No romance "Dance Dance Dance", do Murakami, sempre que perguntam ao protagonista o que ele faz pra viver, ele diz que "limpa neve" (será que foi assim que traduziram? na versão em inglês é "shoveling snow").
O interlocutor frequentemente reage confuso, "Você limpa neve?".
O protagonista, que é também o narrador do livro e, provavelmente, é a mesma voz masculina de 90% dos outros romances do Murakami, responde:
"É, sabe, neve cultural".
(ele escreve para revistas de viagem sobre restaurantes, dentre outras coisas)
Enfim, isso tudo porque alguém precisa limpar a neve de frente das casas e de cima dos carros para que as pessoas possam andar. Não há nada de errado com isso.
E é assim que é.
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20130815
20111026
Júlio Marins, atualmente com trinta e quatro anos, não tem um
labrador nem um grande aquário marinho em seu apartamento duplex. Sequer
tem um apartamento duplex. Em qualquer projeção que já fizera em toda a
sua vida, mesmo naquelas feitas na véspera de seu último aniversário,
Júlio sempre se vira aos trinta e quatro anos em um duplex, com um
labrador e um grande aquário marinho com as mais escabrosas espécies de
crustáceos e moluscos que pudesse encontrar.
Durante sua infância, Júlio notou um fenômeno metereológico até o momento inexplicado pela ciência mas que o perseguiu desde então: todos os seus bons desempenhos em avaliações eram precedidos por pequenas catástrofes climáticas, que envolveram ventanias mais ou menos controláveis e tempestades de verão, chegando ao Furacão Catarina, na data de divulgação de sua última nota antes da formatura em uma faculdade particular de Santa Catarina e culminando nas enchentes de 2008, ano em que concluiu seu mestrado em Comunicações. No campo profissional, sua sorte não era muito melhor e Júlio, já treinado para observar essas coincidências, rapidamente reparou que todas as bonificações, promoções e aumentos recebidos em seus dias como redator de uma revista de entretenimento corresponderam à morte de um grande ídolo ou de algum familiar — o que, em parte, explica sua atual atuação como free-lancer, bem como a ausência de um duplex, um labrador e um aquário em sua vida.
Sua maior sina, no entanto, são os assuntos do coração. Cada uma das mulheres que Júlio amou conseguiram, de alguma forma, machucar-lhe de uma forma que o fazia sentir-se destruído, torturado, assassinado.
Nada disso, porém, o desanima. "Vá lá que para cada passo à frente, dou também um para trás", diz. "Mas nunca parei de dançar".
Durante sua infância, Júlio notou um fenômeno metereológico até o momento inexplicado pela ciência mas que o perseguiu desde então: todos os seus bons desempenhos em avaliações eram precedidos por pequenas catástrofes climáticas, que envolveram ventanias mais ou menos controláveis e tempestades de verão, chegando ao Furacão Catarina, na data de divulgação de sua última nota antes da formatura em uma faculdade particular de Santa Catarina e culminando nas enchentes de 2008, ano em que concluiu seu mestrado em Comunicações. No campo profissional, sua sorte não era muito melhor e Júlio, já treinado para observar essas coincidências, rapidamente reparou que todas as bonificações, promoções e aumentos recebidos em seus dias como redator de uma revista de entretenimento corresponderam à morte de um grande ídolo ou de algum familiar — o que, em parte, explica sua atual atuação como free-lancer, bem como a ausência de um duplex, um labrador e um aquário em sua vida.
Sua maior sina, no entanto, são os assuntos do coração. Cada uma das mulheres que Júlio amou conseguiram, de alguma forma, machucar-lhe de uma forma que o fazia sentir-se destruído, torturado, assassinado.
Nada disso, porém, o desanima. "Vá lá que para cada passo à frente, dou também um para trás", diz. "Mas nunca parei de dançar".
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