20100628

UMA COISA

Eu queria escrever um texto, um texto pra você que você pudesse ler e falar "caramba, ele tá falando comigo, COMIGO!" ou então se borrar toda, sei lá. Passei a noite inteira escrevendo, então espero que você pelo menos goste:

R atira em uma pomba; erra.
M diz que o segredo é relaxar o braço e firmar o pulso; M acerta uma pomba em cheio, que cai em cima de um telhado/lage.
R diz que não vê muito sentido naquilo; erra de novo.
M diz que é por isso que ele não acerta.
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Duas bicicletas passam correndo pela ponte e pegam a estrada no meio de caminhões, carros vindo do litoral, um rio, mato, muita fumaça. Eles param perto de uma cidade, ela atira água no rosto, a água escorre pelo pescoço, molha a camisa e ali por dentro. Ele diz tchau e volta correndo, antes que desmaiasse feito um idiota. Idiota!
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A casa quieta, o pai fora atrás de peixe, ele entra suado atrás de uma laranjada. Sininhos; ele se vira, ELA atrás dele, enrolada em uma toalha e bebendo um chá muito esquisito.
R pede desculpas, gagueja.
C oferece a chávena muito esquisita.
R aproxima uma caneca, C enche com o chá sem parar de olhar pra ele;
R não olha pra cima e agradece.

Você devia ficar mais em casa, na cozinha... Faz falta, sabia?
Ele não diz nada. Ela respira no ouvido dele, perto, DENTRO...

Você é especial...

Ele olha e ela está longe, na sua frente, nada dentro dele, nada perto - dentro, quente...
Larga o chá e corre pro quarto.
Sorriso.

5 comentários:

  1. poha, não bota a mãe no meio!!!

    bundão. :(

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  2. Tem futuro, parece quando eu ficava escrevendo contos do pequenos deuses pra conseguir escrever o roteiro :)

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  3. Ainda fico meio assim da M. atirando em pombas, mas adoro a imagem.

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  4. Isso me lembrou daqueles "hostilidades" do Lex. Acho que nunca saberei como (se) acabam.

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