20090217

Um Céu Sem Lua (ou tudo de ruim que eu deixei para o Mundo)

        Toquei a caixinha do seu “cereal-radical”. Quando digo tocar, não pense em João Gilberto, mas sim em algo mais como Neil Peart ou Keith Moon, porque só pode ser bateria – e só pode ser estranjeira, é claro. Não lhe dei nada de minha prestidigitação Thelonieska e não sorria como Art Tatum faria. Surdo e prato e bumbo e caixa, comigo não tinha nada além de gritos e não eram nem de perto gemidos ou grunhidos ou qualquer coisa que te dê prazer, eu não era isso. Um paranóide, OK? Gritava e era como uma gaivota, a minha gaivotinha de areia!

        Isso já tem tempo, de qualquer jeito, uns dez ou quinze anos, sim. Tinha que ser, hoje em dia ia ficar estranho pra mim tocar uma coisa já tão construída, concluída, porque meu som era puro, cru, rotten pra xuxu! Puro.

        Hoje quando eu paro e penso, tudo não passa de um borrão... Os dentes, deles eu lembro. Esgarçados numa coisa horrível de se ver, mas que era lindo na minha mão. Eu sei que no fundo de tudo tinha um sorriso, mesmo que fosse só o meu nos dentinhos brilhantes.

       Contando isso hoje eu não quero perdão antes da cova nem nada assim, que perdão é só pra santo e santo é um saco. Eu só quero mesmo é te lembrar de todo aquele tempo em que vivemos na mesma casa feito uma família bonita e feliz. Juntinhos, vocês e eu.

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