20110629

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Vinte e sete dias depois do desaparecimento de Maria, encontraram escritos miúdos em papel de pão, com caneta azul que acabou no meio do texto, secando pouco a pouco o que ela provavelmente continuou em sua cabeça. O seguinte:

Um cavaleiro pula diante da raquítica donzela devoradora de livros. Um impulso interior sequestra o coração de ambos. Mas ao invés de agora serem um, pelo desencontro do sequestro, cada um deles se vê vagando cada vez mais distante de si ao lado daquele outro corpo que se rasga a sua frente. Não dois, não um –– nenhum.

A donzela sou eu. E toda sua vida que deixara para trás ao inventar aquela viagem que só não era fuga porque toda planejada. Em suas ideias ainda resiste a simples ideia fundante de que as ideias têm esse valor da operação limpa e controlada, como a vida das donzelas.

O cavaleiro sou eu. E toda a sua vida matando em nome da honra que nem mesmo sabia o que significava realmente, apenas sentindo comichões no estômago. A ação lhe corrompia o própio corpo que conhecia mais e mais até que um dia este própio corpo lhe escaparia das própias mãos e todo seu aprendizado honrado se mostraria tão tolo quanto a pedra que lhe quebraria o crânio.

Eram suas formações que os mantinham sempre sequestrados. Porque o cavaleiro não era donzela e nem ela cavaleiro. Sempre lhes faltaria o pote de ouro simbolizando o resgate. Sempre e sempre buscariam algo fora de si ou encontrariam em si a própria fuga no outro.

Pois agora vejo –– aqui diante deste estalactite cama de pregos –– que um coraç

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