A bailarina russa vinha se arrastando por todos aqueles anos, em busca sabe deus do quê.
Encontrei-a no meu guarda-roupa um dia. Ela tremia. Só podia ser fome, porque na Rússia se passa muito frio e fora dela se passa muita fome, disso eu sabia desde menino pequeno. Com isso na cabeça eu fui buscar leite e pão, que era só o que eu tenho nessa vida. Quando cheguei ela já estava esparrimada no colchão cheio de panos, num sono pesado feito o pão preto da sua terra gloriosa. De bonita que era, eu deixei o que eu tinha no criado-mudo e fui pra varanda pitar o meu pito e ver a cidade morrer.
De noitinha eu ia voltar e não ia mais ter leite nem pão nem russa no quarto. A bailarina foi-se embora, sem deixar nem o cheiro das russidades que enroscou no meu lençol com a maior cara-de-pau. Foi aí que eu larguei meu pito e comprei uma garrafita de vodka pra ficar debaixo da cama, esperando visita.
COOL
ResponderExcluirRapaz, isso me lembra aquele meu conto.
ResponderExcluirpois é, rapaz. depois desse seu texto me passou algo: as russas são sempre assim...
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