20161010

morte é vida - severed limbs


não há de existir
pelo tempo que houver tempo
nada mais lindo que a nossa morte

20161008

Algumas mortes.

Morre-se muita coisa.

Isto é, morre-se tudo.

O estar morto, em si, não é nada mal – ao menos não parece ser, é exatamente isso, na verdade, "nada mal". Sem dúvida sou óbvio aqui, mas o duro mesmo é a relação entre o vivo e o morto. Mais especificamente, o olhar do vivo para o morto.

Eu, vivo, vejo. O quê? Os mortos, e também os outros vivos olhando mortos. Vejo também as partes de mim que já morreram e, pra ser bem sincero, chega a ser alarmante sua quantidade. Numa analogia também já velha – quase ao ponto da putrefação –, é o problema essencial da necrose: se uma parte de seu corpo já está morta, ela vai de pouco a pouco matando também o resto, e, portanto, caso se queira preservar a vida, é preciso eliminá-la de todo, talvez mesmo cortar-lhe logo o membro por completo. Também é assim com a morte da personalidade ou até da história de uma pessoa, caso não seja feita uma excisão perfeita é certo que ainda mais e mais e mais será consumido pela morte.

O problema – como em mais tantos outros casos que poderiam se tornar comparações fáceis aqui – é saber se o que está morto está, de fato, morto. Diferentemente do corpo, em que os doutores veem claramente os sinais da decomposição e até mesmo um leigo pode percebê-los com certa facilidade, nossa mente/espírito/atitude/passado é transparente demais para que vejamos o tecido negro. Ou, melhor, é opaco demais para os olhares externos e transparente em excesso para quem vê de dentro. And so on and so on.

Talvez algumas mortes precisem ser definitivas.

Não.

Todas as mortes são definitivas. Chega um ponto em que só se pode lembrar e erigir monumentos ao que já se foi.

A República, enfim, fecha as portas totalmente. Obrigado a quem resistiu ainda mais um pouco, mas a verdade é que já estamos todos mortos.

Sinto saudades tuas.

20160720


Olho distraído, distraído porque faço outras coisas, coloco os pratos na máquina, rego meu pé de sálvia, cuido da minha vida, enfim, olho e meu olhar se depara com a janela que dá para a rua e eu instintivamente procuro o imenso tanque de aço maciço que deveria avançar em direção à Vergueiro, rodeado por milicianos deste ou daquele lado, todos muito festivos com suas bandeirolas dessa ou daquela cor e cantando hinos e incitando as pessoas das casas a se juntarem a elas, supondo que já tenham terminado com a louça ou a sálvia. Na Vergueiro estariam já outros tantos tanques, e porque moro perto eu penso que deveria ser capaz de ouvir os tiros dos canhões, as dinamites, o grito assustado das pessoas correndo rua abaixo e se deparando com o tanque e os milicianos em festa.
Mais abaixo, na praça, ocupando a quadra onde em outros tempos alguém jogaria futebol ou soltaria o cachorro para correr um pouco, imagino os outros jovens, talvez com porte menos atlético e ar mais intelectual, lendo textos muito antigos ou muito novos em voz alta para as pessoas ao redor, chamando-as para a ação. Mesmo as pessoas que estejam na praça apenas porque queriam soltar seus cachorros certamente se comovem, talvez não pelo texto, que afinal é um pouco antigo, mas sim pelo fato de estarem os tanques nas ruas e por todo o resto, as certezas todas se desmantelando sob os aviões bombardeiros e os tiros de metralhadora.
A essa altura, tenho certeza de que uma menina vai vir correndo da praça, subir a rua a despeito de os tanques serem todos inimigos (no fim, todos os tanques são inimigos, porque ela é uma pacifista convicta), vai gritar em resposta para os milicianos que naturalmente não teriam como ouvir nada e então ela vai olhar para cima na esperança de encontrar ajuda e seus olhos encontrarão nada mais nada menos que os meus próprios, um pouco distraídos com a louça, mas ainda assim capturados pela cena e pela rua e pela janela. Eu também não ouviria nada do que ela diria, mas saberia que era importante, ciente dos tanques e dos tiros e dos aviões.
No fim, não havia nada de inocente no meu ato de estar distraído e me deparar de repente com a janela, era tudo absolutamente programado para eu testemunhar um ato qualquer de coragem que me tirasse da janela, talvez não sem antes regar também a pitangueira e o coentro, e descer para a rua para combater também os milicianos com suas dinamites, na esperança de conservar um mínimo de normalidade no mundo, evitar que aquelas pessoas todas a destruíssem a tiros.
Mas não tem tanque nenhum subindo a Machado de Assis. Se alguém está atirando na Vergueiro, daqui eu não ouço nada.
Talvez eu tenha entendido tudo errado.
Talvez seja justamente a normalidade que eu deveria sacudir das pessoas na rua, trazer eu mesmo os tanques, lançar minhas próprias dinamites.
Nem que fosse só pra deixar o mundo um pouquinho mais coerente.

20160407

eu não vou mentir: estou bêbado até n˜åo haver mais fim e detesto absolutamente tudo isso

não tem jeito nenhum, não tem limite, n˜åo tem nada; para mim, bem poderia se dizer que simplesmente não existe nada: não há arrependimento, n˜åo há outras esco.has, só exisgte o MAL, a certeza de que não importa muito o que possamos fazer.... rezulta em lixo, resulta em força desperdiçada, e eis aí o maior crime

NÃO NUNCA DE FORMA ALGUMA AO DESPERDÍCIO, MORTE AO DESPERDÍCIO

pq tanta energia colocada nisso? eu gostaria mesmo é que

não; de forma alguma, apenas o mal: o mal resulta em: nof im da decepçãp – parenta direta da, por exmeplo,recepção

eu já avisei que estou louquíssimO? como consigo ainda encontrar os dedos aqui? não tem como, na verdade a tela já fooi? resta apenas teclado e velocidade: algo precisa ser dito ante que seja impossível.

só há o mal. a embiraguez, a desilus˜åo – olhar racionalmente para o mundo é desiludir-se' usar toda forma de droga também o é* nota de rodapé: * não existe verdade – e em algum momento BANG acertar as letras no teclado exige muita atençnao, simplesmente andar ou olhar pra frente ou dizer bom dia, isso tudo denota atenção, e, em bem, verdade, todos os dias, demandam, atenç˜åo.

FECHO OS OLHOS minha cabeça desliza para tr´ås. mmmmmm nnao é bem isso

onde está a infelicidade? pq ela existe de verdade? existe algum tipo de raz˜åo evolutica para que ela exista; senão não estareiamos assium tn˜åo infelizes falando sobre pokítica e bebendo o máxino possível;

qiem sabe mais um dia. eu nnao sei nem o que dizer. tenho sinceramente tudo de que preciso, mas algo ainda assim dói demais.

mal tenho parâmetro


errei demais e infelizmente nem seuqer me arrependo

2016.