Comecemos
por uma distinção básica no comportamento feminino: as raparigas
que jogam, as gurias que vão direto ao ponto, sem enrolação.
Para
alguém com a elegância e desenvoltura de um Mr. Bean e uma retidão
lógica teuto-lusitana, uma jogadora é o colapso das referências,
me deixa mais perdido do que em meio a ideogramas japoneses. Grosso
modo, mulher jogadora seria aquela que diz que quer, mas chega na
hora e dá todos os sinais que não quer (vale o inverso, diz que não
quer, e fica provocando). Claro, se eu não levasse tão a sério o
que as mulheres dizem, tudo ficaria mais simples – mas lembrem-se
de minha retidão lógica, para não falar da minha auto-confiança
na arte da sedução. Seguidamente acho que elas fingem que querem
que o homem entrem no seu jogo, quando na verdade estão em busca do
macho-alfa, que faça justo o contrário, por mais que se achem
agressivas sexualmente. Como nunca me dei bem em grego, termino em
ômega... O duro é quando a jogadora é tão hardcore que se
contradiz em menos de dez minutos. Primeiro diz, logo que o clima
começa a esquentar, que não quer transar aquela noite para, dez
minutos depois, soltar um “pode fazer o que quiser comigo”. Nada
contra sutis contradições, acho elas encantadoras, fascinantes, mas
diante de tamanha contradição, a brochada é inevitável – na
hora vem os Segundo analíticos à
mente. Parece que às jogadoras a irritação e a frustração
são sentimentos inevitáveis quando estão diante de um pega-ninguém
– mas não mudam seu jeito de ser.
As
que vão direto ao ponto dão a impressão de simplificar a vida –
ao custo de perda de um pouco de poesia e um certo jogo
lúdico-erótico das jogadoras. Algumas tentam contornar esse papo
reto com algumas estratégias para enrolar um pouco e fingir algum
caminho menos “é isso”. A transa certeira e desejada por ambos
ocorrerá assim que o homem preencher as três guias do formulário,
ela carimbar no lugar especificado e você adicionar, ao final do
processo, uma carta de intenções. É só fazer que dá certo, não
tem fila, só uma demora habitual de carregar a papelada pra lá e
pra cá. Mas fica com um certo gosto burocrático em tudo – se ela
quiser combinar as posições autorizadas de antemão, então...
As
legítimas direto ao ponto, essas nada de perder tempo com joguinhos,
acordos, contratos, formulários, o que for – elas dizem logo qual
a opção pro momento. Se for o caso, é tirar a roupa e mandar ver;
se ela não tiver a fim, não rola; e se ela mudar de opinião,
cumpra o que ela quer – ou, como escutei uma vez de uma garota
desse tipo: “esquentou tem que comer”. Convenhamos, essa frase
não soa exatamente poética. Me senti com a mulher-microondas,
lembrei das lasanhas congeladas com o mesmo gosto, independente do
sabor, ou mesmo das simples torradas feita no aparelho, que têm que
comer logo, se não ficam intragáveis. Poupei a guria da minha
comparação, mesmo assim chegamos à conclusão que havia alguma
incompatibilidade entre nós.
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