20100901

diálogos (misc)

A: BARULHO barulho BAGULHO (!)
B: where is the love
A: Eu comecei no topo e só decaí desde então.
B: o amor que tu me destes era pouco e se acabou
A: Fui me transformando aos poucos em uma gigantesca lesma sem alma aos seus olhos e então era inevitável que tudo terminasse, para sempre - em um grande teatro.
B: nós não somos mais - totalmente, tragicamente, ternamente.
A: Se você voltar pra mim, eu prometo construir escolas, curar os doentes, libertar os detentos, alimentar os pobres, beijar os bebês.
B: quem é você, diga logo
A: Eu não sei mais, não sei mais não sei agora eu sou só um caminho que não leva a lugar algum, um homem sem irmãos que existe num vazio preto e não branco, sem paz só fim.
B: sussurro surdamente um algoz - nós.
A: Agora eu vou me matar e a culpa vai ser sua.


(um palhaço passa por eles - interlúdio - e entrega uma rosa para a bela moça, sorrindo, ela lhe sorri de volta dentes solares, todo o público engasga o ar pastoso, esperançoso, torcendo pelos seus doppelgangers incompetentes, uma nuvem pesada se retorce parafuso, os pais-sogros sentados já chorando, representação de algo inexprimível - um estampido)

A: Você não se importa nem um pouco e por isso eu não posso fazer nada.
B: vou sendo como posso.
A: Agora não dá mais, caralho, não dá, eu me saio daqui nessinstante e vou pro estrangeiro, sumo, esqueço, escafedo, um dia renasço virgem e feliz. Você, cruel...
B: só... fica.
A: não mais.
B: (beija, acaricia, enlaça) a beleza será convulsiva, ou não será
A:
B:
A:
B:

(um encontro)

B: e sim eu disse sim eu quero Sim.

4 comentários:

  1. É... Good and Evil?
    O texto é muito bom, mas isso de diálogos entre A e B já deu no saco, né?
    Tanta letra pra usar...

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  2. Identifiquei Chico, Godard, Joyce e um clássico popular anônimo.

    Não sou muito bom com essas referências.

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  3. welles, brilho eterno, novos baianos e +

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