20081225

Romance #29 (ou: Os Primos)

29 minutos de depressão antes que a moça pudesse fazer qualquer coisa que quisesse fazer, antes que qualquer um de nós pudesse tocá-la, antes que meus dedos caíssem ou qualquer coisa do tipo. Não sei direito como contar isso a meus netos, a sensação é estranha, como a de um músico que improvisa sem nunca ter tocado - um saxofonista ao piano, algo do tipo, não sei. Sei que o bar não era grande o suficiente e ela brilhava de um jeito antinatural e ridículo.

29
dedos
A M U S É
com a moça inscrita.
Se essa moça
se essa moça
fosse minha
eu fazia
eu fazia
ela amar
para sempre
para sempre
os meus olhos
e botava ela na cama
pra olhar.

Nunca mais nos vimos, mas os frutos estão por aí: é só olharem para cima, acredito, e ficará evidente. Beijem sempre, sem parar, e fim.



[permute sempre aquilo criado pelo criador: o resultado será inútil. nenhum desses é real, nenhum desastre deles - ela foi dilacerada por vampiros, creio - é tocante, são binários, reprodução assistida, apenas, etc. no fim, aquilo de valor é o acaso - a pressa impulsionada pelos 29 minutos de bateria restantes que leva a criar algo diferente do pensado - a magia da espontaneidade!, - ou então os dedos que tremem e monalisam. os nomeados - julia e rafael, diz-se -, no entanto, são só labirinto (prosópopo) de pontuações; são só - e só - construtos, ainda esperando, como sempre, alguma destruição posterior que os liberte: o olhar de quem acompanha e não se emociona.]

3 comentários:

  1. Que lindo, Gui! (eco: você é gay, Clementine!)
    Acho que sou meio putinha para textos metalingüísticos (não, eu não vou dizer para textos que falam sobre o amor, seria muito menininha). E, é a vida, meu caro poeta, o lema é manter a vigilância constante.

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  2. depois da musiquinha me senti uma criança a observar um quadro de algo abstrato o_o'

    ;P me pergunto se 'o amor passou' depois de tantas palavras difíceis. xD

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