20131031

A NSA viu


sua mãe pelada.


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20131029

nostalgia: instruções de emergência

quando um rosto familiar lhe parecer estranho, pare por um segundo.
respire. 
tente passar um café (ou, se for o caso, um chá ou um mate quente); veja se você está com fome e, se estiver, coma alguma coisa salgada e leve. 
folheie cadernos antigos, antigos mesmo: não tente se lembrar das coisas, será bem mais proveitoso se você tentar entender como funcionava a cabeça daquela pessoa que você era na época. não sinta vergonha nem orgulho.
respire.
volte ao trabalho. se o problema persistir, ajuste as configurações de seu monitor e vá dormir imediatamente.


20131021

XV

mosca, senhora da podridão, de tudo que é matéria, de tudo que envenena, do esterco e da carne, das larvas que limpam as entranhas;

a mosca que voa no quarto e que caga nos sonhos, que berra a noite inteira, "o fim da festa é uma certeza";

mosca-gorda-e-reluzente, mosca que não é uma mas todas, mosca que pousa na sua cara e dá uma risada sem dentes nem boca;


(sua certeza, de que ela serve?)

20131018

se a vida fosse assim tão complicada...

a porta tava aberta. bom, muito bom, porque eu tinha esquecido a chave e se tivesse fechada eu taria totalmente, com todo perdão, fodido. não tava não, tava destrancada e que bom que eu tinha também esquecido de trancar, se bem que se eu tivesse lembrado eu não teria esquecido a chave, acho, uma coisa levaria a outra, trancar, levar. mas poderia ter esquecido na fechadura e isso ia ser pior ainda do que ter esquecido no quarto em cima da tevê porque qualquer um podia ter entrado em casa e roubado, por exemplo, a tevê, então que bom que a porta ficou destrancada. se bem que alguém pode ter entrado em casa e roubado a tevê e até roubado minha chave, assim, com a porta destrancada, ela podia até ter trancado a porta e eu ficaria do lado de fora, preso, e aí seria a tragédia cem por cento trágica, eu ia ficar preso do lado de fora e lá dentro eu não teria minha tevê, que pelo menos seria inútil enquanto eu ficasse do lado de fora. eu teria que esperar fora sem nem assistir tevê, mas no fim das contas seria melhor, porque eu ia saber que lá dentro não ia ser muito melhor, nem tevê teria. teria cama, ninguém nunca rouba cama, a não ser que destruíssem o colchão procurando a chave, mas a chave ia tá em cima da tevê, então o colchão taria lá, pra mim, eu ia ficar deitado sem fazer nada. isso só depois de ter arranjado um jeito de abrir a porta, provavelmente precisaria ligar prum chaveiro e ele ia gostar, porque os chaveiros gostam quando as pessoas ficam fora de casa. eles gostam de tudo que pode dar dinheiro pra eles, são gente perigosa, os chaveiros, eles podem entrar em qualquer lugar. até num lugar trancado, com o tempo e a ferramenta eles entram mesmo. e aí não ia fazer diferença nenhuma se eu tinha trancado a porta ou não, e aí o chaveiro não ia ligar pra minha chave em cima da tevê, talvez até ignorasse a tevê toda. não, nesse caso ele também ia levar a tevê, mesmo ela sendo velha e de tubo, isso porque chaveiro gosta desse tipo de coisa, de coisa velha, mecânica, com uma pegada rústica. com a pegada de um chaveiro qualquer fechadura cede, mas eles precisam de grafite e não tem grafite na fechadura e ela tava aberta. claro que tava aberta, ele já tava lá dentro, provavelmente a tevê ainda tava lá, com minha chave, pelo tempo que eu levei com certeza ele ainda tá lá dentro, a não ser que eu tenha esquecido a porta destrancada, nesse caso ele pode ter fugido rápido. não é fácil fugir com uma tevê de tubo, essa é uma das vantagens dela, ela é pesada e desajeitada, mas essas novas bem grandonas são piores ainda de carregar e quebram muito fácil no transporte, então ele ia levar mais tempo ainda. minha tevê de tubo facilitaria a fuga dele, mas não vai ter fuga nenhuma, porque ele ainda tá dentro e se tem uma coisa que eu nunca vou esquecer é de quebrar a cara dele.

P. & A. - dança da fusão


P. & A. - drama burguês da pior espécie





20131014

P. & A. - heroísmo


1. lutar e resgatar
2. trucidar tudo que é vil
3. receber com gratidão as batatas

20131013

Linhaça da morte

  
lembrete para 2025: produzir o filme, baseado no livro a ser escrito, Linhaça da morte (Deadline seeds), que se tornará paradigma no que se convencionará chamar de "thriller vegano", ainda que a denominação não seja precisa. Não será um filme ligado à causa, fato que tornará o filme odiado pelos ativistas e odiado pelos anti-ativistas, o que em termos de bilheteria significará sucesso estrondoso. Será preciso enfrentar o lobby das empresas de pipoca, mas talvez seja melhor preparar terreno e enfrentar essa questão na segunda parte da trilogia, Inhame (Nhamy). * Consultar os financiadores. 

estamos amadurecendo a ideia do cartaz, vai depender da iconografia da época, por enquanto o que achamos melhor foi a junção criativa das duas imagens abaixo de modo a tornar dinâmica a questão da linhaça e da morte, centrais no futuro projeto:

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBvDRru-K10ciy7UlY5WCnhRhZIvgaUiGZuRj6kgK-_1QbIuqSyP7Q9X1xW8A9RyKhecL_L7sw2RbpFsxXNQQAYLLjVmF9NjLeU2k_VAvcrGoiXZdv4luIQQqJTmM0PUeJbvJgxsKtzOY/s1600/Linha%25C3%25A7a.jpgRunaway


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20131011

Desvantagens anatópicas II



"O irmão, sabe o pior que é? E que há dez anos todo mundo matava todo mundo por nada... Hoje pra matar alguém é a maior burocracia [estatuto do PCC teria disciplinado várias condutas], então quer dizer, os homicídios caíram não sei quantos por cento, aí eu vejo o governador chegar lá e falar que foi ele", afirmou Marcola. 


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20131006

a vida é uma bosta:

você não fez nada bom
e não vai fazer nada melhor daqui em diante.

20131002

lorota fotográfica V



- o retrato, o retratar, a feição, a feitura -


“Fotografar um rosto é fotografar a alma que há atrás dele. A fotografia é a verdade. O rosto é a verdade vinte e quatro vezes por segundo.”

por trás da retórica do retrato há a da identidade. retratar está no limiar do inócuo 'mostrar' (to feature) e do 'representar' (tradicionalmente se faz a três: retratado, retratante, espectador - os 3 lugares da fotografia para barthes; está aí uma questão do autorretrato, uma pessoa ocupa os dois lugares. 'mostra' nos dois sentidos, isto é, lança um olhar e se faz olhar).

em um jogo online persistente, vive-se literalmente em um mundo de imagens (e de números), no entanto... no entanto não se trata de second life, as opções de customização são limitadas. fotografar um avatar é registrar o resultado de poucas escolhas. a feição aqui resulta de um ato mais ou menos consciente; ela pode ser expressiva no sentido de ser resultado da expressão humana.

a feição como ato criativo.



há muito em jogo. diante disso, lara lorota (e eu, que a controlo) toma uma nova missão:

destruirá os monstros, sim; conseguirá novos e melhores equipamentos, sim; retratará os habitantes desse mundo e buscará as implicações de seu ato, claro.

slowly but surely