20130325
20130302
20130214
20121230
Minha grande descoberta religiosa dos últimos dias.
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Detalhe do Santo que me enganou por trinta anos. Nesta foto, não dá pra identificar bem que gesto ele faz com a mão direita (mas na esquerda está a chave, que não é da cidade). |
20121226
Minhas grandes descobertas religiosas dos últimos anos.
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20110628
versículo 1000
20100315
O Níquel da Eternidade - Esboço de um Road Movie
Direciono meu olhar para uma pedra, uma pedra brilhante à minha esquerda. Abaixo-me para tocá-la, para sentir a incomparável sensação de plenitude. Um susto. Quem é aquele que vejo? Seu rosto está turvo – a água é rápida – mas reconheço seus traços. São familiares. Tantos anos se passaram desde a última vez que vi esta expressão, uma expressão que transmite segurança. Segurança. E, em uma fração de segundo, torno-me inseguro novamente. Pois percebo, assim, que o rosto que vejo, na turva água do rio, é o meu.
Não reconheço as rugas que o cobrem agora. Abaixo-me mais um tanto. Consigo encostar na brilhante pedra, e um arrepio percorre meu corpo – o suave frescor da natureza. E raciocino. As rugas denunciam. Denunciam que, inesperadamente, rolou de meu bolso, perdendo-se para sempre, o Níquel da Eternidade.
O que me trouxe até aqui? Estes pés? Serão os pés, que nos fazem caminhar, os responsáveis pela viagem? E, se assim não forem, serão eles apenas servos de alguma outra faceta física do Eu? Não posso crer nisso. Sim. Os pés me trouxeram até aqui. Assim como me trouxe até aqui meu baço. Assim como me trouxe até aqui a tireóide. Assim como me trouxeram até aqui meus fígados, todos os três que possuo. Não há hierarquização entre os órgãos. Assim quis minha Mãe. Minha Mãe que é por tantos renegada – a Mãe Vida.
Mãe Vida escolheu-me outra Mãe. Uma Mãe de carne e osso. Uma Mãe Humana. E esta, por sua vez, forneceu-me uma Mãe, uma Mãe menor, unicelular. Seu óvulo. Poderia ter sido qualquer outro, mas foi aquele. Foi aquele, aquele se tornaria minha Mãe. Minha Mãe, dentro de minha Mãe, escolhida por minha Mãe Vida.
Pai, não tenho. O que é o pai? Fornecedor do material genético, do Sopro Existencial? Pois meu pai era aquele espermatozóide. E, no momento em que perfurou – (consigo sentir essa dor sofrida até hoje) – a parede de minha Mãe Unicelular, ele se desfez. Seu material genético – Meu material genético – foi espalhado por dentro da Mãe Unicelular. E desfez-se o espermatozóide. O homem que gerou o espermatozóide, diriam os mais biológicos, esse sim é meu pai. Não o espermatozóide. Nego. Ele era apenas um vetor...um vetor que fez minha existência ser possível.
(E será por isso que o vejo apenas como um Vetor?
Pois assim fui concebido.
Meu coração dispara. Apalpo meu bolso. Nada. Perdido. O Níquel foi perdido. Durante anos cunhado, durante anos estudado...e agora, perdido.
Resignação?
Derrotado?
Não. Olho novamente a água. É como um filme passando em minha cabeça e, traindo as leis da Natureza – Natureza suprema, pois então como tão facilmente traída? – a água inverte seu curso. Procuro-me no reflexo. As rugas...Permanecem. Percebo que estava de olhos fechados.
(Quais olhos?)
Abro-os. A água segue seu curso regular. As rugas...Permanecem. O Níquel, este se foi. Sinto que minha Metade Menor impulsiona-me para baixo. Olho a grama tão verde, tão verde -- e o Verde, a cor-mor da Mãe Natureza. Ela me seduz.
“Venha, Filho”, ecoa.
20100222
Reflexão-rocambole matinal
Vou tomar o Я e o R ('ya' e 'rr'), o primeiro sendo o mais simples "Eu" (em russo e, foneticamente, também um 'Sim', em alemão) e o segundo algo talvez ainda mais simples, um rosnado neolítico ou de um cachorro. Se alguém conhecer alguma partícula de alguma língua que seja constituída simplesmente por esse fonema ('rr'), gostaria de saber.
Podemos levarmos em conta que Я está presente em яблоко ('maçã'), a fruta da perdição. Com boa vontade, pode-se perceber que Яблоко é formada por Я [eu] + Ьлок [bloco] (о) [o 'o' final dando à palavra um caráter ao mesmo tempo neutro, de substantivo - sendo portanto a maçã, enquanto substantivo, a materialização do conceito - e adverbial, a modo de...]. A soma é fácil, e o resultado surpreendente: qual é a primeira conseqüência da mordida que Eva dá? A percepção de que ambos estão nus - passam a olhar para si próprios - e envergonham-se.
Não conheço as origens que levaram a formação das letras Я e R, mas seria decepcionante descobri-las apenas um acaso de convergência, como me ensinaram serem os golfinhos em relação aos demais peixes. Também não pensei muito sobre o "rosnado" ('rr'), ou até pensei, mas não me agradou a primeira ideia que vem à cabeça, por me parecer muito simplista e antropocêntrica: em oposição aos "Eus" (que se perceberam como 'Eus' após comerem do 'bloco de Eus', da 'matéria que contém todos os Eus'), os ainda selvagens a la 2001. Oras, mas será que os selvagens a la 2001 não se reconheciam como eles mesmos?
E há também a questão da ordem.
ЯR ou RЯ? Acho que a diferença é significativa demais para passar desapercebida.
20090923
20090922
20090921
20090920
20090528
Quando Padre Vieira subiu no palanque,
Subiu, já disse, no palanque e como um breve instante de silêncio se fez entre todos, aproveitemos a chance para dar-nos algum contexto. Ocorre que certo reboliço se havia criado na Espanha quando um grupo indecoroso começou a espalhar por aí ideias já um tanto antigas de que todos os fenômenos do mundo e mesmo a própria vida podiam existir sem necessidade alguma da influência ou mesmo da existência de Deus.
Não surpreende que a Igreja tenha querido rebater os argumentos com máxima agilidade e tentando impor o máximo de respeitabilidade aos contra-argumentos, de forma que agora, e é a última vez que repito, subia Vieira ao palanque. O padre então limpou a garganta não porque precisasse, mas porque sabia como um discurso tinha que ser feito, e ergueu a mão sinalizando para que cessassem os burburinhos (iniciados logo após o instante de silêncio, talvez enquanto ainda nos contextualizássemos). Depois disse É claro que, sem Ele, ainda se morreria e se nasceria e reações químicas continuariam a ocorrer e células se aglomerariam em mórulas e corações enrijeceriam e chuvas choveriam sem Ele. Nada disso, porém, me tira a convicção de que sem Deus é impossível que haja vida ou morte ou chuva.
Por fim, decidiu-se que uma boa pira vale mais que mil palavras, e o padre incompreendido acabou provando da nova linha de argumentação da Igreja.