20101231
Nostalgia é o passageiro gordo que faz o automóvel capotar.
Teve este lampejo enquanto guiava com os olhos petrificados em muitas coisas que ficavam para trás. Não havia muito com o que se preocupar, o tanque estava quase cheio, havia um mapa debaixo do banco, sua garota dormia no banco de trás. O que lhe preocupava era mesmo aquilo que ele já sabia estar em sua cabeça desde sua despedida, desde a partida. O fim. O fim já se vislumbrava em algum lugar entre seus olhos e a pista que rodava suas linhas para debaixo do carro, engolidas por sua escolha. Era o fim, pensava. Era a nostalgia que lhe pesava os olhos.
O lampejo, na curva da serra, para fora em tangente como ensina a prática aos desatentos, piscando dentro de si, como um sub-lampejo: na curva mais curva onde se deve sentir a desaceleração como uma doença e marchar engatado: o passageiro gordo de seus olhos: ainda houve um terceiro lampejo dentro do mesmo, como um resquício que provava que o instante era de fato bastante espaçoso como um esgarçamento em que ele poderia viver mais pensamentos como aquela nostalgia que pulsava entre os dedos do volante na buzinapárabrisaguiapulocrackecurvouseladomoinhosnostalturadodiaboestamosindoevoumeseguraraliquandoeupodereiárvores---***####`````galhosna--
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20101229
elementos sólidos construídos sob perspectiva euclidiana. o homem atravessava a rua e percebia as faixas de pedestre como paralelas. distraído, um carro de frente o acertou.
na linha do horizonte traçam-se encontros entre todas as outras. as duas surfavam por cima de todas as formas daqueles sólidos geométricos sob perspectiva euclidiana. por trás do grande edifício há outro e outro e uma estrada que se encaminha e árvores, além do céu, e um pedaço de mar. sucediam intercalavam. constantemente afastados, sem bordas de frente ao mar.
pisando na areia todo o mundo se abria em grande angular. as duas mal tinham agora, pra onde correr, mas ensaiavam aproximações. há, abaixo, homens e mulheres de mãos dadas escaldando sobre o sol do meio-dia, em devoção. o que sabiam aqueles homens e mulheres de não traçarem percursos ao se constituírem por meros acasos da vida. a criança tropeça e cai ao correr da onda e o menino ruivo a puxa pela mão, erro de cálculo. há distração.
há também, um porém da desmagnetização da Terra, e a reconstituição do espaço , tão necessária. noutro tempo-lugar, um menino olha o mar, distante. as linhas , forçadas ao retorno reconstituem o mundo e entram pelos dois olhos - há algum encontro interior possível, ou é tudo só imagem? o mundo está pronto e, então, ele perde o interesse.
20101228
20101227
NÃO ADIANTA FECHAR OS OLHOS!
20101225
haicu
é porque adoro bunda
adoro você
Manhã de Natal
20101224
20101223
Parte 6 - A história do automóvel,
20101217
Você tem algumas das características mais abomináveis em um ser humano
Eu ainda posso te amar?
Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia
Composição: Cazuza/ Ezequiel Neves/ George Israel
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
(...)
Pobre de mim que vim do seio da burguesia
Sou rico mas não sou mesquinho
Eu também cheiro mal
Eu também cheiro mal
(...)
Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados
Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo
(...)
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
20101216
4º Intervalo – Biologia
facts diver, literatura de front(page): jornal do futuro
20101214
CONTRATAQUE ao contexto atual nesta república.
20101213
A República dos Coxinhas
20101212
No Rega-Bofe do Dr. Kluh
20101211
o MAL é transmitido
20101208
INSTRUÇÕES DE MÁXIMA IMPORTÂNCIA
faits divers, literatura de guerrilha: wikileaks
20101207
Parte 5 - Depois eu fiquei (chato) assim.
20101205
história & veneno
rodrigues dos santos
um alemão exilado
sem nome(
e portanto
sem alma)
perdeu
(sempre perde-se)
chance única e prodigiosa de felicidade
(algo que ele como alemão nem mesmo merecia)
:
uma mocinha de quinze
(ou dezesseis)
(ou treze)
anos
que amava.
ninguém
(de importante)
chorou.
"
meu peito é um rombo
de sangue seco
vazio
anticoagulado e vazio
e seco
sem mira e sem tiro
estéril ainda bem.
eu
sou um míssil
v4
oco
falho
sem explosão.
eu sou sem explosão."
um pouco foi escrito sobre ele
(todos sabem):
um pouco discreto
(um por
co secreto)
detonou zyklon ontológico penetrante como a alma de um zumbi
algo-herói algo-épico
(por critérios gregos)
sem espada
rasgante
(pequeno)
grande
, um poeta sim
(naquilo que há)
faltaram-lhe vitaminas
(garoto vitorioso
)perjúrio(perdeu)
fugitivo
(tudo) um déjà vu
sem sangue.
20101204
20101202
Mais uma obra do capitolismo cristão
Um menino Jesus traquinas, que subia nos telhados, quebrava os cântaros alheios, brincava com leõezinhos, apaziguava dragões, transformava crianças em carneiros e, vez ou outra, fazia também malvadezas. Zangado, podia amaldiçoar e punir com a morte quem lhe enfrentasse. Outras vezes, para tirar uma história a limpo e provar que não tinha culpa de uma morte casual, ressuscitava mortos para que contassem o que aconteceu, depois os mandava dormir o sono eterno outra vez.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/839763-menino-jesus-era-traquinas-e-ate-fazia-malvadezas-mostra-livro-de-padre.shtml
20101201
Poema sobre uma massa indefinida
nuvem