20100531

Golpista

É assim que eu faço. Pode parecer incrível, mas ainda hoje existem meninas por aí, somente bonitas o bastante para acreditar que elas, entre tantas, podem se dar bem. A ponto de levarem a sério esses caras gordos e suados que se apresentam como fotógrafos e oferecem fama, capas de revistas, vida de modelo.
Elas sabem que existem esses golpes, mas elas são só meninas e são bonitas -- somente o bastante para acreditar que, entre tantas, podem se dar bem. Aí elas ignoram os sinais. Elas pensam "e se, dessa vez, for pra valer?". Elas caem.
O tempo vai passar, mas onde quer que exista uma menina bonita o suficiente -- nem mais nem menos do que o necessário -- vai existir um tarado pronto para levá-la ao seu estúdio e tirar meia dúzia de fotos e dizer que, você sabe, ele está fazendo um investimento e o mundo do showbiz tem suas demandas e ele iria pondo sua mão nojenta cada vez mais pra cima da coxa dela.
Elas sabem que é assim, e sabem que, por serem tão bonitinhas, elas cairiam na conversa dele e teriam medo demais para qualquer coisa e, de qualquer forma, já seria tarde demais. E é por isso que meu negócio dá certo.
Pode ser em uma livraria, em uma loja de cds, em um supermercado, na frente do cinema. Eu vejo uma menina de dezesseis, talvez dezessete anos, um certo ar de superioridade, uma roupa de marca e eu percebo na hora que é o alvo perfeito. Eles também percebem. Então quando ele ainda está tirando o cartão do bolso ou talvez mostrando o suposto book de alguma outra cliente que ele teria levado ao estrelato, eu faço o que eu faço.
Eu chego, ponho a mão em volta da cintura da menina e digo "amor, vamos?". Nove em dez vezes isso é o bastante para elas saírem do transe e perceberem a merda que elas iam fazer. Elas até me agradecem. Sete em dez vezes, isso é o bastante para elas me deixarem pagar um jantar.
Eu posso ser um péssimo fotógrafo, mas ainda como mais adolescentes do que qualquer gordo suado.

20100527

Anúncio oficial.

Senhores republicanos, cabaços e visitantes;

É com orgulho que afirmo que hoje comemoramos 4 anos deste glorioso sítio, oferecendo literatura, humor e pornografia de qualidade para todos os interessados.

Sobretudo o desenvolvimento humano, isso sim. Cerca de 13 autores renomados já se despediram desta nobre página e se tornaram escritores, i.e., artistas de peso e nome lá fora. Sinto falta deles, mas sei que estão num lugar melhor.

É, portanto, julgando esta ocasião a mais perfeita de todas, que passo a bola. Não é jogar a toalha, mas sim compreender que tudo tem seu ciclo e seus limites.

Obrigado,
Ricardo.

20100525

Não exatamente o Josimar Melo, mas...

Admito que gosto do corre-corre de Cannes, que é regozijante, de certa maneira. É que durante o festival é impossível ir à praia...pelo menos pra mim. Praia só o Rio, e quando dá. Sou exigente com essas coisas, isso eu admito também. Quando eu volto pra lá...

Com os meus amigos! Purumpum!
Eu vou lá com meus amigos!
Margem direita, ta tá tá!
Pu pu, pu pu bli cá!
Bãm-bão, mestre-macarrão!
Critica meu prato, senhor sabichão!
Veio um, veio dois, movimentão!
Margem esquerda, preste atenção!
Mas só isso não bastará!
Cansei de só degustá! (e odiá!)
Para fazer a massa
fazer a massa é facil fazer a massa
vamos todos fazer a massa
e melhorar pra massa
a mensagem que a gente passa
é a da união!
a gente come nosso próprio macarrão!
criticar o freezer com nossas
ferramentas de televisão!
e achar que com isso a gente é
bom de garfo, bom de cozinha,
bom de garfo, bom de cozinha
bom de garfo, bom de cozinha
Ah, a Croisette.

Ih, caramba! Uma bicicleta humana!

(`)Arepública

Idiota!,

destilado e fermentado, abrindo o coração para o mundo de maneira que não há volta,

_____
(my heart of glass)


Prometo que é a última vez.

KnockKnockWhosThere?
A República,

um beijo de boa noite.

warhol procura

Sou Soprano. e tô-interessada em montar uma banda de GoTHic METtal em Recife (Creio que não existem por aki...)
Então, QUALQUERCOISA, contatos!



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SSSSSSSSSSssssssssssssssssssssoprano.

Série: galãs soviéticos


20100524

20100523

un sentido de pertenencia

la diferencia entre democrácia y democraCIA; somos todos ilegales. mi corazón es seulement un scène - burlar la ley, en comunidad. avec mucha pimienta, spicy esto no es - palabras au vent, una multitud de: sentir. la frontera es muerta: viva el mundo!, como se puede... nosotros; sólo un petit intento d'arrivé à quelque place - laberinto est tout que nous ne pouvons pas faire: marcha hacia adelante, vite! porque el camino est certaiment posible, je veux... nous voulons, nuestro destino - felicidad, ya!, sed realistas, pedid lo imposible: que ganemos.

(uma sensação de pertencer: sumir em meio a algo, comunidade, uma felicidade como ninguém imaginou - secreta, mas impossivelmente expansiva e explosiva, inexplicável: clandestina, universalmente.)

Fiofó como paradigma

O cinema americano há tempos nos ensina que piadas de peido foram, digamos assim, uma febre da era Murphy. Murphy, Myers, quiçá até Chaplin teria dado seus peidinhos e dado um sorrisinho meigo depois, deixando todos apaixonados. Mas ele entrou tarde nessa onda de cinema sonoro e bem na época, digamos assim, belicosa, e aí tem essas coisas do Grande Ditador.


(E espontaneamente recordo-me do delicioso Terrance and Philip. Sagazes, os meninos do Southpark. Bons tempos do clitóris gigante, que vi do lado da minha mãe no cinema.)


De todo modo, se me permitem o trocadilho: "flato consumado", eles até reaparecem nessas aberrações como Norbitt (quem não pensou se tratar de uma paródia do universo tolkeniano?) e nigga-jokers reminescentes.

Quando me deparo com um filme como Quincas Berro D'Água, antes que que eu me faça açoitadora do cinema nacional, penso eu: como pode-se ser tão peru e ao mesmo tempo tão transgressor?

Adivinhem quem peida na foto:







Não é o gordo, não é o vagabond 1, não é o vagabond 2, não é o vagabond 3 (todos em adoráveis sorrisos semi-fantásticos co pezinho no quase-lá, que não chega).





Outro ângulo:






Pois é, é a velha que fica ali com o maior sound effects que eu já vi. E fica, e fica, e fica...até ter que correr para casa - soltando puns pelas ruas históricas - e ser arrematada (não com um calicezinho de vodca, meus amigos) com a frase do defunto, mais ou menos rimada do que minha memória me permite reproduzir:

"Por esse apito tão barítono, isso aí é que eu já sei: essa madama já liberou o fiofó."

O que fazer?

E apesar disso tudo, ao final do filme, diz o re-defunto boiando no mar: "E tudo isso aí dos seus problemas, enfia no cu do comodoro". Enfia no cu do comodoro. E é tão belo.

Um abismo tão contraditório! A esbórnia peidorreante americanizada que mais nos constrange do que qualquer outra coisa, logo ali no começo...e no final...esse cu que nos redime debaixo d'água com Quincas. Mas será que redime o filme? Redime o arrastar-se? Redime o rebaixar-se? Redime o meio-do-caminho? O que pensariam dona Zélia e Jorge, o vermelho? Tenho lá minhas sérias dúvidas.

Mas vou enfiá-las é no cu do comodoro.

Débora Ulbeiro é ex-crítica da revista eletrônica Cinética e atual editora do portal de cultura "muzanga".

20100521

À internet, eu devo a chance de ter conhecido centenas de coisas com as quais eu jamais teria contato de outra forma. E isso nem sempre é uma coisa boa. Claro que eu só tenho a agradecer por conhecer coisas como o funk They Are Taking the Hobbits to Isengard, ou o vídeo de bukkake com uma apresentadora de jornal que continua a ler as notícias mesmo encharcada em porra, mas nem tudo são flores nesse mundinho virtual.

Noutro assunto, eu li, já, Frankenstein, há alguns bons anos. Recentemente, comecei a reler o livro, dessa vez em inglês, porque ganhei uma cópia de um amigo. Só que acho que eu nunca tinha realmente entendido qual era a do livro. Não de verdade. Ok, eu imagino que uma criatura feita com pedaços tirados de vários cadáveres seja mesmo uma visão um pouco desagradável, especialmente para os desavisados que não sabiam da história do “monstro”, mas nada parecia justificar a reação exagerada do Vitinho Frank que, após dias de trabalho incessante, fica escandalizado com sua própria obra, sai correndo, tranca-se no quarto e passa uns bons meses com febre.

Quero dizer, ainda que visualmente a coisa não tivesse ficado muito bonita, ele deveria saber que havia feito um trabalho grande, provavelmente o maior da história humana. Ele havia revertido a morte, for crying out loud! Em nenhuma das leituras me pareceu condizente alguém com conhecimentos científicos ficar tão perturbado assim com o resultado (bem sucedido!) de seu trabalho, mas é aí que entra a internet.

Porque dia desses, engajado em uma dessas muito produtivas discussões na internet, eu me deparei com um vídeo cujo título no Youtube era “Surviving without a body”. Pois é. Trata-se de um experimento, aparentemente feito por uns russos, em que uma cabeça de cachorro, ainda viva, foi conectada a uma máquina que fazia circular o sangue (inclusive com a troca de sangue arterial por venoso) e a manteve viva, segundo o vídeo, por algumas horas.

O vídeo é bem antigo e talvez ética fosse ainda um conceito meio nebuloso, sei lá. Eu sei que os caras testam a reação do cachorro sem cabeça – ou, melhor, da cabeça sem cachorro – a luz, cheiros, sabores etc. O cachorro pisca, funga, lambe o focinho. E meu Deus (a referência a Ele é pertinente), eu nunca vi nada tão perturbador. Quero dizer: é uma cabeça, só! Caída em uma mesa, solta, sem nada. Foi um negócio que mexeu demais comigo.

Eu sei, porque li Frankenstein, que descrever um experimento desses não é suficiente para causar muito espanto no leitor. E eu sei bem, também, que a chance de o vídeo ser falso é considerável. Mas não importa.

O negócio é que, vendo aquilo, eu entendi o dr. Frankentein quando ele fugiu da sua criatura. Não era medo de um monte de carne costurada. Era ele percebendo que tinha feito algo que um ser humano nunca deveria fazer, que ele tinha se metido onde ninguém devia se meter. Eu entendi, porque foi o que eu senti vendo uma cabeça sem corpo lamber os beiços.

20100516

Mas que melodia bela é essa, meu Pacheco?

Pacheco terminou o solo no trompete remexendo os lábios, porque fazia uns dias que estava só no contrabaixo. Como é uma região sensível, só isso já deu tempo de ficar com uma estranheza.

“Acho que essa eu nunca tinha escutado você tocar.”
“Ah, já tem uns anos que caiu do repertório. Mas é boa, eu gosto.”
“Como você gosta de tocar?”
“Como assim?”
“É mais com a mão ou com a boca?”
“O que for jazz, bossa, tá valendo.”

Importante dizer que Pacheco verdadeiramente sorriu-se com isso. Ele foi guardar o trompete na maleta num canto. O baixo continuava ainda do lado de fora e com as cordas já perdendo o brilho.
Lia ficou um tempinho em silêncio porque também era legal ver o Pacheco guardando os instrumentos, recolhendo alguns cabos ainda soltos, tirando os amplificadores da tomada.

“E é só isso?”
“O que? Tocar?”
“Não, que você toca.”
“O que mais que existe pra se tocar?”

A Lia lembrou que precisava ligar pra mãe e avisar uma coisa das compras, pegou o celular e saiu. Isso deu tempo pro Pacheco terminar de fechar sozinho o estúdio. Faltavam: ar-condicionado, que foi desligado mas mais umidificava que qualquer coisa; computador; o som tirou-se da tomada. Por instinto Pacheco pegou um pacote de CDs virgens pra levar pra casa enfiado na pasta. Recolheu trompete, deixou o baixo lá mesmo, bateu a porta e trancou. Abriu de novo porque esqueceu do afinador pro José, que tinha pedido.

E de trás da porta saíram Goran Tortavic, Jan Kormeca, Ilja Paracov e Grande Elenco a tocar Kalasnjikov! O trompetista era Paracov e jogou Pacheco no chão enquanto terminava a ponte que levava ao refrão e foram-se em opa, e foram-se em opa, e foram-se em opa e OPA!

A Lia voltou assustada. Pacheco levantou-se do chão, com o mindinho possivelmente quebrado. Lia até choramingava um pouquinho, meio emocionada, mas aí ele tirou o trompete da maleta, arremessou-o com força pro alto e ele bateu na lâmpada,
catouô baixossem capa trancou tudde novo
e foram-se em opa, e foram-se em opa, e OPA!

Mas afinal, o que havia-se de fazer?

BEOTIBARRECO GUDUA

(canção épica, c. séc. XVI)

Mila urte y garota
Ure vere videan.
Guipuzcoarroc sartu dira
Gasteluco etchean;
Nafarrokin hartu dira
Beotibarre pelean, etc.

Mês amís,

Jê ne parle pá francê, portugais si vu plê.

P.S. Rot op, maan. Ik ben dun. Neuken in de keuken.

20100515

Bonjour, mes amis

Mes amis,

Je ne peux pas écrire a vous. Je ne sais pas encore comment le passé composé est formé.

Désolé.

Alberto Pupunha.

Bonjour, Martine...

Excusez-moi. Je ne sais pas ce qui s'est passé hier, mais tous les jours, c'est la même chose pour moir. Je crois que je me suis levé environ à 6 heures, puis je me suis habillé et j'ais mangé quelque chose. Tout de suite, j'ai pris mes papiers et je suis sorti. Alors... J'ai oublié le reste.

C'est seulement ça.

Ne me regardez pas comme ça, je ne suis pas coupable de ce qui est survenu hier.

À tout à l'heure.

20100514

Mon chèr Jean-Paul,

J'ai reçu votre lettre et je ne peux pas croire en votre oubli.

Moi, je me souviens bien de tout. J'ai regardé votre petit déjeuner, votre sorti, muette. J'ai pleuré beaucoup, mais ma décision est définitive. J'ai pris mes choses, je suis parti et c'est tout; je suis très mieux ici, et vous êtes très mieux sans moi.Oui, je t'ai aimé - mais c'est fini.

J'ai brûlé toutes les photos; restez tranquille.


Adieu,

M.

20100510

Life, as said by Liliput

"Life, friends:", began to tell us

Liliput


(At this time, she still had
Two great-sky eyes, as Movie-camera
working on Head Liliput.
One -
It's fast, and all Scarecrow.
Other -
Slowly, but I Daval
What? Ljubo- Fatigue)
"Do you understand?" .

........ And one watered my pants
......... And another friend ran to her mother
......... And did not say Divino,
which is thought "Jeannette"


But I got up, went to the piano
And he kissed Liliput
And "I did not hear. Play so
mething. looking

P l it - a claim cs va.

"Maladets - understand," said.
And everything, everything, everything

E prosseguindo...

Série: Galãs soviéticos

Россия поет!

PIRULITO é o melhor doce que há.

Eu era pequeno quando, estando em viagem à Portugal, visitamos um abrigo de velhinhos (eu mais meu irmão). Era coisa de fazer visita a algum amigo antigo de nossos avós que lá estava internado, não lembro bem - tenho a impressão, contudo, que foi ao falar da visita a ser feita ao tal amigo que eu ouvi de minha avó pela primeiríssima vez a expressão "dormir com as galinhas". Tenho também na memória a sensação de desconforto que se aportava em mim nessas visitas, sinal, analiso hoje, dos tempos finais da infância que se aproximavam (outro seria minha discussão algo acalorada em defesa de uma escultura abstrata, em prol de um conceito ainda incerto de "arte"). Mais forte que todas essas lembranças, até mesmo mais forte do que o cheiro de velhice que tinha o lugar, fica a de uma senhora (alheia, se não me engano, ao círculo de minha família) muito simpática que nos achava muito educados e nos dava pirulitos de cereja.

Eis: aquele sabor de cereja que não era o mesmo dos confeitos brasileiros, um sabor do qual me lembro muito bem e ao qual associo, muito mais que ao dito "sabor de infância", à experiência de visitar uma terra estrangeira. Algo de aventura, quem sabe, esse lançar-se num desconhecido vertiginoso, omnipresente - embriagante, até. É certo que eu estava, na ocasião daquela viagem, bem escorado pelos meus avós, e também em terra isófona (mas por pouco que não, diga-se de passagem). Não sei se isso importava muito.

Lembro-me de bem poucas coisas daquela viagem; das histórias mais famosas, como o "incidente da sopa de agrião" ou de quando eu sumi da vista de meus avós em uma pequena aldeia e reapareci munido de um graveto, riscando o chão com gestos até hoje imitados pela minha avó quando ela narra a ocasião, trago lembranças vagas de que ocorreram - às vezes, tão isenta de detalhes que fica a suspeita de que me lembro apenas de ouvir-contar.

Sobreviveu na minha cabeça aquele sabor artificial de cereja.

É cada coisa idiota que a gente repara quando é criança...

20100509

3, 6, 9 segundos de luz (conto via sms)

Era quinze para daqui a pouco e ela se perguntava se seria sempre assim.

Tentando reimaginar-se a si mesma, sonhava com uma vida na Lituânia.

O medo dos penguins, entretanto, a mantinha paralisada.

Ela quer saber. Quem são os coelhinhos?:

Meia hora depois chega uma mensagem dúbia, pode ser tudo apenas criação de expectativa e os coelhinhos e pinguins sejam justamente a vontade de voar à Lituânia.

Ela pode nunca descobrir, é difícil enxergar no escuro enquanto não se fecha os olhos.

3

6

9

Minutos.

Talvez estejamos chegando em algum lugar-

A jornada do Barãozinho

Ele era um barão tão pequenininho que se chamava Barãozinho - mas sem rir, porque magoar os outros é feio! Andava por aí em um cavalo que era menor que um pônei, quase uma lagartixa, e espetava as empregadas da fortaleza com sua espadazinha gritando "AYÔ SILVER, ÊIA RALÉ", e elas respondiam com palmadas astutas pra educar o pobre nobrezinho. Antes que o malentendido paire sobre todos nós, que fique claro: não era criança, o Barãozinho - já passava dos 30, mas, ainda assim, da mesma maneira que o Anticristo, não parecia crescer - o tempo passava e continuava minúsculo, ainda que um pouco barbudo e suscetível a ereções contínuas.

Certo solstício (pois na terra do Barãozinho, os solstícios eram tão comuns quanto as feiras - e todo mundo sempre dançava um monte, e comia muito doce), nosso pequeno herói fugiu do castelo - passou pelo buraco na grade como um pinto ensebado - e, antes que qualquer uma das babás - bêbadas e já sem calcinhas - percebesse, sumiu na floresta. Floresta essa que... Digamos que era uma floresta normal, pois todas as florestas das quais já ouvimos falar são tenebrosas, encantadas apenas no pior sentido da palavra.

Passados poucos minutos, Barãozinho já estava perdido - o único rastro que poderia seguir para sair da floresta era o de seu ralo esperma, deixado para trás, mas este já tinha sido consumido por pobres passarinhos de apetite duvidoso. Desesperado, o protagonista, pensando já em começar a gritar e xingar, começou a ouvir uma canção lamuriosa, toda em tom menor, de agudos um pouco desafinados e aparentemente acompanhada por uma harpa que, ao mesmo tempo, parecia ser a mesma coisa que a voz. Não entendia-se direito as palavras, só o sentido - água, mergulho, fundo.

O Barãozinho, sem escolha, seguiu os sons mezzo angelicais mezzo cretáceos, agora pela primeira vez andando com ímpeto e objetivo pela mata afiada. Após dezenas de árvores ameaçadoras, com mariposas que pareciam olhos pousadas em seus galhos, chegou a uma lagoa que era quase uma poça, localizada no meio de uma clareira bastante artificial. O enfant terrible (não-literalmente), no entanto, lia pouquíssimo e prestava menos atenção ainda nas histórias que as lavadeiras contavam entre uma novela e outra, e, portanto, não soube perceber armadilha nenhuma naquele fortuito pedaço d'água. Com a música ecoando forte em sua cabecinha, o Barãozinho, espadinha em punho, mergulhou de cabeça na poça - aqui vamos nós!

Aí não se sabe. Alguns dizem que o que conto agora aconteceu, outros dizem que é apenas o delírio do pobre Barãozinho, em coma após a concussão que mergulhar em tão raso lago certamente causaria, mas enfim: le petit chevalier, pois seu reino era de origem franca, assim que tocou a água (anormalmente lisa), deixou para sempre sua terrinha e, instantaneamente, surgiu em outro mundo - um (discutivelmente) bastante mais avançado, sem tempo a perder indulgindo um barãozinho, muito ocupado com uma crise financeira, futebol e orgias a esconder.

Ao se ver em uma rua movimentada, tomada por bestas metálicas gritadoras, o pequeno homem berrou e desmaiou. Ao acordar e perceber as construções imensas que bloqueavam o céu, desmaiou novamente. Mais uma vez acordou e, percebendo que estava sendo pouco efetivo, começou a gritar, apenas - ao que foi ignorado por todos os passantes, menos um, que o chutou, e então continuou passando.


Choroso, o barãozinho cambaleou por aí, passando por becos fedidos, procurando alguma obediência para uma pequena aberração malcriada. Foi quando acariciava seu pipizinho ao lado de uma lata de lixo que conheceu seu salvador - um homem não muito mais velho que o heróizinho (mas de tamanho e aparência normais, até onde se pode chamar um degenerado bexiguento de normal) que, sorte das sortes, adorava pequeninos e estava no show-business.


O barãozinho, então, que, mesmo sendo um pouco débil para sua idade, era muito mais eloquente (para não dizer barulhento) do que as crianças de seu peso e tamanho, além de possuir uma aparência inexplicavelmente inusitada, roupas engraçadinhas e alguma habilidade ao manusear sua ridícula espadinha, se tornou estrela - aparecia todos os dias em apresentações fechadas para homens com gostos esquisitos e reprováveis, que o apertavam com mãos sujas e engorduradas, e executava passos de dança estranhos em cima de uma esteira acelerada para que mulheres com instintos maternais desaguçados pudessem rir. Era tudo estranho, mas prestavam atenção nele, e à noite o barãozinho dormia abraçado com seu empresário-salvador, o que era bom, porque não estava acostumado a dormir sem ter nenhuma servente por perto, e precisava de alguém pra apertar de vez em quando.

20100508

Raízes Soviéticas












Glossário
Винни Пух = "Winnie Pooh"

poesia de sitiação


Como o clima sombrio desta chávena de café e fumo só
você e m'eu-chave - baixa atmosfera é a contradição só
dentro do reflexo da janela, duas pessoas são a mesma?
copo o que aumenta o desaparecimento da bolha é a mesma.

Eu não quero ser a bússola que
pode ser o seu próprio sentido de orientação no estudo acreditam que
Ausente durante muito tempo tinha sido a chave para o seu bolso
quando o metal atingiu algumas regiões do Acordei
seta calma underpass finalmente nunca perdeu:

a exportação do complexo começou a se mover para a frente.

20100506

PESQUISA DE OPINIÃO ACERCA DUM POSSÍVEL (grandioso) EVENTO!!!

como tema-motriz para o PRIMEIRO ENCONTRO OFICIAL/GERAL DOS CABAÇOS & AFINS, você prefereria:


1; CAMPEONATO DE TEKKEN/KOF

2; SESSÃO DE RPG (ROLE-PLAYING-GAME)

3; MACARRONADA COLETIVA*
(* tendo o molho e o macarrão, cada pessoa traz um ingrediente de sua preferência para agregar valor ao caldeirão)



6; TORNEIO DE UÍSTE

7; PARTIDA DE POKÉMON (o jogo de tabuleiro)


VOTEM!!!!!!!!!!!

Gente metida a moderador é foda, né.

Gente metida a moderador é foda, né.

E anos depois...

She's just like a...




PENGUIN IN BONDAGE, BOY!

poemusa: the swinging eighties (não)

onça, onça
brilh'eterno
lá no mato
'm todo breu!

female beast, female beast
forever brighty-ish
over there at the wild grasses
while the darkness engulfs all!

moça adorada, que faz meu coração explodir
para-todo-o-sempre iluminada deusa
pra mais de longe, selvagem & inóspita
- cuidado, que as sombras se engalfinham!



(je t'love)

20100505

DAMORTE

EU JÁ DISSE QUE NÃO HÁ MENIRES, deixem-me em paz!, não vou ceder, não vou m'entregar, não deixo de lado meus princípios NEM POR UM CARALHO!, mesmo coberto de feridas já lazarento já leproso já morto já anjo, ainda assim persisto!, sigo para sempre numa trilha totalmente constituída de sorrisos de bebê fotografados por J.R. Duran/Tolkien, sou um tanque, RODOPIO!, frigorífico hermeneuta astronauta, você me sorri serpente sedutora mas SOU CEGO; TATEIO minha trilha até chegar, a via crúcis são minhas veias explodindo de TESÃO, COMO sua filha mas não me entrego NÃO!

...
...
...

SOU COWBOY!
(ou jesusmichê)




(um oferecimento Petrobrás. --- persiana.)

Cuidado aí, meus queridos

Do Informe Eletrônico do C.A. XI de Agosto:

"No início da noite de quinta-feira passada, os alunos da São Francisco sofreram um revés histórico na Congregação da Faculdade. O órgão de deliberação máxima de nossa unidade tinha como pauta a conclusão de algumas das mais controvertidas questões da gestão do antigo Diretor João Grandino Rodas: (i) a arbitrária nomeação das Salas Pinheiro Neto e Pedro Conde; e (ii) a solução do que seria feito em relação às teses de láurea que ficaram comprometidas devido a irresponsável transferência das bibliotecas e conseqüente falta de acesso ao acervo pelos estudantes. (...)"

Agora é a vez da USP...

"Phud" ausente

"Beterrabas novamente?"
"Só plantadas, mas são poucas."
"B'oh." [com os lábios]
"Deveriam ser mais, mas..."
"...não trabalhamos."
"Até que sim, mas..."
"...não trabalhamos."
"Ara que eu estava..."
"...não trabalhando."
"...arando..."
"...não o trabalho."
"...tabaco..."
"...só a diversão."

20100502

Agee - "O que poderia ter dado na telha"

Dois meeiros: vestem macacões surrados e camisas de algodão branco. Ambos têm menos de quarenta anos:

Old McKernel: 32, chapéu largo.
Buddy Horace: 36, bigode juvenil.

Eles dividem um quarto de uma casa.

A casa fica em uma cidade.

Na verdade, deixaram de ser meeiros, mas mantém o costume.

Tradicionalmente se vestem assim.

Não plantam nada: recebem dinheiro para compras em supermercados quase diariamente.

Dinheiro é entregue pelo correio.

Com eles vive um homem de cinqüenta anos.

Ele trabalha em uma tabacaria.

Especialista em charutos.

Old McKernel sabe plantar folhas de tabaco como ninguém, mas o solo do quintal mostra-se progressivamente mais infrutífero.

Buddy Horace pratica pandeiro.

Quem cozinha para os dois é “Phud”, o tabaqueiro.

Ele é o dono da casa. Suas roupas são mais modernas do que se esperaria de um homem de cinqüenta anos.

Que trabalha em uma tabacaria.

Sua filha, Georgette, mudou-se para Buenos Aires há pouco tempo: não conheceu ainda os meeiros.

Na verdade, quem mais interage com os dois é o irmão de “Phud”, Don, de 65 anos. Ele é professor de artes.

Uma questão atormenta Buddy Horace profundamente: ele não gosta de Old McKernel, que teria desvirginado sua esposa uma semana antes do casamento.

O casamento foi anulado, e Buddy Horace ficou muito triste.

Buddy Horace empurra Old McKernel para o meio da rua num dia desses.

McKernel, obviamente, não morre nem nada: um carro vinha mas desviou.

Quem mais se emputece é o motorista.