20091129

A reaction shot dos meus sonhos:

ANNA
Já fizeram em você?

GEPÊ
O quê?

ANNA
Assim...

GEPÊ
!

ANNA
Já?

GEPÊ
Claro que já...

ANNA
De graça?

GEPÊ
!


Quero um dia fazer um frame assim:



ANNA
Já fizeram em você?

GEPÊ
O quê?

ANNA
Assim...

GEPÊ
!

ANNA
Já?

GEPÊ
Claro que já...

ANNA
De graça?

GEPÊ
!

20091126

Fastio

Ah, o cabelinho escuro e tão tristinho,
sobre os olhos todos verdes e chorosos,
sobre o nariz que aponta o chão e nessas
mangas longas dos teus braços nunca expostos;

e esse ar pra sempre encolhido,
esse jeitinho todo enfastiado,
e o vermelho escondido [sobre o branco, sob o verde]
que simulam um eterno resfriado...

Não! Não te cures, mocinha, que assim,
tão fraquinha, és muito mais bonita!
Tão abatida que não há quem de ti não cuide,
tão morrendo que te dariam a vida!

Não, não desiste desse corpo curvadinho,
desses olhos que tanta água vertem
e desse jeito de olhar, perdida,
para aqueles que por te olhar se perdem...

20091125

dois-ou-um, três-pra-quatro.

Hoje tudo estava tão triste que eu resolvi tomar uma Sol pouco-gelada. Uma vez ela me disse que tem dias em que é melhor nem acordar. Já tentei uma vez ou duas, mas é muito difícil de perceber isso antes de acordar - às vezes os sonhos são tão ruins e, outras, tão reais! Hoje eu estava tão triste que resolvi fazer miojo com ovo para o jantar, no microondas. Outras vezes ela me dizia que era melhor sumir. Que talvez um dia eu chegaria em casa e ela já teria ido pra nunca mais voltar e ela seria feliz no meio do mato. Bill sempre dizia que era a maior mentira do mundo. Foi a coisa mais quente e mais nojenta que eu já fiz sair daquela portinha. Mesmo assim, eu sempre tive medo de chegar em casa hoje e ver o carro na garagem, a bolsa na cozinha, o celular carregando e tudo o mais no lugar certo menos ela, sumida. Comi sozinho num pote, ouvindo a chuva cair em um mp3 binaural.

20091121

As Crônicas de Patsy, O Judeuzinho - Parte I

Sete judeuzinhos alegres iam e vinham pela estrada cantarolando suas cantoraloças de sempre.
Um deles levava uma cassarola.
Dois tocavam trombetas e trombones, em rodízio.
Os outros quatro acompanhavam com palmas e assovios.

Iam-se lá os sete judeuzinhos quando se depararam com a Vaca.
A Vaca dançava a balalaika, tão alegre quanto no dia em que veio ao mundo (ou seja, pelada).
Os sete judeuzinhos ficaram abismados com tamanha opulência dançante, que tirava sarro de uma só feita tanto da sua música quanto de seus gestos lamuriosos de robô - duas ofensas terríveis ao povo judeu em um só golpe!

O judeuzinho mais velho - Patsy, o da cassarola - resolveu dar um jeito na Vaca. Patsy, o judeuzinho, se atirou com toda a fúria de Adonias contra o corpo balangolante da Vaca que rodopiava alegremente. Os seis judeuzinhos restantes se congelaram de medo. Patsy, o judeuzinho, foi de encontro direto com a têta mais-que-gigantesca da Vaca, que ainda rodopiava. Segurando-se como podia, Patsy não foi capaz de evitar espremer a têta mais-que-gigantesca da Vaca, que o atirou pelo céu em um jorro incrível de leite quente e fresco. Os seis judeuzinhos restantes gritaram e correram para socorrer Patsy, mas Patsy, o judeuzinho, estava encharcado demais com o leite quentinho e fresco da têta mais-que-gigantesca da Vaca para que os seis judeuzinhos restantes pudessem ajudá-lo. Porque leite era forbüden para os judeuzinhos - especialmente aquele leite tão quente e fresquinho e vindo de uma têta tão prodigiosa no tamanho e na dança da alegre balalaika como era a têta d'A Vaca.

20091116

É da vida, é da vida...

Ontem, enquanto dois pernilongos me picavam, pude ouvir a conversa deles: o primeiro começou falando sobre mim mesmo, que no momento era o assunto óbvio. Mas com a mesma rapidez com que me considerou “degustável” o segundo passou às questões mais práticas, em torno de como alcançar meu antebraço direito (estavam no esquerdo).

Eu quis me intrometer, porque fui com a cara dos dois, e sugeri um novo tema. Em troca, tive que oferecer o braço que cobiçavam, mas não vi grandes problemas. Sendo assim, pude contemplar um dos melhores diálogos sobre sinestesia que já ouvi. A definição do primeiro era bem pouco ortodoxa: o mesmo que um músico de formação erudita tentando tocar jazz. O outro foi mais simplório e a definiu como um truque racional que visa à sensação ébria de um copo de sangue pelo ouvido.

E falando em ouvido, foi aí que eles se aproximaram e eu comecei a me incomodar com o zumbido insuportável, que se sobrepunha às vozes singelas dos dois – que nada tinham de esganadas, é importante dizer, e se pareciam mais com uma versão aveludada de Mariana Ximenes. Bem, logo dei cabo dos dois e entrei no banho.

Mas a verdade é que só imaginei ter dado cabo dos dois. O segundo, de quem eu gostava menos, havia conseguido escapar e, sem guardar mágoas, acompanhou-me no banho. Parecia suportar bastante bem uma gota ou outra de água que ocasionalmente escorriam sobre sua cabeça.

Engatamos um papo e desenvolvemos a temática “afrescos”, sugerida pelo acúmulo de gotículas na janelinha do banheiro, que o fizeram lembrar-se de algumas obras de arte decorativa que vira uma vez em Porto Alegre. Minha esposa juntou-se a nós (a mim, consciente; a nós, sem dar-se conta de meu amigo) e, bem, tive que interromper a conversa por alguns instantes para começar outra:

-O lençol está com uma manchinha de sangue...machucou?

-Eu? Bom, eu não me machuquei...

Falar sobre meu homicídio dessa maneira me constrangia e eu tentei rapidamente mudar de assunto. Minha mulher é burra, de modo que pude logo inventar um jogo, que consistia em tentar lembrar se a sessão das quinze e dez era no multiplex ou no shopping. Valha-me deus, como funcionou.

Saímos juntos do banho e eu me distraí por uns instantes – sendo preciso, exatamente quando me secava e colocava a toalha de volta, pendurada -, o que foi suficiente para que perdesse meu novo amigo de vista. Isso me deu tempo para pensar numa próxima temática. Coloquei minha roupa pensativo, riscando idéias ruins que apareciam e fazendo pré-seleções das razoáveis.
Enquanto isso, minha mulher já se vestira e, com pressa, dava-me um beijo de “até mais tarde”.

Olhei em volta e não o encontrei. Peguei o jornal e comecei a ler. Ando de saco cheio dos cadernos culturais e dos editoriais. Sobre estes últimos, me incomoda o jeito com que tratam todos como se fossem ignorantes, ou melhor, ao menos soubessem menos do que aquele que escreve. É uma arrogância. Meu sindicato ontem fez dez anos e a cobertura foi pífia. Disseram que somos “uma máfia”. Bem, na verdade, eu não sou do sindicato, só fui o membro fundador, mas logo me retirei quando caí no, digamos, “show business”. De todo modo, é terrível imaginar como eu estaria constrangido hoje se lesse o tal artigo. Sobre os cadernos culturais...vou me abster. São quase como enemas pré-preparados, de tão desgostosos.

Mas não tive mais tempo na vida para nada disso. Enquanto folheava, não vi a quina da estante de livros, bati a cabeça com força descomunal e caí, já moribundo. Eu sangrava muito na testa e senti que o ferro enferrujado tinha cravado fundo. Dificilmente sobreviveria. Vi o sangue se acumulando na minha frente. Aí ouvi o zumbido – que logo cessou, gentilmente – e vi meu amigo me olhando. Não impedi que se servisse de meu sangue espalhado. Nem fiz qualquer movimento que encerrasse o monólogo:

-Pois é, mas pior do que esses afrescos mal feitos é sangue de gato, que é azedo. Você me falou sobre como prefere aquarela. Pois bem, mas guache é mais grossa e menos divertida. Borrifadores são mais caros, é verdade, mas prefiro do que uma tinta que você pode comprar em qualquer lugar e é só começar a jogar numa tela que fica tudo bem. Agora, soube de um colega que conseguiu ler dois livros em um dia só, e livros grandes. Outro teve que fazer uma limpeza intestinal, em casa mesmo, mas porque comeu muito enquanto lia, ficou lá sentado e nem percebeu o que aconteceu, enfim, quase explodiu! Aliás, foi o meu colega que foi-se lá no seu quarto, sabe?, mas sem mágoas, acontece, é assim mesmo. Vou compor uma música sobre isso. Prefiro acordes aumentados, que dão mais tensão...hô, hô, entende?, “tensão”, nos dois sentidos, musical e dramático, sabe? Pois é, mas aqui já começa a coagular, e eu não gosto.

20091113

Nu pogodi, caipira manquitola! (ou algo como um dia foi "krighabandolo", só que ao contrário.)

Na mala vazia (mas que mala, meudeus?) tem-se que colocar algumas roupas, por supuesto; roupas de calor, roupas confortáveis, roupas minhas, talvez até mesmo uma terrível sunga, quem sabe. Tem que pôr também... Livro? Baralho, jogo de dados, um caderno que eu não comprei e que por isso nem tenho. Câmera. Será? Bom, a velha tá emprestada, só pode ser a nova, mas encher uma reflex de areia, sei não... E a teleobjetiva pra brincar de zoom, será que eu levo ou não? Ah, mas vai ser mesmo mais do mesmo, a mesma galera tudo de novo, além do quê vai chover pro diabo. Supérbe, todo mundo jogando baralho no apê durante o fim de semana. Opa! Roupa de cama e toalha, isso não posso esquecer! Bom, nem isso nem o protetor solar e o juízo. Porra, juízo, se eu tivesse juízo eu não ia acordar às 5 da manhã pra pegar um ônibus pra ir pro metrô pra pegar um ônibus na puta que pariu da Jabaquara. Pra ir pruma praia. Ai, cacete, que vida que é essa? A mala vai ter que ser maior que a minha mochila de sempre, pois.

Acho que vou aproveitar e levar umas caixinhas de som pro meu iPod, isso seria legal, sim. E o carregador.

Cueca. Não tenho nenhuma cueca limpa... Bom, acho que uma só já é o suficiente. Bermuda também, todas as duas. E meia? Meia eu não tenho nunca, precisava era comprar. Mas também que cazzo eu vou ficar de meia na praia, só enchendo o pé daquela areia nojenta. Isso se rolar de ficar na areia. Ai, que preguiça disso tudo... Bem que eu podia ser uma dessas pessoas legais que se empolgam, acho que a vida ia ser mais bonita.

Mas no fim, no fim, o que importa é a convivência e a juventude. Depois que eu morrer cedo, bom, aí não tem mais volta, né.

Que se foda esse mundo.

Vida familiar : )

Ana Carol disse...

Realmente funciona...o papel aluminio nao faísca, não tem perigo...meu marido não queria deixar eu tentar, mas depois resolvemos ver no que dava...
Valeu pela dica!!!

20091110

I´m uma vítima de um mensageiro do amor do coração. (It´s invisível mas, tão touchable!)

As rosas são vermelhas e
As violetas são azuis;
O mel é doce, mas não tão doce como você
rosas é vermelho ê

As violetas são azuis.
lama da identificação do dae (dispositivo automático de entrada)
da identificação do anúncio;
lama da identificação do dae (dispositivo automático de entrada)
da identificação do anúncio;

Di a Dinamarca de Dum di diâmetro.
Picareta vinda minhas rosas!

20091109

Tantas horas, tanto papel, tanto tempo! Como se explica chamarem "ganhar a vida" uma maneira de perdê-la?

indexibilidade vezes 2

1. Sérgio no mato. Eu te odeio

2. Camila, você me odeia. Como assim.

3. É tudo uma grande mentira!

4. O lençol sujo, mentira?

5. Na cama compartida, só um copo dágua é que sabe o que é que a baiana tem.

6. E que tem pra dar e vender... – disso sabe Sérgio, mas sem saber.

20091107

A CRIATIVIDADE VEM JUSTAMENTE QUANDO PERDEMOS O TREM (de rimas estou farto | de ideias estou flatus)

Não é possível que ele consiga trabalhar tanto com a cabeça de forma a criar mundos e fundos sem quaisquer tipos de dificuldades!

O que ele diz:

- Escrevo todos os dias por cerca de 8 horas e sempre jogo fora as primeiras 3 horas do trabalho porque são sempre lixo.

O que eu entendo:

- Passo 3 horas tentando escrever alguma coisa, batendo a cabeça contra o teclado ou enfiando a caneta na boca e chupando a tinta ou dormindo no sofá; nas outras 5 consigo escrever algumas linhas mas mesmo assim é tudo lixo e talvez essa história toda de escrever me deixe muito triste.

A verdade:

- Não me importo com entrevistas não me importo com a verdade eu só quero paz e seu dinheiro vá embora daqui.

A mentira:

- Não me importo com vocês não me importo com a verdade o que eu mais quero é a paz e ganhar um pouco de dinheiro isso tudo não é nada vá embora daqui.

Uma parte:

- Não te ouço mas não importa, não estou aqui como datílografo.




Arre, que chateação! Vou para Acapulco.

20091105

poesia

Derradeiro em seu modelo, o poeta moderno é um morimbundo -
nasceu já quase morrendo

Todas as palavras que ele deixa são rastros
Todos os versos são trilhas
Todos poemas jornadas

O poeta moderno é as lacunas que ele deixa
e as pegadas