A menina, Lúcia, tão cheirosa, 12 anos, aprendeu com sua mamãe a usar creme hidratante, daqueles que não necessitam de enxágue. "É pra ficar mais bonita", ela disse com os olhinhos brilhantes e com as duas mãos segurando firme o frasco. Seu troféu. Sorrindo destampou, virou de cabeça para baixo e esperou que o creme escorregasse até suas delicadas e lindinhas mãos. O que não aconteceu, deixando a danadinha perplexa.
Com um salto e uma coceira no céu da boca, a menina pôs-se a lutar freneticamente contra o pequeno frasco escuro, no sentido de rolar pelo chão, esmurrar com toda sua forcinha infante e dizer ofensas terríveis como "seu creme bobo" e "nem te quero mais". E a luta continuava: ela batia, torcia, contornava todo o frasco com suas mãos, esfregava, sacudia, dançava, enfim, era um vai-e-vem de mãos apressado, de ritmo colorido.
No final da tarde, lá estavam, Lúcia e seu Everest. Ela, de ruivos cabelos suados; ele, negro e inflexível. E veio no coração da Palavra a dúvida de que talvez Lúcia estivesse usando da abordagem errada. Talvez, é. E foi isso que a lindinha pensou, juntanto suas capacidades numa última tentativa. "Desculpa, eu sei que você só precisava de um pouco de carinho". E então acariciou suavemente o frasco negro, apertando aqui e ali, em quatro idas e voltas pelo objeto.
E não é que deu certo?
Sem que ela esperasse, o cremoso branco espirrou do frasco negro e lhe atingiu o rostinho assustado, porém curioso.
20081223
Lúcia, dos cabelos ruivos
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É isso que a liberdade traz pras pessoas... Grandes frascos negros! Ora, bolas!
ResponderExcluirO Papa despreza este texto.
ResponderExcluirO Obama, por outro lado...
"Mas agora Fita-Verde se assustava além de entristecer-se de ver que perdera sua grande fita verde no cabelo atada, e estava suada..."
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