perguntei esse detalhe, e estavam de novo lado a lado e ela lhe disse que tinha uma surpresa para o jantar e ainda que ela não tenha querido me contar qual foi a resposta que teve, eu adivinhei que mais tarde, na cama, ela choraria pensando naquilo.

Meia margherita, meia portuguesa. Um vinho tinto chileno, um tocador de acordeon. Oje vita, oje vita mia... Minha Nápoles e Roma, minha Milão e eu equilibrando berinjelas sobre o pão italiano e ela sorrindo triste quando tudo caía às minhas mordidas. Por que eu?
Ela falava, eu só ouvia, que era muito mais fácil continuar amando do que perceber o momento exato em que tudo havia acabado, que era uma injustiça jogar a culpa nos ombros de quem tinha o maior fardo, e eu assentia enquanto rodava a taça na mão e via o rosto dela através do vidro. Porque, ela dizia, também taça-rodeando, todo mundo precisa de... de alguma coisa, sabe? Pra pisar em cima. Eu sabia, acho que eu sabia.
Eu olhava o vermelho cambaleante no copo que ela agora estendia quase acusador, enquanto jogava o cabelo para trás, uma mão passada na testa e um pouco de sardella no canto esquerdo dos lábios pintados. Devo indicar a ela?, talvez estender o guardanapo?, talvez ficar quieto enquanto ela fala? Ela mesma limpa, logo suja de novo. Eu tomo meu vinho e espero minha pizza e penso na minha noite.
Sempre é difícil jantar com pessoas com quem eu não estou acostumado, e ela era irritantemente passiva, embora fosse dela a iniciativa; irritantemente recatada e resolvida a falar de seu marido, embora fosse dela a mão tocando a minha. Ela tinha feito uma surpresa para ele no jantar, mas agora era pizza e agora era eu.
Quando saímos, a noite estava fria. Ela veio pra junto de mim, talvez para se esquentar, e estava mais alegre, então comentávamos rindo das pessoas que passavam com seus cabelos roxos e suas meias calças escandalosas, ou seus vestidos góticos. Subimos a escadaria que levava à rua de trás enquanto um casal gay se divertia, ambos vestidos como noivas e nós fomos a pé, mesmo, para um bar onde uma banda tocava MPB.
Lá eu tentei mudar de assunto, interesses, hobbies, filmes favoritos. Ela respondia e só. Por que porra, eu pensava, ela me chama pra ficar falando do casamento frustrado? Depois de tanto tempo nos limitando a uns ois e boa noites ou a dividir os aparelhos da academia, por que ela me chamaria para sair se não quisesse mais do que lamentar a indiferença do marido? Ela se inclinava para mim, tocava meu braço e olhava nos meus olhos, mas quanto mais ela tentava se aproximar, mais longe dava para ver que ela estava. Pedi outra Original.

Eu nunca o trairia, ela me disse enquanto acenava para o garçom, pedindo mais uma sakerinha. É só que eu o amo demais. Ela parecia desconfortável ali no balcão, mas insistiu em não querer procurar uma mesa.
Agora, mais algumas horas haviam se passado e estávamos em uma boate e ela continuava falando do casamento, mas parecia completamente bêbada. Ela estava linda demais, e eu rodava meu copo vazio, brindando sozinho e em silêncio. Keep still, wait, until... Ela se virou e pôs um dedo na minha boca, eu sentia cheiro de morango e gosto de laranja, eu sentia a música ruim e a vodka, eu tenho certeza de que não teria feito nada se ela não tivesse me olhado chorando e se seu cabelo não fosse tão liso ao toque enquanto eu dizia que não, não, que ia ficar tudo bem.
Tunts tunts, a música batia e ela também, no meio dos meus braços e com o rosto no meu peito. Eu estava perdido no meio da noite, ciente demais das outras pessoas me olhando, ciente demais das lágrimas na minha camisa Armani, ciente demais da pouca importância que eu dava para tudo aquilo enquanto dizia que não era culpa dela, que ele era o culpado, e eu não percebia que quanto mais eu falava isso, mais ela chorava e se espremia contra mim. A sakerinha demorou muito mais do que devia, mas o álcool enfim veio como uma bem vinda fuga de suas complicações conjugais, e eu aproveitei o momento para puxá-la do balcão para a pista de dança.
O resto do tempo que passamos lá foram mais duas sakerinhas e três hi-fis. Ela pagou a parte dela, mas eu segurei a porta aberta enquanto saíamos para a noite, e quando eu pagava o manobrista, pensei que depois daquele abraço molhado, eu não teria como deixá-la ir.
A gente correu na chuva até o carro, rindo, e quando paramos num farol eu pensei que nada daquilo fazia muito sentido, nem eu nem ela nem o vermelho refletido no asfalto, e me lembro de ter cantado junto a música que ela escolheu no rádio. Minha Londres das neblinas finas...
O limpador do para-brisa rodava à toda, as luzes da avenida e dos prédios pareciam um sonho esquisito. Sempre gostei de dirigir de madrugada, de ver as ruas enfim vazias, e de repente tive a ideia de parar num Pão de Açúcar para tomar uma sopa com outras tantas pessoas, tantos cúmplices quando nos beijamos. Eram três e tanto da madrugada daquela quarta-feira e eu ainda sentia gosto de laranja e morango, por cima do caldo de feijão.

Nós, saindo do supermercado entrelaçados, e de novo no carro e depois indo para um motel. Enquanto ela escorregava a calcinha para o meio da canela, enquanto ela descia dos saltos altos e tirava o vestido preto ou enquanto me abraçava e me beijava, eu não reparei no momento em que ela fez a ligação. Quando prontos, porém, ela apertou o botão vermelho do celular e logo depois o aparelho começou a tocar. Eu ouvia gritos do outro lado e via ela chorando em silêncio. Ela tinha o rosto vermelho e encharcado, mas sorriu para mim e me agradeceu quando saiu sozinha do quarto, e aquela foi a última vez em que eu a vi.

20090723

Manual do Ciclista Moderno

1. Sempre amarre bem os seus cadarços.

2. Lave as mãos, no mínimo, de 20 em 20minutos.

3. Use roupas perceptivas - se possível, com listras.

4. Respire o mínimo possível.

5. Freqüente: zona oeste, carapicuíba, paraisópolis, parque do ibirapuera, grama.

6. Não freqüente: zona sol, belém, heliópolis, parque da aclimação, pedras.

7. Veja os caminhões. Como são bonitos.

8. Ontem eu não cheguei na hora e quando cheguei ela não estava mais lá, e

9. Movimento e transporte são as bases da sociedade pòscontemporânea: a vida constitui-se de fluidos constantemente em transação, e todos os canos são um só.

10. Use joelheiras e caneleiras; não necessariamente nessa ordem.

11. Seja homem - figurativa & literalmente.

12. Percorra distâncias grandes/pequenas o suficiente para que o uso seja razoável, vital, plausível & esteticamente aceitável i.e. desfacelamento corporal inerente ao esforço físico ou DCIEF.

13. Conserve bem seu pênis - ele tem direitos.

14. Escreva manuais: são excelentes fixadores de conteúdo e apenas assim você irá bem, entrará em uma boa escola, fará um bom curso, será um bom profissional e terá um bom futuro, e então suas perversões se tornarão excentricidades - graças a deus.

15. Seja um poeta.

20090722

Nós Somos Os Campeões

Eu paguei meus devidos
Tempo após tempo
Eu terminei minha frase
Mas não me empenhei em nenhum crime
E erros malvados
Eu fiz uma elite
Eu tive minhas ações de areia chutada na minha cara
Mas eu atravessei

Nós somos os campeões - meus amigos
E nós continuaremos a lutar 'té o fim
Nós somos os campeões, nós somos os campeões
Sem tempo para perdedores
'Rque nós somos os campeões - do mundo

Eu peguei meus arcos
E meus chamados de cortina
Você me trouxe fama e fortuna e tudo que vai com isso
Eu agradeço você todo
Mas não tem sido nenhuma cama de rosas
Nenhum cruzeiro do prazer (wat)
Eu considero isso um desafio antes da corrida humana completa
E eu num vô perder

Nós somos os campeões - meus amigos
E nós continuaremos a lutar 'té o fim
Nós somos os campeões, nós somos os campeões
Sem tempo para perdedores
'Rque nós somos os campeões - do mundo

20090720

Conselho concreto

Não justifique seu texto. ...................................................................................................................................
Isso cria lacunas, destruindo a liga necessária.......................................................................................................

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20090717

Atividade_13: Ordenança documental.

Buscando captação cineastas cinema como como da de de desenvolvidas desenvolvido direto do dos Drew; em Estados fatos foi foram fundamentalmente jornalistas, Life máximo na neutralidade nome nos O o o origem por possível. principal reportagem, repórterrevista Robert Suas técnicas técnicas tendo Unidos.

20090716

SONNET IN FIDELITY

SONNET IN FIDELITY

From all to my love will I attempt
Before, and so zealous, and always, and such
That even facing the biggest enchantouch
Should my thinking be more enchampt.

I want to live it in every moment vain
And in its praise shall I spread my chant
'N laugh me laughain' cry my crain
To your regret or your contant

And so, when you later look
Who knows? Death, livings' deathwill
Who knows? Solitude, lovings' end

I could say meself about love (mylove):
Not to be immortal, lest it's flame
Infinnite though 'till it lasts.


original: V. Moraes
tradução: Ricardo M.

20090713

superarquitetura

"Um bloco de pedra quadrado colocado sobre a terra é um ato primordial, é o testemunho de que a arquitetura está no centro das relações entre tecnologia/sacralidade/utilitarismo. Diz respeito aos homens, às máquinas, às estruturas racionais e à história. O bloco quadrado é o ato primeiro e último na história das idéias da arquitetura. A arquitetura se torna um objeto imóvel, fechado, que leva a nenhum lugar exceto a si mesma e ao uso da razão."

20090712

Nelson Pereira dos Santos Está Vivo

NELSON PEREIRA DOS SANTOS -

Rsrsrs...umas três pessoas se assustaram e me perguntaram: "Que?! Mas ele não morreu?!". Quase respondi que, cinematograficamente, sim, depois de 'Brasília 18%' (que é uma piada só, filmeco pra mostrar os peitos da Bruna Lombardi)...mas Nelson acaba de completar 80 anos e vem recebendo várias homenagens mundo afora, mas a de ontem foi, ele disse, especial, porque ele nasceu aqui, então era o povo dele.

Aqui vão duas coisas que ele disse MESMO ontem:

"Eu prefiro ser cabeludo por dentro!"
- quando inquirido pelas Autoridades se não era ele também um cineasta barbudo e cabeludo.

"Me irrita muito essa história de que agora...bom, cinema não é mais cinema, agora é tudo 'audiovisual'. Mas me digam uma coisa, teatro não é um meio audiovisual também?"

ALGUMAS PERGUNTAS ENDEREÇADAS AO CINEASTA HOMENAGEADO:

"Afinal, o cinema americano dos começo dos anos 60 viu o surgimento de um grupo de cineastas independentes que buscavam outro tipo de cinema, não é mesmo?, Cassavettes, até mesmo o Andy Warhol, todos faziam um cinema mais livre, da mesma forma que aos poucos foi acontecendo na França, quando começam a fazer filmes os já-clássicos Truffaut, Godard, Chabrol, o grupo que ficou conhecido como 'nouvelle vague', então, bom, pensando nesse sentido, me diga: o senhor gosta de caqui?, enfim, queria que você falasse um pouco sobre a sua relação entre a narrativa em si e a produção. O que é que vem antes: a idéia ou a produção? "
- estudante de comunicação da Unesp

"Os cineastas aqui no Brasil até a década de sessenta eles eram, podemos dizer, meio marginais, aliás, o intelectual no Brasil sempre foi marginal , nunca teve assim um reconhecimento e voz na sociedade [suprimido da pergunta depois que Nelson&Cia evocam os modernistas]. Mas aí chega nos anos sessenta, cinema novo e tal, o cineasta ganha uma nova postura, um novo lugar na sociedade, pode ter voz [...] e você poderia falar um pouco sobre como era assim trabalhar com o Glauber Rocha, como ele era?
- estudante de história da (?)

Nelson respondeu a perguntas durante mais de uma hora e parecia bem disposto. Arriscaria dizer que tomara um bom café da manhã e que um delicioso jantar cheio de honras o esperava.

20090711

Autoria

"É divertido, porque toda vez enquanto leio um texto fico tentando adivinhar de quem vai ser o nome no final"

Leitor da república dos cabaços!
.

20090710

eu a pago com minha vida

Eu tenho uma dívida
que cresce a cada dia,
que não aceita dinheiro:
eu a pago com minha vida.

Eu amo meus credores
e, assim, não há esquiva!
Não me ocorre desonrá-la,
e eu a pago com minha vida.

E se eu nem me dava
conta de que a contraía,
é desculpa que não serve,
e eu a pago com minha vida.

Mas se eu deixo de pagar
as prestações em dia,
sou eu mesmo quem me cobra,
e eu a pago com minha vida.

Saber ser impossível
ver quitada minha sina
não me tira a energia
e eu a pago com minha vida.

E é apenas quando penso,
em alguma noite fria,
no volume da minha dívida
(e eu a pago com minha vida)

que eu questiono se não é
muito grande a quantia
que eu pago todo dia,
e eu apago com minha vida.

20090708

Carl Peterson's last words (Unfinished sentence)

"Moreover, on which easy-going sausage will them computers --"

20090707

As luzes estão nos olhos








Trechos de não-Clássicos Vol. 1

"... pensamento que o acometeu, a ponto de desequilibrar sua alta classe polida: era tão bonita, mas estava tão gripadinha."

- Retirado de Filosofia Express, de autor já falecido (1986-2009), Ediboing.

20090706

Resenha SMASH T.V.

Atenção macacada, mais uma resenha nesse antro porno-cultural: o crássico de NES/SNES/Gênesis: SMASH T.V.
Quem já jogou essa belezura conhece muito bem, e pra quem não jogou segue aí a historinha de background:

"O ano é 1999. O Programa a mais popular da televisão do mundo é o Smash T.V., Uma competição desumana e ultra-violenta entre dois combatentes dos Armados até os dentes!"

Deu pra entender qual é a do jogo né?
você começa com um rapaz vestindo nada mais que uma calça e um capacete de proteção de boxe, a primeira tela é um auditório com uma galerinha gritando "go! go! go!" daí o protagonista entra na primeira câmara. A única coisa que você tem que fazer é metralhar tudo que se move na tela. Pura sanguinolência em 8/16 bits!!
Tudo bem, a história é uma bosta, a situação é altamente cretina(os bônus/caixinhas de presente que você pega variam entre "a brand new VCR", "toaster" e um land rover) e ainda tem o filho da puta do apresentador falando frases de efeito como "I'd buy that for a dollar" e "Big money, big prizes" a cada tela, mas Deus do céu, a jogabilidade é perfeita, simplesmente foda: você move o rapaz com os direcionais e atira com X, Y, B e A usando-os como se fossem outro direcional, foda.
Vale a pena ressaltar também o imenso grau de dificuldade dessa porra, a primeira fase dá pra passar na boa até, mas a segunda é praticamente impossível, particularmente eu nem cheguei no chefe dela, o "Scarface". Falando em chefe, o da primeira fase é altamente bizarro, ele se chama Mutoid Man e é um tipo de Wilson Fisk misturado com tanque e tem várias "formas": uma com dois filha da puta atirando, uma dele grande atirando lasers dos olhos(LASERS DOS OLHOS!!!), uma dele mostrando os ossos(????) do peito, uma dele sem cabeça(nota-se aí que voam zilhares de cabeças dele pela tela quando ele vai pra essa forma) e a final que é uma cabeça(que magicamente retorna) sobre rodas.
Enfim, é um dos jogos mais cretinos que eu já joguei, mas mesmo assim, altamente viciante e recomendável. Nota: 8,4 + "a brand new VCR"

A Preparação para a Festa da Cornucópia

Felipe era um dragão muito feliz. Mas ele andava cabisbaixo nos dias anteriores à sua Festa da Cornucópia (em que ele ganharia seus chifres definitivos, esmaltados) porque sua barriga roxa-roxa andava meio esverdeada.

- É o cocô, Felipe?
- Não, acho que é mais os gases!

Na fase da vida em que Felipe se encontrava, alterações no corpo eram esperadas, mas não assim com essa velocidade toda. Imaginem! O intestino começando a funcionar direito (e por isso a barriga ficando meio esverdeada durante alguns dias) e a Festa da Cornucópia, tudo na mesma semana. Não era por pouco que Felipe andava atordoado!

Mas na véspera da Festa ele encontrou um sábio tartarugo-enciclopédico que de vez em quando aparecia nas redondezas para estimular todos com seus infinitos conhecimentos. Felipe se aprumou para tentar conseguir algum conselho do tão respeitado visitante, já que há momentos na vida em que tudo o que precisamos é de alguma explicação pelo menos aparentemente racional para tudo que acontece.

- Tartarugo-enciclopédico, tira-me a dúvida! – gritava um gordo,
- Eu vou ser sempre pequeno?! – perguntava o porquinho-da-índia;
- Por que nunca os meus cílios crescem como eu quero? – choramingou a dragonina Odete.

E eis que era um dia estranho para o tartarugo-enciclopédico. Sem dúvida ele apresentara-se ao vilarejo para responder a quantas dúvidas pudessem ser respondidas em um dia, como era de praxe, mas a jornada o havia deixado muito cansado...

- Quedê o tartarugo?
- Está dentro de seu casco!

E não havia ninguém-ninguém que conseguisse tirar o tartarugo-enciclopédico de seu casco. Era um sono daqueles!
Felipe sentiu-se oprimido pelo mundo, com uma sensação muito ruim e vontade de chorar. É assim que nos sentimos quando tudo parece sem sentido e quando quem poderia nos dar a mão na verdade esconde-a atrás de mangas longas demais! O que ele poderia fazer? Perdendo um pouco a sua compostura natural, ele desabou-se sentando no chão, ali mesmo de costas para o casco do tartarugo-enciclopédico. Afinal, ele estava dentro do casco, não ia ver mesmo, não ia achar uma falta de respeito.

O gordo, a dragonita Odete, o porquinho-da-índia, o cigano e o mainá que estavam ali em volta acharam muito estranha a atitude de Felipe e reprovaram-na. Um disse que era coisa de pivete, outra que ele deveria ter vergonha, e só o cigano ficou calado. Felipe não agüentou e começou a chorar. Foi como uma chave girando-se para descarregar todas as aflições dessa semana!

Mas essa chave acabou liberando mais algumas coisas...ali sentado, Felipe fez um pum bem alto e cheiroso na frente do tartarugo-enciclopédico, que acordou reclamando e deu rapidinho dois passos para o lado. Só que o tartarugo sempre foi boa gente e, vendo a tristeza nos olhos de Felipe, logo o perdoou e disse que poderia perguntar o que quisesse.

Felipe se sentiu muito mais leve vendo uma alma boa e, recompondo-se, procurou lembrar o que queria perguntar para o tartarugo-enciclopédico naquela tarde. Mas antes parou para refletir sobre o acontecido e percebeu que foi graças às recentes mudanças de seu corpo que todos puderam novamente desfrutar da companhia do tartarugo-enciclopédico.
Riu-se sozinho, sentiu-se muito melhor e agradeceu o estimado visitante. Mas já não havia mais dúvidas: Felipe estava pronto para tornar-se gente grande.

Resenha Rythym Heaven

Olá macacada,
Com os poderes concedidos a mim por eu mesmo, eu criei essa nova coluna, aonde eu ou outros interessados poderão "resenhar" jogos de videogame. Porque todo mundo aqui é nerd mas quer pagar de alternativozinho, então por que não admitir logo?(prontofalei)
Bem, o primeiro título "resenhado" é o Rythym Heaven pra Nintendo DS, pra quem não sabe, o DS é o portátil da canetinha. Conheci esse jogo pelo Sr. Miyada, que indicou-o a mim quando eu o questionei sobre algum bom jogo de DS. Ele disse assim ó: "tem The World Ends with You" aí eu falei:"mais algum" ele: "Rythym Heaven".
SHOW!
Beleza, liguei o DS, comecei a jogar e aí eu notei que precisava virar o aparelhinho 90º, "olha só, por que ninguem nunca pensou nisso?", até aí tudo bem, então apareceu um uma tela de apresentação com o "touch to start" tradicional. Toquei e nada do jogo começar. Veio uma falinha, algo como "you have to throw it to start". Porra primeiro jogo que você tem que ser ensinado a dar start, genial! Me aparece uma tela com uns quadradinhos, eu toquei em um e me veio uma apresentação me ensinando a fazer o "flick" que funciona(usando o exemplo do próprio jogo) como atirar uma moeda com uma caneta, você tem que pressionar a stylus e dar uma desmunhecada pra frente. Nada que a convivência no meio artístico não solucione.
Me surge uma tela com uma chapa de metal e um bastãozinho na frente, o jogo me explica que eu tenho que dar um flick pra tacar o bastãozinho em duas placas quadradas que "quadradam" musicalmente até se encontrarem, para assim "construir" um parafuso(????!!!), tudo isso ritmado por uma musiquinha, outra vez Genial!
O jogo tem diversas fases/músicas bem diferentes(tem uma fase por exemplo que você controla um moleque de um coral e tem que ficar com a stylus encostada na touchscreen pra ele calar a boca) e cada quatro fases tem um remix com essas quatro.
Enfim, a jogabilidade é bacana(aliás usar a stylus é sempre bacana), apesar de que aqueles flicks dão um nó no cérebro, as musiquinhas são bem viciantes e o humor é bem presente. Nota 8.8 + 3 Oran Berries

20090704

Poeminha das plaquetas

Encimado no topo da casquinha,
- - nha nha
barrado no sono de nossos coágulos
- - los los
o preciso mau trato de nossas consciências.
- - as as.

20090702

brasília: ano zero


linque para youtube AQUI.

Um dia em prelúdio

'... nenhum, mesmo, claro que não' coçando a ponta esquerda do bigode mal aparada, pela porta do fundo do ginásio se vêem tênis zarpando, suados. 'Nem na Espanha nem na Irlanda.'
'Você que pensa. Sério. Dinheiro não é tudo.'
'I---há!'
'Calaboca, a gente tá conversando, é sério.'
'Não acredito que cê vai discutir com ele...'
'Calaboca!-- mesmo, tem aquele cara lá, Igor sei lá, acho que ele...'
'Você não viu quando ele caiu do cavalo? Ridículo, patético, agressivamente vergonhoso - tente de novo.'
'Porra.' Há pedaços de pele inchando mucosamente na palma da mão enquanto ele gesticula militarmente, sua voz subindo um tom a cada três sílabas 'Isso foi uma vez, e parece que ele tava doente! E nem é esse o ponto, só acho arrogante'
'Não é arrogância,' de ponta cabeça 'é só que eu realmente não acho que' escuro 'nenhum deles seja melhor. E não é dinheiro. Não exclusivamente.'
'Cabou a força?' Um timbre levemente diferente (sobrenatural) indicando um resquício de temor infantil escapando da autoconfiança, som asqueroso de remexer em colchões ásperos.
'Tá com medinho? E eu só quis dizer que você não é tão bom assim.'
'Sou sim. E isso será confirmado de maneira praticamente científica - acredito que todos concordemos que o acaso é razoavelmente desprezível numa competição de nível internacional - ano que vem.'
'Vamo sair daqui?'
'Meu pai só chega daqui uns 15 minutos.'
'Não quer esperar lá fora?' O ar escapa rápido demais.
'Não.'