20110815

Estudo sobre Marília Gabriela.

Marília Gabriela entrevista Antonio Banderas (ele fala sobre como um diretor é uma espécie de Deus).

Abre para um plano geral.

Ela está com as pernas cruzadas. Ambos os pés tocam o chão completamente, solas do sapato grudadas firmemente e paralelas. Como? Tento reproduzir a pose, é impossível — a perna por cima naturalmente não alcança direito o chão.

Uma pessoa normal é incapaz de fazer isso.

Me pergunto: como isso pode ser possível?

Talvez ela tenha uma perna muito maior do que a outra, mas me parece improvável: uma vez a encontrei no HSBC Belas Artes, o finado cinema, e ela andava normalmente e não parecia haver nada de diferente em suas pernas. Naquela ocasião, Henrique ofereceu um coquinho caramelizado para ela e ela não aceitou — moça de juízo. Não pode ser isso, então.

Provavelmente ela tem o corpo elástico, como o Sr. Fantástico. Ela é, certamente uma alienígena.

Não! Esses pés no chão, perfeitamente alinhados, não podem ser dela. A verdade me assombra, mas só pode ser esta: havia alguém sob ela, aquelas pernas eram de outra pessoa.

Na verdade, Marília Gabriela é um fantoche.

Atrás dela esconde-se um ventríloquo.

Percebo, estarrecido, que o ventríloquo sou eu.

Então era eu quem fazia aquelas perguntas absurdas, superficiais… O pai de toda aquela intelectualité da boca para fora fui eu, o tempo todo.

"Inferno!", grito. Minha mãe e Antonio Banderas se assustam. Marília Gabriela — eu — chama o intervalo comercial.

Não há tempo, preciso acabar com isso agora.

Pulo da varanda no meu mais importante gesto, heroísmo puro! Adeus, Marília Gabriela, chega.

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