20091231
20091229
Manual para a confraternização interracial (ou: rápido guia de montagem no YouTube)
2- Pause cada vídeo, de forma que eles carreguem sem tocar.
3- Espere, por precaução, dez minutos. Se você tiver Internet discada, espere 4 horas.
4- Feche todas as outras abas (recomenda-se copiar as instruções em um papel)
5- Desligue o som de dois dos vídeos, mantendo o som no máximo em um deles.
6- Dê play e clique imediatamente em seguida FORA do campo do vídeo. Repita o procedimento para todos os vídeos.
7- Alterne as abas com CTRL+TAB e veja como o som de um interfere nos outros.
8- Experimente outras combinações.
20091227
20091224
20091223
20091221
Santos/Koor: Brôus?, Simbiose Cósmica? Plágio Brasileiro?
Os tempos mudaram um tanto desde sua estreia, em 1982. Mas transformar o ato solitário em catarse coletiva ainda é o maior objetivo do cantor hoje, aos 57 anos, no recém-lançado "Singular", seu 22º álbum.
"Sou feito em pop", diz. "Sou formado nisso, minha escola é a do sucesso. E essa não é a frequência do artista sofredor, mas do artista realizado."
Por isso ele continua a disfarçar letras melancólicas em melodias ensolaradas, como no samba à paulista "Procedimento". "É aquilo de pensar triste e cantar alegre", diz. ""Assim Caminha a Humanidade" é um clássico disso. É uma história de separação, mas pessoas dançam numa alegria alucinada."
Desta vez, a fórmula de que faz uso junta, em medida parecida, dois ingredientes básicos: o samba e a música eletrônica. Não é a primeira incursão de Lulu na alquimia entre esses gêneros, mas é certamente a mais radical delas -principalmente nas faixas instrumentais que abrem e fecham o disco.
"Outro dia, li que, há 15 anos, a Nação Zumbi descobriu uma estética para juntar naturalmente essas duas coisas", conta. "Acho isso muito louvável, mas, há 25, fiz um disco chamado "Popsambalanço e Outras Levadas" que já propunha exatamente o mesmo. Seria bom se isso fosse lembrado."
O autor descreve as duas faixas sem letra como manifestações de sua "relação de amor e ódio com o samba". "Elas revelam tanto o fascínio quanto uma espécie de impaciência."
Mais impaciência ainda Lulu dedica hoje ao rock -gênero a que, por ter surgido na efervescência da geração 80, ele é muitas vezes associado. Mais ainda por ser um dos fundadores do Vímana, lendária banda de rock progressivo.
"Estou o menos rock n'roll possível. O rock é um engano, um erro que lesa a humanidade", diz. "Ele se tornou uma linguagem de exclusão, num processo narcisista e branco parecido com a ideia facistóide desses grupos que usam gótico."
Segundo seu raciocínio, o rock roubou a linguagem original do rhythm and blues, música de diversão para quem tinha uma vida ruim e precisava dela para ser resgatado.
"Rock é para gente normal, formatada, classe média e sem surpresa que procura um tipo de vertigem, como se aquela música mostrasse o lado escuro da alma da pessoa", diz. "Mas isso é uma fantasia mitificada por gente que paga US$ 40 mil por dia em psiquiatra."
Lulu considera que, de Elvis a Fresno, dos Beatles ao Menudo, a música pop do século 20 é "necessidade básica hormonal feminina". São as calças apertadas que realmente importam.
"Atualmente, escapo desse hormonalismo porque não estou mais me oferecendo como uma possibilidade. Mas já fui "o ídolo da juventude", fazendo caras e bocas com minha calça igualmente apertada", diz. "É um pouco doloroso esse processo de me reentender."
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2112200914.htm
20091220
Ум титуло
лолшут.
20091217
Carta Aberta
Como nos contou Torecotawani
Numa floresta, o Lenhador Preocupado e o Pescador Honesto. Pescador Honesto fora eleito Chefe do Condado na tribuna há dois dias. A Festa da Pêra é sua responsabilidade. A Pereira De Ouro encontra-se duas verstas à frente. Dialogam:
LENHADOR: Tenho quatro maçãs e se quiseres pêras poderia conseguir algumas.
PESCADOR: Gosto de pêras.
LENHADOR: Eu poderia conseguir algumas, mas com quatro maçãs em minhas mãos seria muito difícil carregá-las.
PESCADOR: Gosto de maçãs - dê-me duas que eu as seguro ou mesmo as como enquanto buscas as pêras.
LENHADOR: Mas estas maçãs estão prometidas ao meu amigo Confeiteiro.
PESCADOR: Não tem problema, não as comerei, portanto.
LENHADOR: Mas e se não conseguires resistir à tentação?
PESCADOR: Darei um jeito de repor aquela perdida, pois.
LENHADOR: Se não resistires, a responsabilidade pela falta de uma maçã seria minha também, mas antes seria sua; teria que aplicar-lhe uma punição. Defino que a punição seria não conseguir pêras.
PESCADOR: Justo. Mas garanto não me descontrolar.
LENHADOR: Prometes o que não podes cumprir. Sendo assim, o melhor a fazer é simplesmente não ir atrás das pêras; economiza-se esforço assim e impede-se que uma das maçãs seja devorada. O senhor há de conseguir pêras em outras paragens.
Secretamente, o lenhador havia podado todas as demais árvores além da Pereira de Ouro.
20091216
Por que a gente escreve?
E as pessoas ao meu redor, não.
Elas chegam em casa e lêem, vêem TV, dormem, não sei. Só sei que não ficam na frente do Word (ou do OpenOffice ou do OfficeSuit ou até do caderno) inventando coisas, brincando de palavras, perdendo tempo querendo registrar (não para elas, porque elas já saberiam antes de escrever) algo digno de ser lido, mas que ninguém vai ler.
Não é estranho que elas não escrevam?
20091215
20091213
20091212
Mrs. Rain, fall! ; dona chuva, caia!
in washing up em lavar
the clothing a roupa
of straight thing da coisa estreita
which makes itself beauty que se faz bonita
in the tank no tanque
of life da vida
(eating our eyes) comendo nossos olhos
like sons como filhos
of sacred mouth da boca sagrada
of love. do amor.
we should be put under earth fiquemos enterrados
under dreams nos sonhos
of streets das ruas
wide (enough) largas
too run, pra correr,
rolling pavement rolar no asfalto
of bad. das camas.
we could stay fiquemos
silently dancing nas danças silenciosas
our still legs. das pernas paradas.
parabolically paralytic all. paralíticas.
analysing styles análise morfológica
of our love do nosso amor
STRANGE estranho
comically comicamente
impended. impedido.
by mrs. reason pela senhora razão
of glasses and shades. de óculos e sombras.
i thought pensei
of fool love no amor inteiro
foreigner forasteiro
of purity. da pureza.
and i saw souls e vi as almas
holding each other se abraçando
no walls. sem paredes.
and I saw souls vi as almas
armed com braços
with sticks de galhos
fool of leaves cheias de folhas
little novel leaves de folhetins
with faces featuring com caras estampadas
fear. de medo.
and in eyes e nos olhos
hole soul a alma inteira
not pure não pura
but blurring mas jorrando a
madness loucura
loving de amar
a full parcel um pacote completo
IS! é!
with realisation and air. com direção e ar.
but time is (not) nothing. mas o tempo não é nada.
funny peoples thing coisa de gente engraçada
which embraces too infinity que se engraça pro infinito
say it is gain, diz que é colheita,
but its all mas é tudo
laboratorycal. em laboratório.
nowhour, nessa hora,
times everything o tempo é tudo.
but nothing. mas não é nada.
beyond affliction além da aflição
of seeing sea de ver o mar
dying thirsty morrendo de sede
and dont drink. e não beber.
seeing hot plates ver o prato quente
not eating. e não comer.
leaving the pan deixar a panela
getting colds by the window que esfria na janela
kitchen. da cozinha.
were affraid of burning thongues. a gente tem medo de queimar
[a língua.
Bruna Moraes.
20091211
Conto de cavalaria
O segundo ataque não tardou. Já três noites depois, em um baile, a donzela negou uma dança ao cavaleiro que, embaraçado, teve de simular um riso e alguns passos (e, posteriormente, uma noite de amor) com uma outra senhora que já há algum tempo lhe importunava e que gritava como um casal de gatos, o que só aumentou o desgosto do herói ferido. Os golpes, porém, não cessaram por aí, sucedidos pela hábil intercalação entre dias de indiferença e de olhares calculados, pelas roupas escolhidas a dedo e, finalmente, por três palavras sussurradas em um banquete, tão baixas que Sir Rodrigues se perguntava se realmente teriam sido ditas, enquanto se dirigia para atrás do pátio.
No entanto, tinham, e quando ambos se viram prontos para fazerem-se felizes é que subiram em seus cavalos e despiram-se das cotas e dos elmos e dos escudos e firmaram as mãos em suas lanças e apontaram-nas, enquanto disparavam os animais, para onde mais pudessem machucar.
20091208
Comunhão
No fim, estamos em sintonia. Não me chame de "comunista" ou de "vermeho", que a questão está longe de passar pelo crivo social. (Apesar de alguma tendência anti-artistocrática). Não, não, quanto a isso pode ficar...sossegado.
De todo modo...é evidente que eu não posso deixar de reparar que há um desprezo pelas minhas convicções. Vá lá, vá lá - é como disse, sejamos todos Padres Sérgios, ou somente padres, perdoemos, perdoemos. Não é a junção do corpo com a mente, justamente o perdão? Pois que seja.
Só não vamos nos esquecer que Padre Sérgio foi militar antes e encontrou na reclusão uma espécie de "vocação cômoda", como eu fiz questão de esconder em minha réplica, para ver se o senhor havia compreendido.
Bem, vamos botar uma pedra em cima desse assunto. Deixo um presente de paz:
Trepýblica.
Seu marxismo enrustido, adquirido nesse monte de papéis vermelhos, aprisiona sua mente e é o motivo de sua derrocada. Eu, longe de ser um misticista ou um platônico, utilizei a palavra Alma para indicar apenas a essência do ser, que não existe per se, mas é a união da suposta mente (que supostamente existe) com o suposto corpo, e então divide-se por dois e se tem a Alma, que é também o Ego de alguns papéis e o Ian Fleming de outros.
O que eu sinto é minha Alma, e não há nada de religioso nisso: minha mente apreende algo que não é meu corpo e que está deslocado alguns centímetros à direita; o nome que dou a isso só interessa a outros prisioneiros de papel, como você fez questão de mostrar.
De resto, não entendi o que o Padre Sérgio tem a ver com a empreitada.
Espero que tenha sido um malentendido e que fique claro que sou absolutamente ateu, apostólico e romano.
Best wishes.
20091207
Réplica.
(Quer dizer, Kafka talvez estivesse - preso ao papel, não à religião. Mas Kafka ficou atormentado porque ninguém lia suas coisas, essa que é a verdade. Só se pode levar a sério um escritor que tenha se colocado ativamente e criticamente em relação a seu PRÓPRIO ofício mediante sucesso ainda em vida.)
"Papel preso a nossas Almas". Nas nossas mentes, vá lá, mas na alma, é? Que raio de alma é essa? Não digo que não exista, mas durma-se com um barulho desses. Se o senhor vê isso aqui como alguma forma de sublimação, ou de elevação espiritual, se o senhor acha que sendo um artista consegue realizar seu desejo de querubim frustrado, vá ler Joyce e arrependa-se em segredo!
Mas não me venha com essa. Religiosidades frustradas e precárias em torno de "papel na nossa alma" são do pior tipo. Sejamos Padres Sérgios, pois. Que trabalhemos em segredo, mas sem buscar o segredo - e sem buscar que os outros saibam do nosso segredo. Não digo, com isso, que não se deve publicar nada - falo em relação ao trabalho interior. Ao ofício-em-si. Sem esperanças de purificação pós-vida. Sem ilusões de reconhecimento póstumo. Ao inferno com tudo isso, que o trabalho impresso seja dado como feito, que passemos ao próximo obstinados, mas obstinados por estarmos cultivando um ofício, não melhor nem pior do que qualquer outro.
Somos incapazes de pensamentos puros, nossos? Mas se o senhor acredita nessa palavra - e sublinho que a questão é a palavra - alma, é óbvio que não estamos livres, pois de chofre o senhor já está vinculado a uma crença um tanto quanto duvidosa!
A verdadeira religião e a verdadeira alma emanarão naturalmente e não serão chamadas assim. Se quiser que sejam "bigorna" e "badulaque", respectivamente, que sejam - mas eu as negarei assim que colocares esses nomes, pois estarão novamente instituídos. Meu ponto gira em torno do impronunciável. Não se pode nomear o que se vai experimentar durante a fatura de sua "obra" (se quiser ser mais petulante ainda, que diga então 'obra artística') - pois isso implicará na qualificação da sensação, seja negativa ou positiva do ponto de vista de sua crença instituída.
Que faça da sua "prisão" uma prisão muda e branca, que o senhor por disciplina não conseguirá definir. Aí, sim, o seu pensamento "puro" irá despontar, aí sim sentirás que seu/sua/a/o/e/k/c/ "_________" ou
ou
irá aparecer.
Prisioneiros do papel.
O tigre que me engole é de papel e é essa porra de literatura.
à merda!
20091206
obsceno
- Nossa, querido, fazia tanto tempo que você não fazia isso!
- Verdade.
- Ai, faz de novo?
- Tá, espera um pouco.
***
- Achei que teve bons momentos... adoro gente jovem!
- Hah! Inclusive quando a gente era jovem era ótimo...
- Bom, eu mesmo nunca soube fazer direito.
***
- Eu gosto daquele sofá gigante, e só.
- Mas o resto é mais pulsante, impressionante.
- Mas aquela coisa pequenina, desproporcional, me atrai.
Cante uma canção, por favor.
20091203
Crítica literária
(John Gibson Lockhart, crítica de Endymion para a Edinburgh Magazine, 1818)
"[James Hog's and Walter Scott] neither of them write a language which has any pretension to be called English; and their versification - who can endure it when he comes fresh from the Minstrel [The Minstrel (1779), de James Beattie]?"
(Wordsworth, Wordsworth Poets)
20091129
Quero um dia fazer um frame assim:
!
Claro que já...
De graça?
!
20091126
Fastio
sobre os olhos todos verdes e chorosos,
sobre o nariz que aponta o chão e nessas
mangas longas dos teus braços nunca expostos;
e esse ar pra sempre encolhido,
esse jeitinho todo enfastiado,
e o vermelho escondido [sobre o branco, sob o verde]
que simulam um eterno resfriado...
Não! Não te cures, mocinha, que assim,
tão fraquinha, és muito mais bonita!
Tão abatida que não há quem de ti não cuide,
tão morrendo que te dariam a vida!
Não, não desiste desse corpo curvadinho,
desses olhos que tanta água vertem
e desse jeito de olhar, perdida,
para aqueles que por te olhar se perdem...
20091125
dois-ou-um, três-pra-quatro.
20091121
As Crônicas de Patsy, O Judeuzinho - Parte I
20091119
20091116
É da vida, é da vida...
Eu quis me intrometer, porque fui com a cara dos dois, e sugeri um novo tema. Em troca, tive que oferecer o braço que cobiçavam, mas não vi grandes problemas. Sendo assim, pude contemplar um dos melhores diálogos sobre sinestesia que já ouvi. A definição do primeiro era bem pouco ortodoxa: o mesmo que um músico de formação erudita tentando tocar jazz. O outro foi mais simplório e a definiu como um truque racional que visa à sensação ébria de um copo de sangue pelo ouvido.
E falando em ouvido, foi aí que eles se aproximaram e eu comecei a me incomodar com o zumbido insuportável, que se sobrepunha às vozes singelas dos dois – que nada tinham de esganadas, é importante dizer, e se pareciam mais com uma versão aveludada de Mariana Ximenes. Bem, logo dei cabo dos dois e entrei no banho.
Mas a verdade é que só imaginei ter dado cabo dos dois. O segundo, de quem eu gostava menos, havia conseguido escapar e, sem guardar mágoas, acompanhou-me no banho. Parecia suportar bastante bem uma gota ou outra de água que ocasionalmente escorriam sobre sua cabeça.
Engatamos um papo e desenvolvemos a temática “afrescos”, sugerida pelo acúmulo de gotículas na janelinha do banheiro, que o fizeram lembrar-se de algumas obras de arte decorativa que vira uma vez em Porto Alegre. Minha esposa juntou-se a nós (a mim, consciente; a nós, sem dar-se conta de meu amigo) e, bem, tive que interromper a conversa por alguns instantes para começar outra:
-O lençol está com uma manchinha de sangue...machucou?
-Eu? Bom, eu não me machuquei...
Falar sobre meu homicídio dessa maneira me constrangia e eu tentei rapidamente mudar de assunto. Minha mulher é burra, de modo que pude logo inventar um jogo, que consistia em tentar lembrar se a sessão das quinze e dez era no multiplex ou no shopping. Valha-me deus, como funcionou.
Saímos juntos do banho e eu me distraí por uns instantes – sendo preciso, exatamente quando me secava e colocava a toalha de volta, pendurada -, o que foi suficiente para que perdesse meu novo amigo de vista. Isso me deu tempo para pensar numa próxima temática. Coloquei minha roupa pensativo, riscando idéias ruins que apareciam e fazendo pré-seleções das razoáveis.
Enquanto isso, minha mulher já se vestira e, com pressa, dava-me um beijo de “até mais tarde”.
Olhei em volta e não o encontrei. Peguei o jornal e comecei a ler. Ando de saco cheio dos cadernos culturais e dos editoriais. Sobre estes últimos, me incomoda o jeito com que tratam todos como se fossem ignorantes, ou melhor, ao menos soubessem menos do que aquele que escreve. É uma arrogância. Meu sindicato ontem fez dez anos e a cobertura foi pífia. Disseram que somos “uma máfia”. Bem, na verdade, eu não sou do sindicato, só fui o membro fundador, mas logo me retirei quando caí no, digamos, “show business”. De todo modo, é terrível imaginar como eu estaria constrangido hoje se lesse o tal artigo. Sobre os cadernos culturais...vou me abster. São quase como enemas pré-preparados, de tão desgostosos.
Mas não tive mais tempo na vida para nada disso. Enquanto folheava, não vi a quina da estante de livros, bati a cabeça com força descomunal e caí, já moribundo. Eu sangrava muito na testa e senti que o ferro enferrujado tinha cravado fundo. Dificilmente sobreviveria. Vi o sangue se acumulando na minha frente. Aí ouvi o zumbido – que logo cessou, gentilmente – e vi meu amigo me olhando. Não impedi que se servisse de meu sangue espalhado. Nem fiz qualquer movimento que encerrasse o monólogo:
-Pois é, mas pior do que esses afrescos mal feitos é sangue de gato, que é azedo. Você me falou sobre como prefere aquarela. Pois bem, mas guache é mais grossa e menos divertida. Borrifadores são mais caros, é verdade, mas prefiro do que uma tinta que você pode comprar em qualquer lugar e é só começar a jogar numa tela que fica tudo bem. Agora, soube de um colega que conseguiu ler dois livros em um dia só, e livros grandes. Outro teve que fazer uma limpeza intestinal, em casa mesmo, mas porque comeu muito enquanto lia, ficou lá sentado e nem percebeu o que aconteceu, enfim, quase explodiu! Aliás, foi o meu colega que foi-se lá no seu quarto, sabe?, mas sem mágoas, acontece, é assim mesmo. Vou compor uma música sobre isso. Prefiro acordes aumentados, que dão mais tensão...hô, hô, entende?, “tensão”, nos dois sentidos, musical e dramático, sabe? Pois é, mas aqui já começa a coagular, e eu não gosto.
20091113
Nu pogodi, caipira manquitola! (ou algo como um dia foi "krighabandolo", só que ao contrário.)
Vida familiar : )
Realmente funciona...o papel aluminio nao faísca, não tem perigo...meu marido não queria deixar eu tentar, mas depois resolvemos ver no que dava...
Valeu pela dica!!!
20091111
soneto para uma tarde de verão; homenagem a alberto caeiro, noel rosa, lorca & todos os chineses
duas moças
uma loira
- (40 graus) -
lambem longe
o meu pensar.
20091110
I´m uma vítima de um mensageiro do amor do coração. (It´s invisível mas, tão touchable!)
20091109
indexibilidade vezes 2
1. Sérgio no mato. Eu te odeio
2. Camila, você me odeia. Como assim.
3. É tudo uma grande mentira!
4. O lençol sujo, mentira?
5. Na cama compartida, só um copo dágua é que sabe o que é que a baiana tem.
6. E que tem pra dar e vender... – disso sabe Sérgio, mas sem saber.
20091107
A CRIATIVIDADE VEM JUSTAMENTE QUANDO PERDEMOS O TREM (de rimas estou farto | de ideias estou flatus)
O que ele diz:
- Escrevo todos os dias por cerca de 8 horas e sempre jogo fora as primeiras 3 horas do trabalho porque são sempre lixo.
O que eu entendo:
- Passo 3 horas tentando escrever alguma coisa, batendo a cabeça contra o teclado ou enfiando a caneta na boca e chupando a tinta ou dormindo no sofá; nas outras 5 consigo escrever algumas linhas mas mesmo assim é tudo lixo e talvez essa história toda de escrever me deixe muito triste.
A verdade:
- Não me importo com entrevistas não me importo com a verdade eu só quero paz e seu dinheiro vá embora daqui.
A mentira:
- Não me importo com vocês não me importo com a verdade o que eu mais quero é a paz e ganhar um pouco de dinheiro isso tudo não é nada vá embora daqui.
Uma parte:
- Não te ouço mas não importa, não estou aqui como datílografo.
Arre, que chateação! Vou para Acapulco.
20091105
poesia
nasceu já quase morrendo
Todas as palavras que ele deixa são rastros
Todos os versos são trilhas
Todos poemas jornadas
O poeta moderno é as lacunas que ele deixa
e as pegadas
20091031
Dhoom, dhoom, let me make you swet
Bem, é um filme de ação com motos e roubos e a primeira coisa que eu pensei foi que o filme já saía perdendo por não ter o Vin Diesel. Mas logo eu percebi o quanto eu estava enganado.
Acontece que o filme propicia algo que nenhum Velozes e Furiosos jamais propiciará: uma cena de moto seguida por uma cena de roubo seguida por uma dancinha na qual o policial tenta convencer sua esposa a fazer "shikdum".
Então, resumidamente, o filme é tão ruim quanto um filme de ação pode ser, só que pior. Eu chegaria a dizer que ele superou Van Helsing no meu Top Piores Filmes, se... se eu não tivesse gostado tanto.
Quero dizer, são indianos dançando (na chuva, no palco, no cassino, em todo lugar) e as músicas são ANIMAIS. Uma das melhores trilhas sonoras ever, com certeza a melhor da história dos filmes de ação. Destaque para "Fiesta Latina", cujo refrão parece tanto com "salame salame salame quero comer salame" que a próxima coisa que eu farei será procurar no Youtube para ver se alguém já fez uma legenda dessas que se faz com músicas indianos ou o Daileon.
Além disso, por mais que eu já tenha visto o Bruce Willis derrubar um helicóptero ao atirar um carro nele, eu nunca vi o que descreverei a seguir:
Começa com algo banal, uma lancha perseguindo um caminhão. Mas então os mocinhos pulam com a lancha pela frente do caminhão, atirando. Isso já foi extremamente wow, mas não é nada comparado a quando eles jogam a âncora no caminhão e começam uma perseguição de lancha em terra firme, isso mesmo, uma perseguição de lancha em terra firme! Seguida, claro, por lutas acrobáticas em cima do caminhão etc.
Enfim, enquanto o filme é um fracasso completo enquanto filme de ação (o que é um problema, já que É um filme de ação) ele é também engraçado (tanto de propósito quanto sem querer). E vale a pena pela eterna expectativa pela próxima dancinha.
Notas
Atuação: 6/10
Roteiro: 0/10
Efeitos especiais: 7/10
Direção: 1/10
Trilha Sonora: 100/10
Geral (não é uma média): 10/10.
20091030
NOVA PROPOSTA DE BANNER.
A gente pode refotografar esse banner só que com os cabaços, né???
Só que aí não sei se a gente se junta e se fotografa ou se cada um envia a sua e montamos uma final, hehehehe.
Abraços!
20091029
20091028
Travel Log 1: Ahoy, ahoy!
20091027
Objetividade
20091025
Então acho que não há por que me alongar mais por aqui. Se por alguma outra razão ontem o Daniel Rebiggi não tivesse quebrado minha estante, e bem no momento em que meu apartamento se encontrava alagado! (meus livros TODOS caíram naquela água suja de máquina de lavar), não sei, talvez eu ainda ficasse um pouco. Mas, cacilda, ele me disse assim, "É, pô, foi mal...ai, merda, foi mal mesmo...mas na Europa é mais barato, né? Dá pra você comprar até numas edições melhores...", enfim, não concordo, porque gosto das minhas Brasilienses (e Iluminuras), mas...também, se dizem que estou no período de "auge da vida", por que não ir até a Europa para projetar tudo lá e de quebra ainda confirmar se vale a pena montar minha biblioteca de novo?
Eu sei que é um pensamento meio idiota, mas, enfim, meu vôo já está marcado hoje para as 18h20 (quer dizer, não é tanto 'meu' vôo, porque só ontem eu decidi e por sorte consegui um lugar). Também acho que minha estada não será tão longa...eles devem se cansar fácil dos filmes....(difícil não me sentir como uma espécie de Rüdiger Vogler naquele filme do Wim Wenders, o No Decurso do Tempo...acho que gosto dessa sensação) e (mas não pretendo fazer cocô pra todos verem!) aí eu volto. Não (isso eu decidi agora, por uma questão de tempo) vou abrir um espaço ou tempo praquelas encomendinhas que todo mundo sempre quer fazer....só prometo trazer breguetes pros aniversários de um raio de três semanas para frente e para trás!
A poética do infantil.
Querido diário
Agora, imaginem uma pizzaria na Augusta que fica aberta às 3h... tinha vários casais gays; na mesa de trás da nossa um grupo de 4 minas e 2 caras ficaram brincando de passar um gelo de um pro outro, usando só a boca e, o pior de tudo, um dos meus ex-colegas, que é carioca pôs ketchup na pizza.
Bem, nós saímos da pizzaria umas 4h, e eu tava a pé e o metrô tava fechado, então eu subi pra Paulista pra pegar um ônibus. Aí fiquei no ponto de ônibus lá, esperando.
Agora, avaliem:
No banco atrás de mim tinha um casal se pegando fortemente. Depois chegou uma mina com um cara que parecia tar totalmente drogado, caía no chão, falava um monte de merda e tal... e não parecia bêbado, parecia lóki de dorgas, mesmo. Mas a mina ficava cuidando dele. E do meu lado tinha duas minas, tb, e eu não tava vendo, mas dava pra ouvir elas se beijando.
No fim, eu fiquei uma hora lá esperando o cacete do ônibus e não passou nenhum. Nem ônibus certo nem ônibus errado, nada. Aí abriu o metrô e eu vim pra casa
Mas foi foda, porque os gays se beijavam, os héteros se beijavam, as lésbicas se beijavam e até o cara drogado tava com a mina lá cuidando dele.
E só eu sozinho.
20091024
Carcará é bicho ruim
Carcará é bicho ruim, carniceiro. É bicho esperto, ligeiro, secador de gente viva, mordedor de gente morta, morde-olho. Morde as bolas. Carcará é bicho que sobrevive, que não tem vergonha de sobreviver.
Seu Antônio dá tiro em carcará por prazer. Emília não gosta mas também não é de reclamar. Emília é que nem carcará...
Noutro dia, seu Antônio sai pro mato de carabina em mão, montando uma égua boa sem sela, indo lá pro ribeirão. Sai rindo de aguardente, cruza o rio e segue em frente, que com jacaré ele não brinca; em jacaré ele não atira. Jacaré é bicho duro, sabe lidar com a correnteza. Seu Antônio — é certeza — noutra vida, se não foi, será ou é: jacaré.
Daí que baixa a cabeça, tira o chapéu, até, conforme passa pelos troncos vivos à deriva e continua seu caminho. Hoje ele quer matar veado, mas vê gente chegando doutro lado. Gente carabinada que nem ele, mas o fim é que é outro. Gente que vem matar jacaré pra tirar couro.
Seu Antônio sente a mão coçar pra pegar a arma contra eles, mas no fim ele se acalma. Porque jacaré não tem medo e não quer ajuda, jacaré olha no olho e não desvia. Não foge. Se intrometer ali era pecado maior que fazer bolsa de filhote. Serem eles cinco e ele um não conta, não, que seu Antônio nunca vai ser gavião.