nunca na vida eu queria ser assim um moço pequeno e aleijado, não mesmo, queria ter perna-de-pau e ser pinóquio crescido, voando, elementar que nem carbono, fonte, fui passando pelo beco com os dedos cobertos de melaço - me chamo juca, sou esperto, pego duas moças pelo preço de uma; gêmeas, uma não sabe quem é a outra, escapo-já em tumtumtá - acusando crime: LADRÃO, assassino!, enfiei o braço na botija mas não sabia que tudo ficava tão feio, achei que era só uma moça-estátua-recipiente-de-felicidade, enfarto não é minha culpa...
CORO:
Veja só
o menino
que fugiu
da escola!
Pé-de-pato
sorridente
morre logo,
joga bola!
E Juca, agora, sem chance alguma de escapar - uma vida inteira de marginalidade resumida em um instante, decisivo, clássico, definidor, autocontido - fractal (um conceito que não sabemos entender; chegamos no máximo até a teoria dos fluidos ilustrada pelo carrossel holandês, no máximo, e a polícia cabisbaixa cercando o prédio olhando no relógio, 15h25, o Robinho já deve tar na quinta marcha, e aqui... Ele não existe mais, é só arquétipo e, droga, pera) agora sim, ele não existe mais, acuado em um barraco (se fosse desenvolvido (entre aspas, já que detroit ACABOU, ouviu, A-CA-BOU, a queda do império, agora só vivem ratos e astrólogos lá) seria uma fábrica abandonada - símbolo do quê, exatamente?, não sei) com uma bazuca, isso mesmo, BAZUCA nas mãos, ameaçando estourar tudo se não deixam sair, a rua vazia, ninguém

e aí, bumpaticurungudum, um salto temporal - o capitão major tenente olha o relógio e, nããããão!!!!, 17h40 já, uma gritalhada danada, na rua uma escola de samba chamada POVO, explodindo, balançando, logo Juca já sumiu, colorido, e vai votar esse ano, jájá todo mundo vota, eu sou assim, aqui, sambote, ê-ô-ê, eu
Queria falar sobre o que não bate mais no meu peito e o medo de
não, preciso explicar porque pensar numa solução já é
agora, só agora, murmuro sobre os gatos e as suas caudas
meu deus do céu eu
Os detetives John e Adolph nunca encontraram ninguém; "isso é passado, garoto, poeira de sonho" ----- não,!, num deserto sacando uma pistola e matando Cai-Sentado com fumaça mas não tem, não, eu ----- cambalhotando com voz-em-tudo rindo, Eu gosshtow dee voucêee, nossas mulheres, não, fiquem!!, fugindo pro abrigo agora
JOÃO: VEM VAGABUNDA
ELA: SUA.
beijo, sem pôr-do-sol.
NÃO DÁ MAIS, explodindo (mas não, explodir não é meu, não, pulando)
Juca segue dançando, ô danado, êêê.
tags sugeridas: copa, villa lobos, nelson rodrigues, nossos ancestrais, gênero(dúbio), insegurança, eba.
ResponderExcluir