20100204

7 de fevereiro de 2010, Cárcere do arquipélago

Honeypie,

Talvez exista alguma explicação nos astros. Voltei há 3 dias naquele bote roxo (que Gigi adorava), pois a vela apagou, afundou sem motivos, sem furos no casco - ainda pesquiso as possíveis causas, científicas talvez, aqui há um cientista. Ou ao menos um bom mentiroso.

Mas que saudades de você! Passando por este amontoado de dúvidas, esse arquipélago se vê agora refém, não há mais o que os nativos chamavam de "repvblicá", não consigo nem mesmo pronunciar, porém, ao que parece eles prezavam muito este estágio de vida. Reconheço os rebeldes olhando-os nos olhos, existem grupos clandestinos, um deles se chama "Clã Destino" e eles possuem tatuagens de equações matemáticas. Havia mercados livres amarrados nos bambus e sobre as folhagens, uma beleza - como sonhei com você nestes três dias... pendurada em uma rede... comendo trutas com garfos de pedra...

Sonhos, esses sonhos parecem mais frequentes, desde o cárcere, como se eu sempre estivesse correndo das restrições impostas por esta nova ordem, me pergunto agora se estou preso realmente pelas grades que me cercam, ou pelo medo de te rever com todas estas cicatrizes...

Não posso pedir para que me espere, pois não sei o que esperar. Não sei mais a que ponto os nativos chegarão. Kim Duk, o chinês da cela ao lado comeu o braço de um dos guardas e pagou por isso com a vida. Não sei mais o que fazer, por isso envio este post a você, honeypienny, através do laptop secreto de um dos rapazes, John Hurt, que está bastante machucado, mas seu wireless se mantém firme.

Amor, buscarei maneiras de sobreviver, e quando sobreviver, me vingarei dos golpistas desta bela terra, ainda que perto demais do inferno.

K.J.

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