20110803

distância para anelar a distância (ou A Gruta Fantástica)

Não vou pra cama, porque não quero encarar a cama - seu colchão e colcha, edredon e lençol amarrotado, o lado direito ao lado do esquerdo e só. Assim como não tomo leite, porque sinto nojo de leite, ou escrevo uma carta, porque faz anos que não escrevo cartas e sinto que com isso um pouquinho do que eu considero ser minha alma virou bolodecarne. Amanhã vou caminhar até o correio, comprar um selo, colar o envelope com gomarábica e despachar uma página cheia de rabiscos pra muito longe daqui. Depois disso, vou continuar aqui e a carta um dia vai chegar lá, onde vão abrir e ler e quem sabe rir da minha cara, quem sabe responder.

Tem muito tempo em que eu não sentia esse frio e esse sono que me descola da carne. Às vezes o que eu queria mesmo era olhar pela janela e enxergar o Pico, mas hoje em dia na minha frente tem três andares de concreto erguidos de pé cheio na irregularidade, e por isso eu fico só com A Criança Indo Dormir - mas eu, não.

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