muitos jovens literatos costumam me enviar perguntas sobre o que fazer
com um personagem, uma vez concebido. questões éticas sobre os direitos
ou vontades desse personagem parecem turvar um pouco a visão criativa de
alguns colegas. outros se encontram simplesmente paralisados ante a
infinitude de possibilidades para cada personagem, e acabam vendo sua
estória definhar entre episódios cotidianos totalmente desinteressantes e
situações absurdas que parecem ser a única maneira de empuxar a
narrativa. nada disso, no entanto, importa; desde que seu personagem
seja fera, BEM fera. no momento em que vivemos, o da pós-narrativa
neoantidramática, pode-se dizer que toda a nossa energia criativa deve
se concentrar na criação do personagem. então ele existe (como imagem, acima de tudo) e já não é mais preciso contar o que acontece com ele. ele de fato não precisa fazer nada - é claro, desde que ele cumpra sua função primordial: a de ser
muito fera. com isso feito, basta a você, criador antenado com seu
tempo e sua realidade, presentear o mundo com sua criação. espalhe seu
personagem por aí! coloque-o em todos os lugares, absolutamente todos!
ele merece viver por si só, longe do mofo da velha narrativa, longe de
situações mal-ajambradas e descrições desnecessárias. deixe-o viver, e
ele viverá. talvez ele morra, mas se isso acontecer é porque ele não é
fera o suficiente (lembre-se: essa é a única coisa que importa). só
assim seu sucesso será pleno.
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20140730
20101124
Sobre Benjamin sobre o ator

aktior spassiot liudi liubliut smatret liudi liubliut aktior on liobov liudiei.
aKtior prevoshodIt. Nam On spassiot.
20100608
20090516
As fotografias-still como criadoras de narrativa (3 quebras da 4a parede).
Nesta primeira foto, me interessam especialmente 3 pontos.
1- O enquadramento, que transforma o ato grupal em uma experiência subjetiva; não há dúvidas que a protagonista é a moça do meio (que vou chamar de Mila daqui a diante), que recebe o falo e o carinho no peito. O enquadramento arranca as cabeças dos outros participantes, o homem tende gentilmente em direção a ela, o corpo sinuoso de Mila revela, num espelho ao fundo, seu próprio reflexo;
2- ainda assim, nosso olhar é rapidamente conduzido pelo jogo de corpos ao rosto dela, que olha diretamente para fora do quadro, à esquerda. Ménage à trois? Não exatamente;
3- o mistério do olhar para fora-do-quadro revela-se dentro do próprio quadro: Mila olha para a câmera (a outra, a irmã mais nova, a filmadora) e, portanto, atua.
1- Aqui, temos os rostos dos dois outros participantes. Ainda assim, a posição central e o fato de ambos tentarem dar prazer para Mila a mantém como importantíssima protagonista do ato;
2- o olhar se dá direto para a câmera. O jogo se simplifica: não há mais filmadora, não há mais olhares-para-fora, só há uma cumplicidade tremenda com o público; Mila sente prazer (sente?) para nós, e não por ela.
1- A luz no difusor, que antes clipava no espelho, deslocou-se para a direita um bocado e... Ora, lá está a câmera filmadora! Mas...
2- agora os atores riem olhando para o fora de quadro. Está aí o ponto-final: a atuação não é apenas para as câmeras, mas é, ora só, dirigida pelas câmeras. Esse sorriso no rosto de Mila, esse olhar do jovem, a moça debaixo quase que ainda dentro do jogo... isso pode ser encontrado em qualquer coleção de fotos de set, este é o curto momento em que os atores saem do personagem e riem de algo que a equipe disse... ou quando se diz 'Corta!'. De repente, tudo é humano demais.
******
Escolhi essas fotos para mostrar como a câmera fotográfica pode se apropriar dos momentos de uma filmagem para criar algo inevitavelmente novo e diferente do processo cinematográfico por si só - muito além do simples making of.
Deixo, de presente, uma irmã da foto um:
Obs.: Cliquem nas fotos para versões maiores.
isto é:
cinema,
crítica,
fotografia,
ricardo miyada,
teoria
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