20130925

lorota fotográfica IV


tendo praticado um pouco mais a fotografia verdadeiramente digital (embora não seja verdadeiramente fotográfica), levanto conclusões iniciais (inícios conclusivos):

1. a câmera fotográfica frequentemente está ligada a um corpo. no fotojornalismo, o corpo costuma estar no chão e se insinua por trás da câmera. se pensarmos nos clássicos-modernos, na magnum, enfim. num jogo (ainda mais nesse estilo de jogo), a câmera não está na mão de ninguém, ela orbita em torno de seu avatar. nesse sentido, comporta-se mais como as lentes de um paparazzo. lara é uma pequena celebridade de meu jogo (mas apenas do meu).



2. por orbitar, a câmera é espécie de câmera-drone. para torná-la câmera-olho, é preciso ir contra o jogo. na verdade, a ética do plano-na-altura-dos-olhos se torna quase impossível. um leve plongée, pouco inspirado, tenta forçar suas regras sobre o ponto de vista do jogador. mas e o jogador-fotógrafo, ele deve negar essa visada ordinária (que nada tem de ordinária na vida cotidiana e que esteve na base de certo construtivismo fotográfico, os olhos de um avião, aqui simulados)?




3. em um jogo assim, a identificação é complicada. lara é objeto-fotográfico e objeto-cinematográfico (personagem). torço por ela e a controlo, mas o faço indiretamente. não é na primeira pessoa, nem na terceira. second person massive multiplayer online game? eu fotografo você, lara.

4. a responsabilidade do olhar, consequências virtuais ou concretas? tag fora das tags: male gazing?



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