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20111117

Quando tudo mais tiver acabado (não exatamente porque as coisas se esgotem, mas porque são esquecidas, são ignoradas e porque, no fim, todas as pessoas do mundo acabam por fazer algum tipo de desconstrução descartiana e pensar que as coisas, como nossas certezas, são menos sólidas que um peido), eu gosto de acreditar que eu continuarei esperando. Porque todos os segundos de todos os dias, tudo acaba e sobro eu – com medo, claro, e sem nenhuma paciência, mas quase inteiro, quase firme, esperando.

Nem que, de vez em quando, eu precise juntar as mãos sobre as orelhas e fingir o mar; nem que eu precise criar riscos idiotas – é a pressa, é a pressa –; nem que eu corra, o tempo todo, ainda que não tenha para onde ir e ainda que seja justamente da falta de direção que eu corra; não importa. Essas coisas, aguenta-se: corro, mas fico por aqui.

E se tomasse um café? Não precisa ser um café, é claro, alguma coisa qualquer que me tomasse as perguntas, que diminuísse a tristeza preguiçosa de estar triste? Fazem bem os analgésicos? Os antidepressivos? Os remédios em geral? Fazem, fazem, ou devem fazer, mas por que eu sinto que minto com um bem-estar que não é meu, ou que não deveria ser? – afinal, não merecemos mais sorrisos na vida do que lágrimas e não deve ser Correto renegarmos assim uma porcentagem tão grande das experiências que se nos destinam. Isso tudo é só mentira, embora não seja pouco. (Como eu minto, também, quando mudo de eu-literatura para eu-direito ou apenas eu-profissional, porque como é que a gente pode não mentir quando se precisa ser sério e tudo o que se quer é destruir o mundo inteiro, um monstro de cada vez?) (É diferente com o álcool, eu me engano num brado, porque o álcool não me tira o sono ou a tristeza ou a alegria; no máximo, mos ampliam.) Não, não, melhor faço se seguro tudo como vier, ainda que isso acabe comigo, é claro. Melhor, até, que acabe comigo. Corro, mas fico por aqui.

Aliás, por aqui e esperando; que o que me falta em paciência, me sobra em esperança.

20111027

Anita, que riu quarenta e oito horas sem parar

Anita riu por quarenta e oito horas sem parar, sua barriga valvulou-se com uma irmandade de ar que lhe ofegava, e as vezes engasgava, mal lembra já o porque do formigante eflúvio, Anita rechonchuda e vermelhosa, por horas é um grunhido de hiena, um halito de gagueira, e ela não sabe como parar, quem há de ouvir no seu riso um espectro de choro desesperado? Alguém há de.
Anita riu por quarenta e oito horas sem parar, disse o relatório, disse o repórter microfonado, micro-hipnótico, falacioso. No boletim constavam 48 horas e 2 minutos, mas resolveram abreviar, em prol da pouca paciência do promotor.
Ela pensou, que havia um grande órgão por debaixo da calça dele, conseguiu visualizar as veias, e o pulso. Anita ficou vermelha e gargalhou. Gar-ga-lhou, como um gar-ga-re-jo pra fora, através da gar-gan-ta. Anita pensou em coelhinhos cagados. O prédio era austero e cinza, esverdeado, e a TV pequena e chiada, o sofá era verde, musgo, chuvoso, o prédio tinha só cinco andares, o sindico era um velho cliché, do qual já se formava um ciborgue de cadeira estofada e botão de abrir o portão. Já faziam parte do seu corpo algo como “bom dia” e “seu cachorro fez barulho”, seguido de “boa noite”, Anita achava que coelhos eram criaturas bizarras, tinha um, mas quando estava longe dele imaginava que era rosa, e quanto voltava: decepção: branco.
Anita riu por quarenta e oito horas, foi encontrada pálida, com os músculos faciais tesos, e as mãos entre as pernas, acharam melhor não escrever “entre as pernas” na primeira pagina do jornal, e ocultaram deliberadamente tal conjectura amostral do ocorrido, disseram que o elemento: riu por quarenta e oito horas sem parar (e dois minutos).
“É um desrespeito contra a propriedade corporal, se viciar em gargalhar e se mostrar assim, incapaz de se controlar, eis pois um caso de súbito desvario, causado por alguma glândula, penso eu, localizada na parte do cérebro que interpreta o que é engraçado e o que não é”
Dr. Roberto ousou afirmar que as causas era meramente sociais.
O Falo, grande, mas como ele é jovem! Pensou Anita, eu já sou obesa e com certa idade, rosto de nenê, mas sou velha, nada mais desproporcional do que eu com um jovem de falo avantajado. Risos. “boa noite, aqui é o síndico, reclamaram de barulhos no seu apartamento, algo como risadas, isso procede ? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAhuhuhuhuhuhuhuHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.
“eu liguei e tentei avisar, tentei dizer, pra ela parar” disse o síndico ao relatório.
Imagine só, tamanho órgão me atiçando os poros, não sei imaginar, árco-iris, praça cheia, florezinhas, lençóis, cama-mesa-e-banho, de banho tomado, colônia masculina, pombas, o Falo, risos, os pelos no peito sobre um pulmão ofegante de tanto trabalhar, os gregos esculpiam homens nus, a estátua de Davi é o exemplo dos genes em profunda harmonia. O homem é a espécie racional por excelência, é também uma das únicas espécies que fazem sexo por prazer, sexo, coisa sem nexo, como um texto sem fluxo, eu mais nem sei se degenero ou se me decaio, flácida. Minha barriga dói, não há como parar, já diziam os espirituosos que rir é o melhor remédio pra alma. Mas dói. Eu sou só o riso, sou a silaba, o som, assim me torno outra coisa, onda sonora, depois de tanto me ouvir sou só movimento, só contração, corpo desencontrado, corpo desencontrado, ele tem a cabeça vermelha e o corpo rijo e comprido. A enguia engravidou a aurora, que nasceu borrada como um gozo via-láctico de esperma, e surgiu o mundo.
Anita foi encontrada com os músculos paralisados, depois de rir 48 horas sem parar, as causas do riso são desconhecidas, a polícia investiga o caso.

20100902

Revisão (a hora do chá).

Uma hora a literatura foge do nosso poder e então se torna um mundo por si só
[você pode escolher o estilo entre prosapoesiabomruiminteressanteintelectualconcretosimbóliconostradamusjoaquimdefreitas], e então você pode largar o livro ou segurá-lo ainda mais forte: o poder das frases feitas - ainda assim, pode parecer que não, mas só há um outro texto em toda a Internet (ao menos a parte atingida pelo Google) com a sentença "o poder das frases feitas".


Rebeca e Gustavo compartilhavam do bom sentimento que é olhar os olhos com os olhos: é aí que começa a confiança, é aí que se pode transar sem nenhum tipo de medo.
"Olho nos seus olhos e não noto sua barriga seus peitos pequenos as leves estrias de crescimento nas suas costas a celulite da bunda os pêlos em volta de seu cu seu gozo falseado."


Há 53 posts neste blog que contêm a palavra então em seu corpo. 54 com este. Isso diz bastante sobre o autor e sua noção de movimento, tempo e causalidade. A palavra átimo só aparece em 2 outros textos. Amor em 20. Há 9 em que amor e então coincidem. Amor e morte, 3. É a primeira vez que Rebeca e Gustavo aparecem; Carlos, em 11, Clara, em 4: se juntam em apenas 1. Só uma chance.


Era a primeira vez do casal, a primeira vez de cada um, e Gustavo olhava Rebeca nos olhos com os olhos, ele sabia que ela estava chorando e corando um pouco, ele gostava dela o bastante para segurá-la contra seu peito e esperar pacientemente pela calma. Seu cabelo cheirava bem - também, recém-lavado assim - e a toalha enrolada no corpo dela era tão macia quanto o corpo por baixo. Os fios negros molhavam o ombro esquerdo de Gustavo, que descia a mão pelo comecinho das costas (o de cima) dela e segurava sua cintura contra a dele.


O artifício de usar você como objeto da narrativa é relativamente recente, não vou apontar meu primeiro texto a usá-lo, porque foram vários e aos poucos. É uma forma de aumentar a capacidade de identificação das pessoas, de forçar a conjugação dos leitores, seja com o narrador, seja com o suposto receptor.


Rebeca não gostava de Gustavo.
Tentava se convencer disso, mas o cheiro do ombro dele era tão bom e familiar, tão suor e tão humano, enquanto ela fedia a sabonete e a água quente, a banho tomado numa tarde abafada. Se ela aceitasse tudo que ele oferecia a ela, certamente mudaria de cheiro, imundiciaria de Gustavo. E, ainda por cima, os olhos dele eram lindos.


Você pode sentir o autor por trás de tudo, semprissempre, não pode? O estilo é claro, posso mascará-lo de tantastantas formas, mas um leitor é sempre um leitor e sabe que eu não vou decepcioná-lo: pontualmente, intercalarei minhas anotações com a história que escrevo; não gosto de confundi-los, Rebeca e Gustavo.


Os dois se entreolharam, ela já não chorava e ele reconhecia algum tipo de beleza que desconhecia naquele rosto, aquela cara de cavalo dos olhos redondos e pretos, do cabelo preto, da sombra preta, da pele clara, ao contrário do moreno de seus próprios braços, de seus músculos adolescentes. Durante quanto tempo quisera beijá-la? Nem tanto. Ainda assim, naquele momento, ele queria jogá-la na cama e lamber seu rosto e sorrir tocando seu nariz com seu nariz, amar muito numa explosão de...


Carlos e Clara estavam sentados num banco de uma praça. Ela tentava explicar-lhe que possuía um namorado, que o esperava, que não queria conversa com nenhum estranho nesse meio-tempo, que estava lendo um bom livro, que odiava gente vindo pra cima dela, que odiava urubus, que odiava gaviões, que odiava todo tipo de animal que mata ou come, que era vegetariana convicta. Então Carlos convidou-a para o Gopala Prasada, ela o olhou decima abaixo e notou que era bonito, mais bonito que seu namorado, e que tinha boa dicção e que se vestia bem, que tinha mais ou menos a mesma idade que ela, que sorria, tinha cabelos muito bonitos; mas foram seus Olhos que a conquistaram em um só átimo: olho no olho no olho no olho. Era amor, era a morte.


Rebeca deixou a toalha soltar-se das costas, Gustavo começou a acariciá-la também ali, Rebeca virou a face para o outro lado, Gustavo fez com que ela virasse todo o corpo, Rebeca obedeceu, Gustavo retirou a toalha lentamente com as mãos, Rebeca estremeceu, Gustavo viu a toalha caindo no chão - deslizou menos suave do que havia imaginado - e passou a mão pela lateral do corpo dela, Rebeca estremeceu, Gustavo pegou-a com firmeza na cintura e tentou empurrá-la levemente para a frente, Rebeca disse que Daquele jeito não, Gustavo largou as mãos, confuso, Rebeca virou-se novamente para ele e sorriu, desajeitada, Gustavo olhou-a nos olhos, Rebeca puxou-o pela cintura, Gustavo caiu em cima dela, Rebeca caiu na cama.


Eu imagino que as pessoas não me entendam direito. Não sei o que as pessoas sentem quando leem meus textos, sei que algumas podem ter a impressão que escrevo para elas, e é verdade. Sempre escrevo para vocês, e aqui uso o artifício novamente. Todos vocês ou todas vocês? É fundamental que o autor consiga ser todas as personagens e que ele consiga escrever. A tarefa criativa é ingrata, no sentido que é provável que já tenham escrito e dito o que você pretendia de forma muito mais eficaz. Não sei se a eficácia é importante para o que pretendemos.


Ele sentiu frio e contraiu os músculos, ou vice-versa, e ela sentiu calor e contraiu os músculos e continuou com calor quando o abraçou, um pouco assustada, depois de tudo. Ele retribuiu o abraço, um pouco desanimado, enquanto ela lhe dava um beijinho no peito, Rebeca disse que o amava muito e ele fez que sim com a cabeça. Gustavo estava vazio e não olhava para nada; embora não soubesse, estava feliz.


"may i feel said he/(i'll squeal said she/just once said he)/it's fun said she
(may i touch said he/how much said she/a lot said he)/why not said she
(let's go said he/not too far said she/what's too far said he/where you are said she)
may i stay said he/(which way said she/like this said he/if you kiss said she
may i move said he/is it love said she)/if you're willing said he/(but you're killing said she
but it's life said he/but your wife said she/now said he)/ow said she
(tiptop said he/don't stop said she/oh no said he)/go slow said she
(cccome?said he/ummm said she)/you're divine!said he/(you are Mine said she)"

20100802

Um dono e seu cão

* estica seu braço e agarra as bochechas de # com a mão. # beija seus dedos, sua palma, se aninha com carinho na mão pequena de *. * é sério e olha de longe. Ele gosta de ter o controle, de dizer quando é hora de ser adorado e obedecido e quando não. * se sente bem como homem; amanhã, quem sabe, ele passe a ser mais carinhoso. Mas # não se importa; ela ama *.





20100412

Auxiliar taxonômico.

- Oh, meu, meu...amigo, não? Hô, hô, grau nesse estamos, já? Espero, espero, sim, sim! Clareio-me: transgredi, pois cá estou, e como, como....transgredi e transgrediste também, um e um aqui estamos, pois bem, quanto a você, amigo novo, não sei, mas transgredi também outrora. Li o não-liível, existe?, não, “legível” é mais apropriado, mas cá entre nós, que diferença faz se você meu amigo entender, não? Hô, hô, ficarei com “liível”. Li o não-liível e impublicável de um certo...bam-bam-bam-pinho, cotinho, junto-junto do adjunto, amigo d’Almeida! Triste e...vai-se a fé sem mais...sem mais orar com – e – sem – agá – (ele falou pausadamente, o protopadre), mas só apenas de metadinha, sim? Hô!

“Liível. Léveu. Nível. Fível!”, pensava Teófilo H. “Ah, bons tempos aqueles. E não é que Ulisses Pacheco mostra-se um doce?” Definitivamente, era já com outros olhos que o ex-auxiliar taxonômico via o rapagão outrora de azul. O blábláblá infindável continuava, mas frente-trás, inoxibilidade, liquidificadores...eram todas coisas com as quais “(...) um profissional de Ca-te-go-ria deve estar pronto para lidar”, citou Teófilo H. mentalmente, recordando-se de seu manual lido no primeiro dia de escritório.

-Você diz... – Teófilo H. começou uma lenta volta em torno do proto-padre – que minha, hm, por assim dizer, fé vai-se mais ou menos? Responda, e já já! Ulisses Pacheco! Há coisas – e você sabe bem quais, não, desconfio, heh? – que não podem, não podem esperar! Horar com ou sem agá...oh, dúvida!

Ulisses Pacheco, que desde que deixara sua veste azul turquesa no chão vestia a mais comum roupa que se poderia esperar de um ex-maquinista, riu alegre e comichou consigo mesmo durante alguns segundos, sentando-se novamente logo após, extasiado e risonho.

Mano, pusta cara chato.


20100224

Viva, meu amigo

Nuno fez pum.

Na patota, pum é pedir tapa,

mas Pedro tampou a napa

e pediu "Para aí!".

Pacifista, esse Pedro.




20100221

Spring

Era uma bela vista. Sempre quisera parar por ali, sentar e admirar a paisagem. Nunca, porém, tivera a oportunidade - nunca até aquele dia. "Esqueceu-se" de todos os compromissos, ignorou os toques de sua entediante companheira e correu para o mirante, a fim de satisfazer sua tão reprimida vontade. Debruçou-se no parapeito e pôs-se a contemplar a angulosa paisagem, suas irritações sumindo por trás do horizonte junto do sol. Num pulo, sentou-se onde antes seus braços estavam apoiados; o livre - balançar de suas pernas, assim como os olhos fechados, muito contribuía no sucesso de sua pequena escapada. Estava, finalmente, relaxado.

"Vamos, coragem."

Abriu os olhos e voltou-se para trás: um senhor examinava-o, interessado. Mantinha-se longe, mas aproximava-se, lenta e senoidicamente. Sem entender a intenção daquela pessoa (e sem querer entendê-la), o rapaz cerrou os olhos novamente e voltou a esquecer-se no pôr-do-sol; custara muito a conseguir aquela fuga para deixar-se perturbar tão facilmente.

"Você consegue."

Olhou para trás novamente: o senhor parara. Perto dele, porém, começavam a juntar-se algumas pessoas. O senhor demonstrava grande interesse pelo rapaz; as pessoas, naturalmente curiosas, assistiam à cena.

"Vai lá!"

As pessoas assistiam a cena. O interesse espalhara-se; todos queriam estimular o rapaz – a quê, ele não sabia. Perplexo com toda aquela situação, voltou a olhar a paisagem. Mas era impossível ignorar o que acontecia atrás dele. A multidão crescia e aproximava-se; mais e mais pessoas encorajavam-no a fazer aquilo que esperavam que ele fizesse.

"Não me decepcione!"

Decepcionar? Em quê‽ O que querem que eu faça? Isso começava a assustá-lo. O rapaz girou o corpo, a fim de descer do parapeito. As pessoas, já bem próximas, mostraram um quê de irritação.

"Não vamos deixar que você desista!"

Estavam interessadas demais no rapaz, no que ele faria ou deixaria de fazer. O que significava aquilo, afinal? Aprende-se desde pequeno que não se deve mostrar interesse por estranhos – deve-se cuspir, esbarrar e desprezar. E, claro, desculpar-se depois, sorrindo. Mas devo estar fazendo algo muito certo para merecer isso: motivavam-no, aplaudiam-no, admiravam-no, apaixonadas.

"Nada disso, meu filho."

Mesmo entre toda aquela gente, o senhor realmente se destacava: tinha no rapaz um interesse especial, que não conseguia se definir entre carinho e compaixão, mas que chegava a ser até inspirador; olhava para ele como se olha para um namorado, ou para um doente terminal.

"Filho, sabemos como você se sente, como você teve de abrir mão de tudo, deixar tudo para trás para vir até aqui. Sabemos que você estava desesperado, e que não tinha escolha. Compartilhamos seu sentimento, e, se não estamos com você, é por covardia e não sabedoria. Mas não é por esse motivo que vamos deixar que você desista de fazer o que está aqui para fazer. Tudo de que você precisa é uma pequena força."

Agora, isso sim era um alívio. Não sei o que eles querem, e eles compartilham meu sentimento! O rapaz resolveu que era melhor tentar voltar-se para o que restava de pôr-do-sol e recuperar sua pequena escapada. Mas era impossível: apesar de seus esforços para ignorá-lo, o quê solidificara-se, estabelecera-se, ganhara força. As pessoas estavam determinadas a encorajar o rapaz até o fim, até que ele fizesse o que elas estavam ali para vê-lo fazer. Ao ver que ele talvez não o fizesse, elas enraiveceram-se. O senhor estava particularmente desapontado – tinha grande esperança no rapaz.

O rapaz estava, sem qualquer brilho de dúvida, condenado: ou fazia de vez o que queriam que ele fizesse, ou fazia de vez o que queriam que ele fizesse. Mas era improvável que ele descobrisse o que queriam dele; logo, seria forçado a fazê-lo. E nada jamais apagaria de sua memória a expectativarrevoltadecepção estampada no rosto daquelas pessoas.

Insinuo-me então no mirante, por entre a multidão, chego mais perto que o senhor, que começara o que ali acontecia; empurro o rapaz pelas costas, dou a ele a força de que precisava, e o livro de sua vergonha.

Aplausos.