20101110

MERGULHO E DOR DE CABEÇA

A dor de cabeça (cefaléia) pode aparecer nas seguintes situações:


NA DESCIDA
DURANTE O MERGULHO
NA SUBIDA
APÓS O MERGULHO



Na descida



Barotrauma de seios da face: (frontal/esfenoidal/ maxilar e mastóide) podendo ou não estar associado a sangramento nasal e náuseas. A cefaléia pode ser geral ou localizada no respectivo seio acometido.

Barotrauma de ouvido médio: a dor de cabeça está localizada ao redor da orelha ou dentro dela podendo irradiar-se para região temporal, cervical e na região central da cabeça. Associado a náuseas, tonturas e perda parcial da audição.

Barotrauma dental: relacionado a restaurações precárias. A dor é referida na mandíbula, pescoço, região da maxila do lado acometido, associado a dor na região central da cabeça.


No fundo



A retenção de CO2: é uma das principais causas de cefaléia durante e após o mergulho. Causada por erro na maneira de se respirar (respiração superficial) impedindo a troca correta dos gases no alvéolo pulmonar. A dor de cabeça é generalizada e pode estar associada a náuseas e vômitos (uma das principais características deste tipo de dor de cabeça é que ela passa gradativamente com o retorno da respiração correta – inspiração profunda e expiração total). Às vezes roupas muito apertadas impedem a expansão adequada do tórax podendo ajudar no seu aparecimento.



Síndrome têmporo-mandibular: (dor na articulação da mandíbula) ocorre quando não existe uma perfeita adaptação do bocal do segundo estágio ou ele está em condições precárias dificultando sua apreensão pelos dentes tendo que se desenvolver um esforço maior e contínuo para mantê-lo na boca. A dor é referida nesta articulação podendo se irradiar para região temporal e cervical posterior (nuca) muitas vezes associada a zumbidos.

Quando o snorkel é colocado sob a tira da máscara pode pressionar a região temporal desencadeando dor de cabeça por compressão dos vasos nesta região.



Barotrauma de máscara: além dos sintomas locais pode estar acompanhado por dor de cabeça.



O capuz apertado: pode levar a uma diminuição do retorno venoso da cabeça para o coração por compressão das veias do pescoço. Leva a dor de cabeça generalizada.



A posição ao mergulhar: pode desencadear dor de cabeça. A hiperextensão do pescoço continuada (olhando para frente) pode levar a uma cervicalgia (dor na nuca) com irradiação para a região occipital da cabeça (posterior).



Ar contaminado por CO: pode levar a dor de cabeça associada à náusea e vômitos. A característica é que este tipo de cefaléia tende a melhorar com a subida (dependendo do grau de contaminação) e respirando ar não contaminado (octopus do dupla). Quando os sintomas persistem na superfície pode se usar oxigênio para agilizar a melhora dos sintomas


Na subida


Barotrauma reverso: de ouvidos e seios da face.Pode ocorrer quando existe um edema, inchaço e sangue acumulado nos seios da face bloqueando a permeabilidade durante o mergulho. Esta situação também pode ocorrer quando se usa descongestionante antes do mergulho e o efeito acaba durante o mergulho (principalmente).

A dor pode ser severa localizada no seguimento afetado e tendo a dor de cabeça generalizada associada ainda sangramento no nariz e ouvido.


Após o mergulho



Doença descompressiva: também pode estar associada à neurológica, mas não é o sintoma predominante. A manifestação além da cefaléia é parestesia/paralisia dos nervos cranianos (como alterações dos músculos da face-retrações).


Algumas considerações relevantes



A mais freqüente dor de cabeça após o mergulho é o barotrauma de seios da face e retenção de CO2 (esta se inicia durante o mergulho).



A cefaléia do nadador é a dor de cabeça que aparece por uma associação de imersão na água fria e vaso-dilatação por esforço físico.



A pessoa que já tem enxaqueca controlada com uso de medicamentos contínuos ou esporádicos pode desenvolver crise de enxaqueca durante seu mergulho (pelo stress, água fria e roupa apertada e exercício). É fundamental que se controle a enxaqueca antes do mergulho ou se aparecer durante o mergulho é recomendado que se interrompa o mergulho, pois poder ocorrer uma crise forte acompanhada de vômitos e desorientação.



A crise hipertensiva com dor de cabeça (um dos sintomas) ocorre quando não existe um controle eficaz da hipertensão arterial e pode ser precipitada pelo stress, água fria e o exercício físico. O controle rígido dos níveis pressóricos acompanhado por um especialista é fundamental para se evitar uma crise hipertensiva durante o mergulho.



Percebemos assim que existem inúmeras causas de cefaléia cada uma com suas particularidades. È fundamental investiga-las e entende-las. Uma consulta com um especialista, muitas vezes pode tornar-se necessária.



Dr Hélcio

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