20110430

counting on me

i was counting
one two and three
how many of us can there be

(and when i say us i mean
me and me and me
and not me and you and she)

because being in a whole
one two and three
is not at all being free

it is on the contrary
being free to be me
but not to be me or to be me

for all the time i think about us
(i mean me and you and she)
i am not even there to be me

Num parapeito, encontrei-o:

20110428

atirei o olhar pela janela da vida


às vezes Sultão fazia manhas de se sentar perto de mim
quando eu escrevia ou lia um livro particularmente longo.
não achava mal, apesar da alergia
mas também não vou dizer que me aquecia os pés de maneira incrível
- mesmo porque ele nunca ficou nos meus pés
ou mesmo em qualquer parte de mim
mas sempre ali, no rodapé ou na cadeira
espiando.





Talvez um poder bastante concentrado em escolher isso ao invés daquilo. Lá até vinte e sete e depois doce como o mel. Consciência do ponto de vista e da impossibilidade de dizer o Mundo dizendo apenas com o mundo, ao mesmo tempo em que se é impossível falar do médico, mas apenas através do Médico. Talvez a literatura seja essa diferenciação entre caixa alta e baixa, de saber onde encaixotá-las no momento certo. Logo de cara Faulkner diz - o médico dentro do Médico -, e isso é como um terremoto na língua, fugaz e peremptório.





20110424

Eu ando me perguntando sobre coleções de vídeo pornô. Acredito que nossa juventude tem abandonado os longas pornôs, processo induzido pela internet. Mas mesmo sem que haja mais o formato vhs para se ter em casa, ou cópias de dvds dos principais filmes, ainda acredito numa coleção, uma biblioteca caseira de pornografia.

Quando eu era mais novo, salvava numa pasta escondida no pc caseiro, e sempre que fazia cds de backup, dedicava um cd, ao menos, para os arquivinhos qwerty, ou coisas secretas que achava por aí. O tempo passou, hj minha coleção é renovada sempre, sempre com algum arrependimento, e fica na minha pasta de desktop, além daqueles que julgo mais raros, que guardo no hd externo.

Uma vez conversava com o JPCaron, sobre música, e perguntava porque raios ouvir a mesma música mais de uma vez. Seria como ver o mesmo filme pornô, repetidas vezes. Ele defendeu a atitude, dizendo que são muitos os possíveis pontos de interesse do mesmo vídeo. Hoje eu concordo.

Ando pesquisando produção pornô, queria saber se as pessoas têm coleções, que tipo de coisas guardam, por quanto tempo guardo, pra que raios elas guardam?. Se alguém quiser conversar, tô aqui facinho :)

Só isso

Biblioteca de babel:

20110420

Fantasmas [um texto político, prostituído, linguicenchido e nãoescolhido]

Eu já nem sei quanto tempo faz que eu percebi que sou diferente. Que eu não vejo as coisas e as pessoas do mesmo jeito que meus amigos, ou do jeito que a maioria das pessoas parece achar que eu deveria ver. Um dia eu devo ter acordado e entendido que eu tinha que fazer alguma coisa.
Desde então, eu caço fantasmas.

***

Não é tão ruim assim. Tecnicamente, eles não podem fazer nada contra você, já que não têm um corpo físico, não têm massa, não têm armas. Grosso modo, eles não podem te machucar.
Mesmo assim, eles estão sempre lá. Às vezes, no meio de um jantar em um restaurante, eu os vejo num canto, olhando sem saber se eu sei o que eles são. Às vezes eles fingem que não me viram, fingem que eu não tenho nada com eles, quando eu cruzo com eles em um parque. Nessas horas, eu preciso pedir licença para a pessoa que está comigo, deixar os talheres sobre o guardanapo ou no canto do prato, tomar mais um gole de uísque e caminhar até eles para golpeá-los com toda a boa vontade de que eu disponha.
Eu tenho algumas armas, também, claro. Álcool, em geral, mas também um cigarro fumado devagar, minha música favorita etc. Coisas assim. Eles detestam essas armas e é só usá-las direito para vê-los desmanchando e virando fumaça até sumir. Até que, é claro, um dia estarei em um restaurante ou parque ou teatro e eles virão de novo, se juntando em algum canto, se movendo como as sombras que são e esperando a hora certa pra nos apunhalar.

***

Eu comecei a levar o negócio a sério um dia, voltando pra casa. Eu saía do trabalho às 18h e voltava a pé; era um percurso de vinte e poucos minutos no máximo. Nesse dia, quando eu passei por um trecho mais escuro, eu vi uma menina vindo e uns três ou quatro fantasmas atrás dela. Eram vultos enormes, horríveis. Na hora, eu sabia exatamente o que tinha que fazer e fiz: apertei o passo e voltei logo pra casa, o coração acelerado, o suor correndo frio.
Então eu deitei na minha cama, esperei minha respiração voltar ao normal e percebi que eu queria voltar lá. Eu levantei, lavei o rosto, respirei fundo e fui.
Quando eu cheguei, não encontrei ninguém. A rua estava ainda mais escura porque alguma nuvem devia ter coberto a lua, ou porque algum vizinho devia ter apagado a luz que brilhava pela janela, mas fosse qual fosse a razão, eu não conseguia enxergar qualquer coisa a mais de quatro ou cinco metros de distância e aquilo me apavorou. Eu me arrependi de ter ido, olha só, me arrependi de verdade de ter feito algo de que eu queria me orgulhar muito.
Então eles surgiram. Milhares deles, acho. Eu nunca havia visto tantos. Eles pularam em cima de mim, esconderam toda a luz, me encheram de um medo absurdo. Eu não sei direito o que achei que fosse me acontecer, porque era um medo meio irracional, era como o medo de uma montanha-russa que sabemos ser segura ou como, sei lá, como se apaixonar.
Eu fechei os olhos, me encolhi, gritei com todo o meu fôlego e então ela veio, a mesma menina de antes. Do meio dos fantasmas, do meio do escuro do meu mundo ela veio e me puxou e a gente correu pra sempre, pra longe dali, pra um lugar qualquer com luz e que pra mim foi o lugar mais lindo do mundo.
Foi nesse dia que eu a conheci e que eu decidi que aquilo era o que eu ia fazer pra sempre: andar do lado dela fosse como fosse, caçando fantasmas.

***

A reação inicial não foi das melhores. As pessoas não aceitaram bem, no começo. Pensando bem, não aceitaram bem até agora. Meus pais, minha família próxima, os amigos mais chegados, esses não tiveram muito o que fazer além dos esperneios que lhes são habituais e, seja por boa vontade ou cansaço, acabaram entendendo.
Depois de um primeiro momento é até possível que tenham achado bom que eu tenha me encontrado, assim. Mas os outros, esses que são mais distantes e que menos deveriam se intrometer na minha vida, bem, são esses os que mais se chocam, os que me olham como se a alguma aberração da natureza ou como se eu portasse alguma insanidade incurável.
E eu até entendo, um pouco. Não gosto, mas entendo. Não deve ser fácil, afinal, para uma pessoa qualquer na farmácia ou em um órgão do governo me passar um formulário qualquer para preencher e ver lá, entre meus dados, a declaração escrita e inegável do completo absurdo, do impossível, do imoral: atividade profissional: caça de fantasmas. Paciência. É quem eu sou. É o que eu sou.
Também é óbvio que não faltaram as conversas pretensamente sérias, as orientações supostamente visantes ao meu bem. Não é uma vida fácil, eles diziam e era óbvio, você vai ter que lidar com a rejeição dos outros, com as dificuldades extras, com o preconceito.
Diziam e diziam por bem, claro; diziam com intenções boas, mas isso lá é coisa que se diga? Como se caçar fantasmas fosse algo assim que se possa abandonar a gosto, como se eu fosse chegar pra ela, a companheira que eu escolhi e fosse dizer é só você, agora, eu não gosto mais dessa coisa, desse negócio de caçar fantasmas. Não ia, claro.
Ou podia ser ainda pior e talvez eu dissesse, talvez eu abandonasse mesmo minha arte escolhida (melhor dizendo: minha arte e minha escolhida) e aí me parece que tudo seria ainda pior, que o ressentimento seria infinito, a culpa mútua e o constrangimento, também. Então, não disse nada, apenas sorri aos avisos todos, disse que agradecia as dicas, mas que agora precisava pegar minhas armas, meu maço de cigarros, minhas citações favoritas do Neruda e sair para a noite, que é onde os fantasmas vivem melhor.

***

Na nossa primeira noite fora, resolvemos começar nosso trabalho em um bar que ela conhecia. Era um lugar com fama de ser supostamente apreciado por outros como nós, mas isso não pesou demais na decisão, tendo contado mais que os coquetéis fossem bons e os preços razoáveis.
Logo depois de nos encontrarmos à porta e já enquanto nos apertávamos entre todas as outras pessoas dali, à procura de algum lugar onde sentar, eu percebi que havia uma quantidade imensa, absurda, impossível de fantasmas espalhados entre as mesas, sobre o balcão. Mais, certamente mais do que os que eu vira naquela outra noite, no escuro, e de algum jeito, eu sabia que era porque eu estava ali, porque eu estava ali com ela.
Pedimos margaritas, canapés, tudo que podíamos pra espantá-los, mas eles se juntavam de novo, se faziam lembrar. É curioso, porque quando eu explico para as pessoas, elas costumam fazer associações erradas sobre tudo isso.
Talvez seja por causa das menções ao álcool, às músicas, não sei; sei que tem gente com a tendência a achar que os fantasmas aparecem quando estamos tristes ou com medo ou sozinhos ou vulneráveis. Que fogem da alegria acéfala, da entorpecência, da irresponsabilidade ou da ausência de compromisso. Existe mesmo quem acredite que os da nossa estirpe, porque lutam contra fantasmas, sejam mais promíscuos, menos virtuosos, até, por louco que pareça, instáveis emocionalmente.
Não é, óbvio, o que acontece, como espero que esse episódio demonstre.
Estávamos, disse, num bar e nos divertíamos e eu ria com sinceridade, pois me encontrava então tão feliz quanto jamais estive. Eu havia acabado de tomar uma das decisões mais importantes e mais fáceis da minha vida, que era fazer aquilo que era meu desejo óbvio.
Não havia medo, indecisão, solidão ou vulnerabilidade que pudesse justificar aquela concentração desconcertante de fantasmas. Pelo contrário, eu poderia facilmente entregar minha vida em prol daquilo tudo que eu havia escolhido e não me custaria fazê-lo. E por certo, não havia infelicidade alguma, também.
E se assim era, por que vinham?
Vinham pelo mesmo motivo por que vêm os predadores todos: vinham porque percebiam em mim uma fraqueza que me fazia de presa.
A gente enfraquece, às vezes, ainda que estejamos felizes, ainda que saibamos estar no caminho certo. Talvez, mas isso é só uma tese, seja até mais fácil enfraquecer nesses momentos, pois são neles que temos mais a perder. E os fantasmas sabem disso. Por isso é que se juntavam no bar à nossa volta, ligando pouco para as outras pessoas (incluindo outros tantos caçadores que certamente os viam, também) ali presentes, cercando-nos, chegando cada vez mais perto. Uma hora, não restava outra coisa que pudéssemos fazer e portanto atacamos.
A luta durou, não sei, meses. Em alguns momentos, parecia que tínhamos tudo sobre controle, recorríamos com facilidade a alguma máxima piegas dessas que nos chegam por e-mail ou a alguma nova comédia romântica que estreasse em nossos cinemas. Em outros, nossos recursos pareciam escassos, nossos inimigos numerosos demais, nossa resolução infundada.
Por fim, quando finalmente tivemos decretada a vitória (e era uma vitória temporária, é claro, como bem sabíamos), havíamos perdido peso, o sono, saúde. Mas era difícil se importar com isso ou com qualquer outra coisa — com os que olhavam, com os que faziam questão de não olhar, com tudo o que falavam e todos os preconceitos do mundo foram sumindo com os fantasmas enquanto estávamos ali e o mundo girava ou era ela ou eu ou nós e já não importava mais quando finalmente nos beijamos.

***

E a gente saía todas as noites. Íamos pelas ruas cantando, bebendo, nos tocando e fingindo que era sem querer. Pode-se dizer que era uma vida dura a nossa, tendo que conciliar nossas manhãs escuras com nossas madrugadas em claro, mas a verdade mesmo é que não queríamos nada que não fosse aquilo.
Nos dias – nos anos – que se seguiram, nós arriscamos nossas vidas incontáveis vezes, quando os vultos negríssimos dos fantasmas de nossa cidade nos rodeavam. Talvez uma afirmação dessas soe incoerente com meu comentário anterior de que os fantasmas, por não terem existência corpórea, não poderiam nos machucar. Não podem, mesmo, fisicamente. No entanto, eles podem destruir nossas certezas; se deixássemos, podiam destruir uma vida inteira.
Por isso que a gente caça.
Não é só pelo fato de termos a habilidade de vê-los. Se fosse, podíamos simplesmente evitá-los, com mais facilidade, inclusive, do que os evitam as demais pessoas. Caçar é uma coisa totalmente diferente, porque define-se justamente pela busca, pela perseguição, pela postura ativa de aproximação. Caçar é sair conscientemente da nossa relativa tranqüilidade, é procurar problema. É admitir que dói e não querer que pare.

***

A maioria das pessoas é igualmente atormentada por esses espíritos ruins, mas a facilidade da rotina, das atividades cotidianas, esses analgésicos todos da contemporaneidade parecem fazer com que ignorem ou finjam ignorar os episódios desses encontros. Mas existem outros como nós, que, por escolha ou falta dela, assumem suas visões e não têm vergonha de valerem-se das armas que tiverem à mão (os filmes mais chulos, as memórias mais distantes, os pássaros mais coloridos) e de usarem-nas para espantar como podem os fantasmas que virem pelo caminho.
Como nós, eles devem saber que às vezes é difícil cantar no escuro. Se assim for, então nessas horas eles provavelmente também questionam suas decisões e pensam infinitamente que teria sido muito mais fácil, muito mais incrivelmente inteligente se tivessem simplesmente seguido em suas vidas caminhos menos inversos às marés e às correntezas. Teria, talvez, sido muito mais racional.
E seria tão simples, reconhecido o engano, voltar atrás! As portas das casas estariam abertas, é claro. Mas eles não voltam, como nós não voltávamos de nossas excursões noturnas pelas ruas escuras do centro de São Paulo.
Não importava quantas vezes eu ou ela caíssemos de surpresa no escuro sem fim de ataques inimigos, sempre voltávamos sob maior influência da euforia do resgate do que do horror das horas sem luz. E o resgate vinha sempre.
Nenhuma vez que ela tenha sido pega por fantasmas eu deixei de estender a mão, sempre levando alguma inspiração qualquer que a tirasse dali. Mesmo quando meus meios eram falhos (ela não fumava, afinal, não gostava exatamente das mesmas bandas e das mesmas citações do Bandeira que eu), algo sempre dava certo, de um jeito ou de outro. E nenhuma vez que eu tenha caído e chorado e querido morrer ela deixou de se oferecer, também, trazendo tudo o que tinha e que era tudo.
No fim, caçar fantasmas era nosso próprio analgésico, acho. Nosso próprio entorpecente. Quanto mais improvável parecesse ser a fuga de uma emboscada, mais críamos que alguma coisa nos tiraria de lá. Que alguém nos tiraria de lá.
No fundo, se nem todo mundo percebe, é porque nem todo mundo se prontifica à caça de assombrações. Porque no final das contas, o que importava não era nem o álcool, nem o fumo, nem os decibéis, mas a gente, ali. Podiam vir as dores que viéssem, nós não nos abalaríamos; cem vezes nos fosse dada a opção de fugir, sem vezes resistiríamos. Essa é a coisa mais importante na vida, não é? A vontade de se machucar por alguém. Que mais importa além disso?
E não, também, sermos homens ou sermos mulheres. Somos humanos e é por isso e é só isso.

Bressonianas Quatromil: Resgate publicitário

20110417

google tradutor tenta entender

Transparência em torno do tratamento de nudez (eu e outros) para lidar comisso como nosso negócio vidas ocupadas, que permanece em minhamemória das sensações dos músculos da mão e vice contrário, o conflito e lidar com todo o tipo de pilha como esperado, quer, e eu sei disso há muito tempo que sentimos ter chegado tarde demais, eu sou apenas horas antesdo segredo, porque perdi muito tempo, mas não vai acreditar em qualquer coisa na vida não vai reduzir o fosso Tarahdijitle inteiro (3 3 pontos e ainda é3) depois de um imóvel, ou eu tenho você, cada um de nós chama cada ohQuando eu escrevi, então eu sei que não é tão honesto, não fazer maissentido para mim, especialmente

Tenta seus furos próprios e que a placa se sinta envergonhado com a suposição de que eu sei que eu não sabia, e eu acho que muito, efinalmente começando a entender
deTiago de Mello
paraRafael Nantes
data17 de abril de 2011 11:53
assuntoRe: Virada anticultural
enviado porgmail.com
assinado porgmail.com


ocultar detalhes 11:53 (3 horas atrás)
"Justamente".
Assinei a carta
E fechei os olhos

2011/4/16 Rafael Nantes <elrafanantes@gmail.com>
"Justamente".

Obrigado,
Rafael Nantes

promoção: meu tríptico! (ilustração googliana)


Baluarte de prata
Dente de marfim
Dias que não voltam mais

20110416



Como é curioso ser mal educado.
Tantos erros passados desapercebidos nestes anos todos.
E ninguém educado o suficiente para avisar.
Joãozinho era de fato um ignorante, mas isso não ignorava: uma luz surgia sobre seu belo cabelo, como dissera Mariazinha. A luz da burrice auto-crítica havia se acendido e agora já não dava para voltar à inocência inicial, antes da maçã primordial de sua limitação do intelecto como dissera Vagner.
Pois então surgia em seus dias uma espécie de julgamento ético para aqueles bem educados que lhe eram condenscendentes como dissera Aurélio. Mas não dizia nada a estes, guardava para si aquilo que viraria um pigarro censurado de sua falta de sinceridade como dissera Ellen após aquela conversa na esquina do colégio.
Com o tempo Joãozinho se acostumou com sua burrice que já se tornava uma espécie de sabedoria chula como dissera Houaiss. Não houve portanto progressão a partir daqui, pois era de fato um rapaz muito simples, que não fazia questão de progressões dramáticas.

A única coisa que fazia questão era de sempre se despedir dizendo e mande um beijo pra fulana, como uma espécie de galanteio que morria ali mesmo.

.
VIRADA ANTICULTURAL

Estarei enviando um tríptico para todos aqueles que enviarem email para otro.tiago do email do gmail.

Você ainda tem a opção de escolher a primeira palavra do tríptico, enviando-a no corpo do email.

Essa promoção tem validade até quando acabar a virada cultural de são paulo, que eu não sei quando começa, não sei quando termina e tenho raiva de quem sabe.

a chanson for those who cry with me

to know what you should do is to no what you should know is to show what you should slow is to slow what you should deny is to deny what you should feel is to fill what you should do is to know what you should feel is to feel what you should know is to fight against all those bloody bastards that insist that your shirt is muddy.

20110414

impossibilidade de liberdade via naldecon

Estreando uma cartela de Naldecon Noite
(e pra provar um ponto)
eu peguei um comprimido amarelo e quis pegar um laranja que não fosse
diametralmente
simetricamente
oposto àquele (e toda a minha tentativa de dar álea de repente foi a coisa mais pensada do mundo
(e muito mais pensada que só tomar um comprimido)
)
e como eram só quatro
pra cá e quatro pra lá
eu fui escolhendo um a um
como quem
aperta enter às vezes ao escrever um texto
(só que ao contrário)
mas ninguém viu
e se alguém olhar agora
(ninguém vai)
(mas se alguém)
vai ver uma cartela
quatro pra cá
quatro pra cá
e todos usados
todos
e seus diametralmente
simetricamente
opostos

20110412

uma mentira


[autoestrada] epíteto tardio

Heel & Toe To The End

Gagarin says, in ecstasy,
he could have
gone on forever

he floated
at and sang
and when he emerged from that

one hundred eight minutes off
the surface of
the earth he was smiling.

Then he returned
to take his place
among the rest of us

from all that division and
subtraction a measure
to and heel

heel and toe he felt
as if he had
been dancing

[reciclagem] viagem no tempo

(pausa) a gente já está indo.
não, tudo bem. o que você queria?
um lugar?
não, acho que não. que lugar?
bom, na verdade, aqui mesmo. mas daqui a cinquenta, oitenta, daqui a cem anos.
sério?
sério.
ah, nossa, o que foi?
é, tipo, uma viagem no tempo.
o quê?
bom, eu precisava falar com você. sozinhos.
é. se não tiver problema.
é que... eu queria que você fosse comigo pra... um lugar.
e... como a gente iria?
obrigada por ter vindo.

[reciclagem] viagem no tempo

obrigada por ter vindo.
não, tudo bem. o que você queria?
bom, eu precisava falar com você. sozinhos.
ah, nossa, o que foi?
é que... eu queria que você fosse comigo pra... um lugar.
um lugar?
é. se não tiver problema.
não, acho que não. que lugar?
bom, na verdade, aqui mesmo. mas daqui a cinquenta, oitenta, daqui a cem anos.
o quê?
é, tipo, uma viagem no tempo.
sério?
sério.
e... como a gente iria?
(pausa) a gente já está indo.

20110411

Peter Koor: Transcrição [parcial] da master class na Expo Roojlund 2010

(...) Basicamente, tudo que me dá vontade de trepar, é o que eu vejo e ouço, atualmente. Ou tudo me dá vontade. Pode ser, também.

Peitos, sim, mas disso eu (...)

(...) Então você pega o metal, a calça de couro, só voltando: outro dia eu liguei na Disney Channel, que eu gosto de desenho, televisão, etc. E eu vi um enlatado adolescente, não sei, eu poderia chamar de juvenil, protagonizado por metaleiros.(...) Se era, se não era, não sei, mas produção comprada eles passam também? Devia ser da Disney mesmo.

Steven Tyler virou o Mickey, bem feito. O metal sempre foi um pouco imbecil. Acho que é só uma volta, não é? Continuação, ciclo, essas coisas circulares. Alguém já teve medo de verdade de algum metaleiro? Hêh, hêh. Heh, hêh. (OBS: continuação da resposta não audível)

(...)

Não.

(...)

Sim, é um trabalho solo, mesmo tendo sido feito com eles.

Não posso concordar com você. É uma questão de moldura, é como... não gosto de esportes, mas é como o tênis. EU fiz o ponto, EU quebrei o serviço dele, sim? Claro que se há um serviço quebrado, alguém serviu, e sem ele não há, mas... quem concluiu, quem amarrou? Percebe? A diferença é que, no meu caso, eles todos já sabiam que o serviço deles seria quebrado.

(...) Quanto à Holanda, por lá acredito que vá tudo bem.

Intervenção

I SMILE YOU! (ou: um presente cheio de amor de meu povo, os Gagaúzos)

20110409

autoestrada para o azul

Nem me dei conta quando a pista da marginal virou acesso pra uma estrada – a música tocando e a manhã de sábado me embalaram de tal forma na faixa da esquerda que qualquer placa que possa ter vindo me passou despercebida. Quando vi, só me restava causar uma carnificina automotiva tentando voltar pra pista certa ou seguir em frente; contrariando meus pseudo-fetiches ballardianos, eu segui em frente.

Era sábado e por isso eu sorria tranqüilo enquanto tentava entender que raio de estrada era aquela. Quando alcancei a primeira barreira de pedágios, dei uma risada nervosa e despejei meus R$2.90 na mão da moça do guichê.

“escuta, eu... perdi o retorno, na verdade, e eu queria saber como faço pra pegar a anhanguera, sentido São Paulo” – patético, sim, mas fazer o quê?

“segunda à direita”, foi o que ela disse, depois de breve consulta a um cartaz oculto; estranhei não ver o nome anhanguera na placa da saída indicada, mas entrei mesmo assim.

A saída era uma ruazinha estreita, que subia o morro ao lado da rodovia e desaparecia no meio da vegetação. Passei por alguns complexos industriais, refinarias ou depósitos ou sei lá o quê. Era sábado e eu demorei pra encontrar alguém, mas encontrei.

“opa, amigo! pra chegar na anhanguera é só seguir reto?”

Minha segunda pergunta imbecil no dia e ainda não eram dez horas, que horror. O homem (um operário, pelo traje) me olhou como quem encontra um tamanduá no aquário da avó – misto de confusão, ternura e desconfiança.

No fim não era só seguir em frente, aliás não era nada disso; dei meia-volta e cai de novo na estrada misteriosa, andei uns quinhentos metros e “ahá!, olha lá a placa certa!”, entrei à direita e logo na segunda curva avistei o Pico. Sim, era isso, aquele sim era o caminho certo pra casa.

A estrada seguia vazia e o meu carro atravessava o asfalto com suavidade, ficando entre 120 e 130 quilômetros por hora sem preocupações. Desliguei o ar condicionado e desci o vidro, me enchendo com o cheiro de vegetação fresca num sábado de manhã. Aumentei o volume da música no rádio e segui em frente.

Não demorou muito pra perceber que eu não ia seguir a placa seguinte, que indicava a saída pra São Paulo, e nem a próxima, de retorno. O tanque estava cheio, minha cabeça estava vazia e a manhã de sábado estava linda! Não queria perder aquilo, não tão rápido assim.

Passei pelo meu segundo pedágio, muito menor que o primeiro e escondido no meio de árvores mais ou menos altas. Sem pressa, contei as moedas soltas no painel para completar R$1.35; dei um sorriso e desejei sinceramente um ótimo dia pra mocinha da baia antes de atravessar a cancela e seguir em frente.

Não perguntei nada, não queria saber de nada. Acho que o maior desafio foi educar a vista pra não ler os nomes com setas para frente nas placas (se bem que, mesmo quando minha disciplina falhava, aqueles nomes pouco ou nada significavam pra mim).

Troquei o disco do rádio e segui em frente, numa manhã de sábado maravilhosa.

raposa 2.0

quotediana: samovar

Viver é mergulhar uma porção de rússia num copo de sono quente; é fazer uma infusão lenta de tudo que há na Alma.

20110407

Ram-Tsa-Ka em Nantes

Frente ao personagem, ops, ao tsunami:
- Benfazeja! Muita água!
Ele abriu a bocarra e, por ser um guerreiro lendário, sua sede era tanta que deu pro gasto.