Fim. =)
20091231
20091229
Manual para a confraternização interracial (ou: rápido guia de montagem no YouTube)
1- Clique no botão "Watch on YouTube" nos 3 vídeos dos últimos 3 postes, de forma que cada vídeo abra em uma aba diferente.
2- Pause cada vídeo, de forma que eles carreguem sem tocar.
3- Espere, por precaução, dez minutos. Se você tiver Internet discada, espere 4 horas.
4- Feche todas as outras abas (recomenda-se copiar as instruções em um papel)
5- Desligue o som de dois dos vídeos, mantendo o som no máximo em um deles.
6- Dê play e clique imediatamente em seguida FORA do campo do vídeo. Repita o procedimento para todos os vídeos.
7- Alterne as abas com CTRL+TAB e veja como o som de um interfere nos outros.
8- Experimente outras combinações.
2- Pause cada vídeo, de forma que eles carreguem sem tocar.
3- Espere, por precaução, dez minutos. Se você tiver Internet discada, espere 4 horas.
4- Feche todas as outras abas (recomenda-se copiar as instruções em um papel)
5- Desligue o som de dois dos vídeos, mantendo o som no máximo em um deles.
6- Dê play e clique imediatamente em seguida FORA do campo do vídeo. Repita o procedimento para todos os vídeos.
7- Alterne as abas com CTRL+TAB e veja como o som de um interfere nos outros.
8- Experimente outras combinações.
20091227
20091224
20091223
20091221
Santos/Koor: Brôus?, Simbiose Cósmica? Plágio Brasileiro?
Fazer sucesso, segundo a cartilha de Lulu Santos, é estar no palco e ter na frente 30 mil pessoas cantando, em êxtase, uma música que ele fez sozinho no silêncio do quarto. Também vale se forem 300 mil.
Os tempos mudaram um tanto desde sua estreia, em 1982. Mas transformar o ato solitário em catarse coletiva ainda é o maior objetivo do cantor hoje, aos 57 anos, no recém-lançado "Singular", seu 22º álbum.
"Sou feito em pop", diz. "Sou formado nisso, minha escola é a do sucesso. E essa não é a frequência do artista sofredor, mas do artista realizado."
Por isso ele continua a disfarçar letras melancólicas em melodias ensolaradas, como no samba à paulista "Procedimento". "É aquilo de pensar triste e cantar alegre", diz. ""Assim Caminha a Humanidade" é um clássico disso. É uma história de separação, mas pessoas dançam numa alegria alucinada."
Desta vez, a fórmula de que faz uso junta, em medida parecida, dois ingredientes básicos: o samba e a música eletrônica. Não é a primeira incursão de Lulu na alquimia entre esses gêneros, mas é certamente a mais radical delas -principalmente nas faixas instrumentais que abrem e fecham o disco.
"Outro dia, li que, há 15 anos, a Nação Zumbi descobriu uma estética para juntar naturalmente essas duas coisas", conta. "Acho isso muito louvável, mas, há 25, fiz um disco chamado "Popsambalanço e Outras Levadas" que já propunha exatamente o mesmo. Seria bom se isso fosse lembrado."
O autor descreve as duas faixas sem letra como manifestações de sua "relação de amor e ódio com o samba". "Elas revelam tanto o fascínio quanto uma espécie de impaciência."
Mais impaciência ainda Lulu dedica hoje ao rock -gênero a que, por ter surgido na efervescência da geração 80, ele é muitas vezes associado. Mais ainda por ser um dos fundadores do Vímana, lendária banda de rock progressivo.
"Estou o menos rock n'roll possível. O rock é um engano, um erro que lesa a humanidade", diz. "Ele se tornou uma linguagem de exclusão, num processo narcisista e branco parecido com a ideia facistóide desses grupos que usam gótico."
Segundo seu raciocínio, o rock roubou a linguagem original do rhythm and blues, música de diversão para quem tinha uma vida ruim e precisava dela para ser resgatado.
"Rock é para gente normal, formatada, classe média e sem surpresa que procura um tipo de vertigem, como se aquela música mostrasse o lado escuro da alma da pessoa", diz. "Mas isso é uma fantasia mitificada por gente que paga US$ 40 mil por dia em psiquiatra."
Lulu considera que, de Elvis a Fresno, dos Beatles ao Menudo, a música pop do século 20 é "necessidade básica hormonal feminina". São as calças apertadas que realmente importam.
"Atualmente, escapo desse hormonalismo porque não estou mais me oferecendo como uma possibilidade. Mas já fui "o ídolo da juventude", fazendo caras e bocas com minha calça igualmente apertada", diz. "É um pouco doloroso esse processo de me reentender."
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2112200914.htm
Os tempos mudaram um tanto desde sua estreia, em 1982. Mas transformar o ato solitário em catarse coletiva ainda é o maior objetivo do cantor hoje, aos 57 anos, no recém-lançado "Singular", seu 22º álbum.
"Sou feito em pop", diz. "Sou formado nisso, minha escola é a do sucesso. E essa não é a frequência do artista sofredor, mas do artista realizado."
Por isso ele continua a disfarçar letras melancólicas em melodias ensolaradas, como no samba à paulista "Procedimento". "É aquilo de pensar triste e cantar alegre", diz. ""Assim Caminha a Humanidade" é um clássico disso. É uma história de separação, mas pessoas dançam numa alegria alucinada."
Desta vez, a fórmula de que faz uso junta, em medida parecida, dois ingredientes básicos: o samba e a música eletrônica. Não é a primeira incursão de Lulu na alquimia entre esses gêneros, mas é certamente a mais radical delas -principalmente nas faixas instrumentais que abrem e fecham o disco.
"Outro dia, li que, há 15 anos, a Nação Zumbi descobriu uma estética para juntar naturalmente essas duas coisas", conta. "Acho isso muito louvável, mas, há 25, fiz um disco chamado "Popsambalanço e Outras Levadas" que já propunha exatamente o mesmo. Seria bom se isso fosse lembrado."
O autor descreve as duas faixas sem letra como manifestações de sua "relação de amor e ódio com o samba". "Elas revelam tanto o fascínio quanto uma espécie de impaciência."
Mais impaciência ainda Lulu dedica hoje ao rock -gênero a que, por ter surgido na efervescência da geração 80, ele é muitas vezes associado. Mais ainda por ser um dos fundadores do Vímana, lendária banda de rock progressivo.
"Estou o menos rock n'roll possível. O rock é um engano, um erro que lesa a humanidade", diz. "Ele se tornou uma linguagem de exclusão, num processo narcisista e branco parecido com a ideia facistóide desses grupos que usam gótico."
Segundo seu raciocínio, o rock roubou a linguagem original do rhythm and blues, música de diversão para quem tinha uma vida ruim e precisava dela para ser resgatado.
"Rock é para gente normal, formatada, classe média e sem surpresa que procura um tipo de vertigem, como se aquela música mostrasse o lado escuro da alma da pessoa", diz. "Mas isso é uma fantasia mitificada por gente que paga US$ 40 mil por dia em psiquiatra."
Lulu considera que, de Elvis a Fresno, dos Beatles ao Menudo, a música pop do século 20 é "necessidade básica hormonal feminina". São as calças apertadas que realmente importam.
"Atualmente, escapo desse hormonalismo porque não estou mais me oferecendo como uma possibilidade. Mas já fui "o ídolo da juventude", fazendo caras e bocas com minha calça igualmente apertada", diz. "É um pouco doloroso esse processo de me reentender."
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2112200914.htm
20091220
Ум титуло
Иссо тем каха де русский, мас нао э.
лолшут.
лолшут.
20091217
Carta Aberta
- Digo-lhe acintosamente, Renato, que o mundo não é como vês: é em formato de tetraedro, ideologicamente, e foi lambido para fora por um tamanduá. Pode rir o quanto quiser, mas a arma está na minha mão - e o jabuti também. Não sei como fala tanto, jesus! Ou tenta falar, não sei. Queria dizer de quando não não pare com isso assim só vai morder a língua e infeccionar e vai deixar um cheiro horrível de laranja podre com azeite, de quando fui para a mata passar três noites e encontrei só mesmo deus, piquititico e careca, pedindo penico - pisei, mas ele furou minha sola com uma tachinha e se escafedeu prum abacateiro, desisti de correr atrás - tenho um reumatismo terrível, meu ciático é quase excalibur, mas com o punho cheio de rubis. Fiz só é deitar na grama molhada e olhar as aranhas deslizando nos galhos e sou um só finalmente, uma terapia tão forte que me mijei todo, o orvalho sou eu. Agora veja que não foram três noites de verdade, umas vinte no mínimo, mas só lembro disso, logo logo eu já em Salvador dançando feito louco com os olhos transformados em pipas vendo o cocoruto tão lindo de uma moça de shortinho, me enfiei em uma lanhouse e encomendei um avião pra fora já! Eu sei, a parede já foi mais bonita, mas o poema que deixaram, ainda que rude, me faz acordar mais depressa, e sacumé, preciso acordar logo antes de morrer, e então quero lhe dizer que voltei de lá muito menos mais, um enormezíssimo avanção, e consegui dizer pra Helena que queria abrir as perninhas dela com os dentes e trepar de ponta cabeça, todo o amorzinho refunçado exprimido em porra, ela disse que já preferia, agora, já mais digna, o Carlos Eduardo, cônsul, e pegou um helicóptero cor-de-rosa pra Tailândia - você imagina a minha cara no chão, mandíbula esticada, e o puta chute que eu dei no poste - vibrou uma sinfonia na hora, dor de cabeça uma semana. Então o que eu quero dizer é aos meus amigos, e você guarda bem e diz depois, que eu pedi pra todo mundo ficar de olho na Helena e putaquepariu, bandefilhodaputa, vão todos pro caralho!, não sabem nem segurar uma moça em casa até o pródigo? Quero que se explodam, ok?, e eu fico aqui com os meus livros, vão todos à casa do cometa que eu nem considero olhar na cara de nenhum, viu?, nenhum deles, se foder!, diz tudo, senão eu como o seu cachorro.
Como nos contou Torecotawani
"Mas é difícil compreender, senhor", tentou Uiratã, "E eu sinto que não conseguiria compreender por completo como é possível inverter as relações de poder". Mestre Torecotawani pitou mais uma vez, riu afavelmente olhando Uiratã nos olhos, sacou seu Ruibardo de Plasma 3-D da Philips e iniciou a apresentação:
Numa floresta, o Lenhador Preocupado e o Pescador Honesto. Pescador Honesto fora eleito Chefe do Condado na tribuna há dois dias. A Festa da Pêra é sua responsabilidade. A Pereira De Ouro encontra-se duas verstas à frente. Dialogam:
LENHADOR: Tenho quatro maçãs e se quiseres pêras poderia conseguir algumas.
PESCADOR: Gosto de pêras.
LENHADOR: Eu poderia conseguir algumas, mas com quatro maçãs em minhas mãos seria muito difícil carregá-las.
PESCADOR: Gosto de maçãs - dê-me duas que eu as seguro ou mesmo as como enquanto buscas as pêras.
LENHADOR: Mas estas maçãs estão prometidas ao meu amigo Confeiteiro.
PESCADOR: Não tem problema, não as comerei, portanto.
LENHADOR: Mas e se não conseguires resistir à tentação?
PESCADOR: Darei um jeito de repor aquela perdida, pois.
LENHADOR: Se não resistires, a responsabilidade pela falta de uma maçã seria minha também, mas antes seria sua; teria que aplicar-lhe uma punição. Defino que a punição seria não conseguir pêras.
PESCADOR: Justo. Mas garanto não me descontrolar.
LENHADOR: Prometes o que não podes cumprir. Sendo assim, o melhor a fazer é simplesmente não ir atrás das pêras; economiza-se esforço assim e impede-se que uma das maçãs seja devorada. O senhor há de conseguir pêras em outras paragens.
Secretamente, o lenhador havia podado todas as demais árvores além da Pereira de Ouro.
Numa floresta, o Lenhador Preocupado e o Pescador Honesto. Pescador Honesto fora eleito Chefe do Condado na tribuna há dois dias. A Festa da Pêra é sua responsabilidade. A Pereira De Ouro encontra-se duas verstas à frente. Dialogam:
LENHADOR: Tenho quatro maçãs e se quiseres pêras poderia conseguir algumas.
PESCADOR: Gosto de pêras.
LENHADOR: Eu poderia conseguir algumas, mas com quatro maçãs em minhas mãos seria muito difícil carregá-las.
PESCADOR: Gosto de maçãs - dê-me duas que eu as seguro ou mesmo as como enquanto buscas as pêras.
LENHADOR: Mas estas maçãs estão prometidas ao meu amigo Confeiteiro.
PESCADOR: Não tem problema, não as comerei, portanto.
LENHADOR: Mas e se não conseguires resistir à tentação?
PESCADOR: Darei um jeito de repor aquela perdida, pois.
LENHADOR: Se não resistires, a responsabilidade pela falta de uma maçã seria minha também, mas antes seria sua; teria que aplicar-lhe uma punição. Defino que a punição seria não conseguir pêras.
PESCADOR: Justo. Mas garanto não me descontrolar.
LENHADOR: Prometes o que não podes cumprir. Sendo assim, o melhor a fazer é simplesmente não ir atrás das pêras; economiza-se esforço assim e impede-se que uma das maçãs seja devorada. O senhor há de conseguir pêras em outras paragens.
Secretamente, o lenhador havia podado todas as demais árvores além da Pereira de Ouro.
20091216
Por que a gente escreve?
Quero dizer, não é estranho? Eu não sei se todos vocês são cinemeiros, acho que sim, mas eu, me formando em direito e chegando em casa (ou até sem chegar em casa) e ligando o computador ou o celular ou até (até!) um caderno e escrevendo historinhas ou historonas. Aliás, nem sei porque citei cursos profissionalizantes se sempre fiz isso, se sempre contei mentiras e as fiquei relendo e mudando coisas como se as fosse tornar menos mentirosas ou sei lá. Mais bonitas. (E no fundo, que importa se são bonitas? Continuam sendo mentiras. Ou não?)
E as pessoas ao meu redor, não.
Elas chegam em casa e lêem, vêem TV, dormem, não sei. Só sei que não ficam na frente do Word (ou do OpenOffice ou do OfficeSuit ou até do caderno) inventando coisas, brincando de palavras, perdendo tempo querendo registrar (não para elas, porque elas já saberiam antes de escrever) algo digno de ser lido, mas que ninguém vai ler.
Não é estranho que elas não escrevam?
E as pessoas ao meu redor, não.
Elas chegam em casa e lêem, vêem TV, dormem, não sei. Só sei que não ficam na frente do Word (ou do OpenOffice ou do OfficeSuit ou até do caderno) inventando coisas, brincando de palavras, perdendo tempo querendo registrar (não para elas, porque elas já saberiam antes de escrever) algo digno de ser lido, mas que ninguém vai ler.
Não é estranho que elas não escrevam?
20091215
20091213
20091212
Mrs. Rain, fall! ; dona chuva, caia!
ive never thought of loving nunca pensei em amar
in washing up em lavar
the clothing a roupa
of straight thing da coisa estreita
which makes itself beauty que se faz bonita
in the tank no tanque
of life da vida
(eating our eyes) comendo nossos olhos
like sons como filhos
of sacred mouth da boca sagrada
of love. do amor.
we should be put under earth fiquemos enterrados
under dreams nos sonhos
of streets das ruas
wide (enough) largas
too run, pra correr,
rolling pavement rolar no asfalto
of bad. das camas.
we could stay fiquemos
silently dancing nas danças silenciosas
our still legs. das pernas paradas.
parabolically paralytic all. paralíticas.
analysing styles análise morfológica
of our love do nosso amor
STRANGE estranho
comically comicamente
impended. impedido.
by mrs. reason pela senhora razão
of glasses and shades. de óculos e sombras.
i thought pensei
of fool love no amor inteiro
foreigner forasteiro
of purity. da pureza.
and i saw souls e vi as almas
holding each other se abraçando
no walls. sem paredes.
and I saw souls vi as almas
armed com braços
with sticks de galhos
fool of leaves cheias de folhas
little novel leaves de folhetins
with faces featuring com caras estampadas
fear. de medo.
and in eyes e nos olhos
hole soul a alma inteira
not pure não pura
but blurring mas jorrando a
madness loucura
loving de amar
a full parcel um pacote completo
IS! é!
with realisation and air. com direção e ar.
but time is (not) nothing. mas o tempo não é nada.
funny peoples thing coisa de gente engraçada
which embraces too infinity que se engraça pro infinito
say it is gain, diz que é colheita,
but its all mas é tudo
laboratorycal. em laboratório.
nowhour, nessa hora,
times everything o tempo é tudo.
but nothing. mas não é nada.
beyond affliction além da aflição
of seeing sea de ver o mar
dying thirsty morrendo de sede
and dont drink. e não beber.
seeing hot plates ver o prato quente
not eating. e não comer.
leaving the pan deixar a panela
getting colds by the window que esfria na janela
kitchen. da cozinha.
were affraid of burning thongues. a gente tem medo de queimar
[a língua.
Bruna Moraes.
in washing up em lavar
the clothing a roupa
of straight thing da coisa estreita
which makes itself beauty que se faz bonita
in the tank no tanque
of life da vida
(eating our eyes) comendo nossos olhos
like sons como filhos
of sacred mouth da boca sagrada
of love. do amor.
we should be put under earth fiquemos enterrados
under dreams nos sonhos
of streets das ruas
wide (enough) largas
too run, pra correr,
rolling pavement rolar no asfalto
of bad. das camas.
we could stay fiquemos
silently dancing nas danças silenciosas
our still legs. das pernas paradas.
parabolically paralytic all. paralíticas.
analysing styles análise morfológica
of our love do nosso amor
STRANGE estranho
comically comicamente
impended. impedido.
by mrs. reason pela senhora razão
of glasses and shades. de óculos e sombras.
i thought pensei
of fool love no amor inteiro
foreigner forasteiro
of purity. da pureza.
and i saw souls e vi as almas
holding each other se abraçando
no walls. sem paredes.
and I saw souls vi as almas
armed com braços
with sticks de galhos
fool of leaves cheias de folhas
little novel leaves de folhetins
with faces featuring com caras estampadas
fear. de medo.
and in eyes e nos olhos
hole soul a alma inteira
not pure não pura
but blurring mas jorrando a
madness loucura
loving de amar
a full parcel um pacote completo
IS! é!
with realisation and air. com direção e ar.
but time is (not) nothing. mas o tempo não é nada.
funny peoples thing coisa de gente engraçada
which embraces too infinity que se engraça pro infinito
say it is gain, diz que é colheita,
but its all mas é tudo
laboratorycal. em laboratório.
nowhour, nessa hora,
times everything o tempo é tudo.
but nothing. mas não é nada.
beyond affliction além da aflição
of seeing sea de ver o mar
dying thirsty morrendo de sede
and dont drink. e não beber.
seeing hot plates ver o prato quente
not eating. e não comer.
leaving the pan deixar a panela
getting colds by the window que esfria na janela
kitchen. da cozinha.
were affraid of burning thongues. a gente tem medo de queimar
[a língua.
Bruna Moraes.
20091211
Conto de cavalaria
Durante toda a segunda década do primeiro milênio de nosso Senhor, Sir Rodrigues figurou entre os mais respeitados cavaleiros da região ao sul da Galícia. Nos anos em que bramiu sua lança em duelos nas arenas, ele desvirginou mais donzelas do que colecionou oponentes derrotados e gerou mais descendentes do que gostariam de crer os carpinteiros e ferreiros e artesãos e agricultores casados com moças tais.
Foi em um duelo contra Dom Henrique da Lusitânia que, diante das bancadas repletas de espectadores, Sir Rodrigues levou seu golpe mais duro e certeiro quando, prostrado de pé frente ao adversário já derrotado, viu na platéia os dentes brancos do sorriso quase completo da Senhorita Ana. (Digo "quase" não porque se furtasse a um sorriso em todo, mas porque o ano era o oitavo da segunda década do primeiro milênio de nosso Senhor, e porque no oitavo ano da segunda década do primeiro milênio de nosso Senhor, um sorriso nunca era realmente completo no que dizia respeito a dentes, ainda mais se brancos.) Ergueu a mão direita em um aceno que se pretendia confiante, e diante do vacilo do braço forte, não houve alma na platéia que não houvesse previsto sua derrocada. Mas Ana, que não gastava sorrisos à toa e ciente que era da brancura de seus dentes, nem chegou a ver o gesto débil, visto que já deixava a arena, sabendo-se vitoriosa.
O segundo ataque não tardou. Já três noites depois, em um baile, a donzela negou uma dança ao cavaleiro que, embaraçado, teve de simular um riso e alguns passos (e, posteriormente, uma noite de amor) com uma outra senhora que já há algum tempo lhe importunava e que gritava como um casal de gatos, o que só aumentou o desgosto do herói ferido. Os golpes, porém, não cessaram por aí, sucedidos pela hábil intercalação entre dias de indiferença e de olhares calculados, pelas roupas escolhidas a dedo e, finalmente, por três palavras sussurradas em um banquete, tão baixas que Sir Rodrigues se perguntava se realmente teriam sido ditas, enquanto se dirigia para atrás do pátio.
No entanto, tinham, e quando ambos se viram prontos para fazerem-se felizes é que subiram em seus cavalos e despiram-se das cotas e dos elmos e dos escudos e firmaram as mãos em suas lanças e apontaram-nas, enquanto disparavam os animais, para onde mais pudessem machucar.
O segundo ataque não tardou. Já três noites depois, em um baile, a donzela negou uma dança ao cavaleiro que, embaraçado, teve de simular um riso e alguns passos (e, posteriormente, uma noite de amor) com uma outra senhora que já há algum tempo lhe importunava e que gritava como um casal de gatos, o que só aumentou o desgosto do herói ferido. Os golpes, porém, não cessaram por aí, sucedidos pela hábil intercalação entre dias de indiferença e de olhares calculados, pelas roupas escolhidas a dedo e, finalmente, por três palavras sussurradas em um banquete, tão baixas que Sir Rodrigues se perguntava se realmente teriam sido ditas, enquanto se dirigia para atrás do pátio.
No entanto, tinham, e quando ambos se viram prontos para fazerem-se felizes é que subiram em seus cavalos e despiram-se das cotas e dos elmos e dos escudos e firmaram as mãos em suas lanças e apontaram-nas, enquanto disparavam os animais, para onde mais pudessem machucar.
20091208
Comunhão
Mas me alegrou ver o que você escreveu!
No fim, estamos em sintonia. Não me chame de "comunista" ou de "vermeho", que a questão está longe de passar pelo crivo social. (Apesar de alguma tendência anti-artistocrática). Não, não, quanto a isso pode ficar...sossegado.
De todo modo...é evidente que eu não posso deixar de reparar que há um desprezo pelas minhas convicções. Vá lá, vá lá - é como disse, sejamos todos Padres Sérgios, ou somente padres, perdoemos, perdoemos. Não é a junção do corpo com a mente, justamente o perdão? Pois que seja.
Só não vamos nos esquecer que Padre Sérgio foi militar antes e encontrou na reclusão uma espécie de "vocação cômoda", como eu fiz questão de esconder em minha réplica, para ver se o senhor havia compreendido.
Bem, vamos botar uma pedra em cima desse assunto. Deixo um presente de paz:
No fim, estamos em sintonia. Não me chame de "comunista" ou de "vermeho", que a questão está longe de passar pelo crivo social. (Apesar de alguma tendência anti-artistocrática). Não, não, quanto a isso pode ficar...sossegado.
De todo modo...é evidente que eu não posso deixar de reparar que há um desprezo pelas minhas convicções. Vá lá, vá lá - é como disse, sejamos todos Padres Sérgios, ou somente padres, perdoemos, perdoemos. Não é a junção do corpo com a mente, justamente o perdão? Pois que seja.
Só não vamos nos esquecer que Padre Sérgio foi militar antes e encontrou na reclusão uma espécie de "vocação cômoda", como eu fiz questão de esconder em minha réplica, para ver se o senhor havia compreendido.
Bem, vamos botar uma pedra em cima desse assunto. Deixo um presente de paz:
Trepýblica.
Não li seu "texto" com muita atenção, pois estava comendo um delicioso brigadeiro feito por mim; ainda assim, sua estupidez é sintomática do que tento dizer aqui.
Seu marxismo enrustido, adquirido nesse monte de papéis vermelhos, aprisiona sua mente e é o motivo de sua derrocada. Eu, longe de ser um misticista ou um platônico, utilizei a palavra Alma para indicar apenas a essência do ser, que não existe per se, mas é a união da suposta mente (que supostamente existe) com o suposto corpo, e então divide-se por dois e se tem a Alma, que é também o Ego de alguns papéis e o Ian Fleming de outros.
O que eu sinto é minha Alma, e não há nada de religioso nisso: minha mente apreende algo que não é meu corpo e que está deslocado alguns centímetros à direita; o nome que dou a isso só interessa a outros prisioneiros de papel, como você fez questão de mostrar.
De resto, não entendi o que o Padre Sérgio tem a ver com a empreitada.
Espero que tenha sido um malentendido e que fique claro que sou absolutamente ateu, apostólico e romano.
Best wishes.
Seu marxismo enrustido, adquirido nesse monte de papéis vermelhos, aprisiona sua mente e é o motivo de sua derrocada. Eu, longe de ser um misticista ou um platônico, utilizei a palavra Alma para indicar apenas a essência do ser, que não existe per se, mas é a união da suposta mente (que supostamente existe) com o suposto corpo, e então divide-se por dois e se tem a Alma, que é também o Ego de alguns papéis e o Ian Fleming de outros.
O que eu sinto é minha Alma, e não há nada de religioso nisso: minha mente apreende algo que não é meu corpo e que está deslocado alguns centímetros à direita; o nome que dou a isso só interessa a outros prisioneiros de papel, como você fez questão de mostrar.
De resto, não entendi o que o Padre Sérgio tem a ver com a empreitada.
Espero que tenha sido um malentendido e que fique claro que sou absolutamente ateu, apostólico e romano.
Best wishes.
20091207
Réplica.
Bom, para mim isso não diz que estamos presos ao papel não, meu amigo. O senhor, pelo menos, está é preso pela religião, ou melhor, pela religiosidade e misticismo.
(Quer dizer, Kafka talvez estivesse - preso ao papel, não à religião. Mas Kafka ficou atormentado porque ninguém lia suas coisas, essa que é a verdade. Só se pode levar a sério um escritor que tenha se colocado ativamente e criticamente em relação a seu PRÓPRIO ofício mediante sucesso ainda em vida.)
"Papel preso a nossas Almas". Nas nossas mentes, vá lá, mas na alma, é? Que raio de alma é essa? Não digo que não exista, mas durma-se com um barulho desses. Se o senhor vê isso aqui como alguma forma de sublimação, ou de elevação espiritual, se o senhor acha que sendo um artista consegue realizar seu desejo de querubim frustrado, vá ler Joyce e arrependa-se em segredo!
Mas não me venha com essa. Religiosidades frustradas e precárias em torno de "papel na nossa alma" são do pior tipo. Sejamos Padres Sérgios, pois. Que trabalhemos em segredo, mas sem buscar o segredo - e sem buscar que os outros saibam do nosso segredo. Não digo, com isso, que não se deve publicar nada - falo em relação ao trabalho interior. Ao ofício-em-si. Sem esperanças de purificação pós-vida. Sem ilusões de reconhecimento póstumo. Ao inferno com tudo isso, que o trabalho impresso seja dado como feito, que passemos ao próximo obstinados, mas obstinados por estarmos cultivando um ofício, não melhor nem pior do que qualquer outro.
Somos incapazes de pensamentos puros, nossos? Mas se o senhor acredita nessa palavra - e sublinho que a questão é a palavra - alma, é óbvio que não estamos livres, pois de chofre o senhor já está vinculado a uma crença um tanto quanto duvidosa!
A verdadeira religião e a verdadeira alma emanarão naturalmente e não serão chamadas assim. Se quiser que sejam "bigorna" e "badulaque", respectivamente, que sejam - mas eu as negarei assim que colocares esses nomes, pois estarão novamente instituídos. Meu ponto gira em torno do impronunciável. Não se pode nomear o que se vai experimentar durante a fatura de sua "obra" (se quiser ser mais petulante ainda, que diga então 'obra artística') - pois isso implicará na qualificação da sensação, seja negativa ou positiva do ponto de vista de sua crença instituída.
Que faça da sua "prisão" uma prisão muda e branca, que o senhor por disciplina não conseguirá definir. Aí, sim, o seu pensamento "puro" irá despontar, aí sim sentirás que seu/sua/a/o/e/k/c/ "_________" ou
ou
irá aparecer.
(Quer dizer, Kafka talvez estivesse - preso ao papel, não à religião. Mas Kafka ficou atormentado porque ninguém lia suas coisas, essa que é a verdade. Só se pode levar a sério um escritor que tenha se colocado ativamente e criticamente em relação a seu PRÓPRIO ofício mediante sucesso ainda em vida.)
"Papel preso a nossas Almas". Nas nossas mentes, vá lá, mas na alma, é? Que raio de alma é essa? Não digo que não exista, mas durma-se com um barulho desses. Se o senhor vê isso aqui como alguma forma de sublimação, ou de elevação espiritual, se o senhor acha que sendo um artista consegue realizar seu desejo de querubim frustrado, vá ler Joyce e arrependa-se em segredo!
Mas não me venha com essa. Religiosidades frustradas e precárias em torno de "papel na nossa alma" são do pior tipo. Sejamos Padres Sérgios, pois. Que trabalhemos em segredo, mas sem buscar o segredo - e sem buscar que os outros saibam do nosso segredo. Não digo, com isso, que não se deve publicar nada - falo em relação ao trabalho interior. Ao ofício-em-si. Sem esperanças de purificação pós-vida. Sem ilusões de reconhecimento póstumo. Ao inferno com tudo isso, que o trabalho impresso seja dado como feito, que passemos ao próximo obstinados, mas obstinados por estarmos cultivando um ofício, não melhor nem pior do que qualquer outro.
Somos incapazes de pensamentos puros, nossos? Mas se o senhor acredita nessa palavra - e sublinho que a questão é a palavra - alma, é óbvio que não estamos livres, pois de chofre o senhor já está vinculado a uma crença um tanto quanto duvidosa!
A verdadeira religião e a verdadeira alma emanarão naturalmente e não serão chamadas assim. Se quiser que sejam "bigorna" e "badulaque", respectivamente, que sejam - mas eu as negarei assim que colocares esses nomes, pois estarão novamente instituídos. Meu ponto gira em torno do impronunciável. Não se pode nomear o que se vai experimentar durante a fatura de sua "obra" (se quiser ser mais petulante ainda, que diga então 'obra artística') - pois isso implicará na qualificação da sensação, seja negativa ou positiva do ponto de vista de sua crença instituída.
Que faça da sua "prisão" uma prisão muda e branca, que o senhor por disciplina não conseguirá definir. Aí, sim, o seu pensamento "puro" irá despontar, aí sim sentirás que seu/sua/a/o/e/k/c/ "_________" ou
ou
irá aparecer.
Prisioneiros do papel.
Quando Kafka disse que os homens eram prisioneiros dos papéis de escritório queria ele dizer que os homens eram vítimas da própria burocracia e sistematização [vide O Processo], que, muitas vezes, não quer dizer nada. Só hoje entendi que kafka, eu, meus amigos, todos nós que nos julgamos livres dos papéis de escritório, estamos ainda mais presos por outro tipo de papel, que gruda em nossas Almas e em nossa mente e acaba com qualquer chance de pensamento limpo, puro, nosso.
O tigre que me engole é de papel e é essa porra de literatura.
à merda!
O tigre que me engole é de papel e é essa porra de literatura.
à merda!
isto é:
aditivos químicos,
entendi,
epifania,
kafka,
paralisia,
ricardo miyada
20091206
obsceno
- Nossa, querido, fazia tanto tempo que você não fazia isso!
- Verdade.
- Ai, faz de novo?
- Tá, espera um pouco.
***
- Achei que teve bons momentos... adoro gente jovem!
- Hah! Inclusive quando a gente era jovem era ótimo...
- Bom, eu mesmo nunca soube fazer direito.
***
- Eu gosto daquele sofá gigante, e só.
- Mas o resto é mais pulsante, impressionante.
- Mas aquela coisa pequenina, desproporcional, me atrai.
Cante uma canção, por favor.
Pode ser qualquer uma, de qualquer lugar do mundo, interpretada do jeito que você se sentir melhor. Grave como puder e poste aqui!
Teremos todos um final de ano bem mais feliz desse jeito. =)
20091203
Crítica literária
"Mr [Leigh] Hunt is a small poet, but he is a clever man. Mr Keats is a still smaller poet, and he is only a boy of pretty abilities, which he done everything in his power to spoil."
(John Gibson Lockhart, crítica de Endymion para a Edinburgh Magazine, 1818)
"[James Hog's and Walter Scott] neither of them write a language which has any pretension to be called English; and their versification - who can endure it when he comes fresh from the Minstrel [The Minstrel (1779), de James Beattie]?"
(Wordsworth, Wordsworth Poets)
(John Gibson Lockhart, crítica de Endymion para a Edinburgh Magazine, 1818)
"[James Hog's and Walter Scott] neither of them write a language which has any pretension to be called English; and their versification - who can endure it when he comes fresh from the Minstrel [The Minstrel (1779), de James Beattie]?"
(Wordsworth, Wordsworth Poets)
isto é:
é isso que falta nos críticos atuais,
GMS,
resenha
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