20081228

BOOM

Revisou tudo que aprendera sobre elegância e estilo; levou o cigarro à boca e prendeu com os lábios, sem pressa, riscou o fósforo e acendeu o fumo, protegendo com a mão desocupada o vento sorrateiro. Em seguida, tragou a fumaça para dentro de seu pulmão enegrecido e sacudiu o palito de fósforo, com jeito de galã. Não funcionou. A chama do palito não se extinguiu, a moça olhou para ele de boca torcida, o peito disparou, o nervosismo domou a alma, o estômago sambou, a gotinha safada de suor desceu do canto de sua testa, o calor aumentou, engasgou-se com a fumaça!, a brasa caiu caprichosa e lhe queimou o canto da mão, ai!, a moça riu, a dor subiu, o fósforo ainda aceso, a gasolina no chão daquele beco, o cigarro caído, o palito na sua mão, e o fim daquela gozação toda.

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