Eu sei que sonhos não são realmente mais longos ou mais curtos, sei que
eles só duram alguns segundos e que, se parecem se estender por horas, é
só porque essa é a impressão que deixam em nosso cérebro, mas, dentro
dessa concepção muito específica de duração, que só se aplica aos
sonhos, aos delírios e à vida, esse foi um sonho relativamente longo. Eu
me lembro do tato, me lembro perfeitamente do som, mas não me lembro de
muitas imagens: apenas do cigarro e do fogo.
Seria melhor se eu estivesse em um gramado sombreado por árvores ou em
um banquinho à margem de algum rio, mas não havia cenário, não havia
companhia, não havia horizonte; apenas o cigarro e o fogo. O cigarro
queimava devagar. Estava na minha mão e eu sentia o papel e a palha
dentro dele (não havia filtro, não era um cigarro fabricado. Também não
havia o fedor de cigarro, mas um cheiro como o de pinhas na lareira.) e
sentia um calor fraco nos dedos. Ele fazia o ruído baixinho e eterno de
uma fogueira pequena --- o crecrec confortável, quente e ameaçador das
coisas que queimam sem pressa ---, mais intenso quando eu tragava e sua
luz aumentava e o papel se incendiava minusculamente entre meus dedos,
mais fraco nos intervalos, quando eu me distraía e ele podia respirar.
Provavelmente, havia algo ao meu redor, algum estímulo visual qualquer,
talvez vozes. Provavelmente, se eu conheço meus sonhos, havia mais
gente, comigo.
Mas eu me lembro do cheiro, do tato e do som e da imagem do cigarro e do fogo, apenas.
deus me livre era um pezadelo entao neh aff
ResponderExcluirAcho que ainda é culpa daquele seu experimento sociológico.
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