Três viandantes embocam-se na calçada que, ladrilhada em orla pelo deserto campestre Crono, finda na outra face de sua largura, infinitamente, por um corrimão vermelho e uma vista do mar. Não há relatos geográficos sobre tal transição, tampouco históricos (pois estes sempre chegam por último), mas ali estão os transeuntes, marchando em uma desproporcionalidade que insulta o caminho.
A paisagem em questão é de uma beleza crepuscular. Dois ambientes distintos, separados em bastarda calçada, como se o Sol e a Lua fossem apartados por algum planeta ousado, de menor importância; como o veneno de Romeu e Julieta ou ainda como o chumbo certeiro de John Lennon. E são dispersos.
Um garoto, uma mulher e um homem. Apresentam no olhar e andar um tom de quem está perdido – é possível perder-se numa estrada de mão única?, e não parecem conhecidos. O garoto, maravilhado com a visagem, põe-se a caçar lagartas no deserto campestre, aquela imensidão verde, e se arrasta pelo mato, sem dar importância às outras duas pessoas. A mulher, como é de se esperar, apóia as duas mãos sobre o corrimão e olha o mar azul como se não houvesse nada mais interessante para fazer. O homem segue em frente.
A mulher pergunta ao homem onde estamos?, e o homem volta-se para ela, olha de cima a baixo, e responde não sei, mas eu acho que deve ser coisa do destino. Ela sorri e encurva a cabeça brilhante, roçando o solo com um dos pés. O menino continua se arrastando pelo campo.
O homem olha para o campo e pergunta ao garoto o que faz aí?, e o garoto grita sem olhar para quem caçando lagartixas!, e não interrompe seus fazeres. O homem sorri, mas não sabe bem como proceder – continua em frente pela calçada ou não? A mulher volta a olhar o mar.
O menino levanta-se com algo na mão, olha para os dois lados e, no momento em que o homem decide seguir em frente, atira, vivo, um pequeno réptil nos cabelos da mulher, que se rebate em berros a procura de seu invasor. Socorro, socorro e o homem pula em cima dela e começa a ajudar, e é ele que consegue divorciar a mulher da lagartixa sapeca, e arremessa-la ao mar. O menino ri, a mulher se conserta e o homem volta-se para ela.
Você está bem?, estou, vem que eu te levanto, pronto, aqui, obrigada. O menino pára de rir e começa a caçar algo maior. A mulher tem novamente as duas mãos apoiadas sobre o corrimão, o homem diz sim oh, sim, e ela concorda. Os dois se apaixonam, amor à primeira vista, ela diz eu te amo, ele só ri, e os eles decidem criar e educar o garoto, porque isso tudo é coisa do destino ou de alguém maior que eles, com dez dedos e unhas sujas. Eles são supostos a fazer isso. Viver. Está decidido, eles vão se amar, os três, e estão todos felizes com isso.
Mas uma pergunta ainda existe.
A paisagem em questão é de uma beleza crepuscular. Dois ambientes distintos, separados em bastarda calçada, como se o Sol e a Lua fossem apartados por algum planeta ousado, de menor importância; como o veneno de Romeu e Julieta ou ainda como o chumbo certeiro de John Lennon. E são dispersos.
Um garoto, uma mulher e um homem. Apresentam no olhar e andar um tom de quem está perdido – é possível perder-se numa estrada de mão única?, e não parecem conhecidos. O garoto, maravilhado com a visagem, põe-se a caçar lagartas no deserto campestre, aquela imensidão verde, e se arrasta pelo mato, sem dar importância às outras duas pessoas. A mulher, como é de se esperar, apóia as duas mãos sobre o corrimão e olha o mar azul como se não houvesse nada mais interessante para fazer. O homem segue em frente.
A mulher pergunta ao homem onde estamos?, e o homem volta-se para ela, olha de cima a baixo, e responde não sei, mas eu acho que deve ser coisa do destino. Ela sorri e encurva a cabeça brilhante, roçando o solo com um dos pés. O menino continua se arrastando pelo campo.
O homem olha para o campo e pergunta ao garoto o que faz aí?, e o garoto grita sem olhar para quem caçando lagartixas!, e não interrompe seus fazeres. O homem sorri, mas não sabe bem como proceder – continua em frente pela calçada ou não? A mulher volta a olhar o mar.
O menino levanta-se com algo na mão, olha para os dois lados e, no momento em que o homem decide seguir em frente, atira, vivo, um pequeno réptil nos cabelos da mulher, que se rebate em berros a procura de seu invasor. Socorro, socorro e o homem pula em cima dela e começa a ajudar, e é ele que consegue divorciar a mulher da lagartixa sapeca, e arremessa-la ao mar. O menino ri, a mulher se conserta e o homem volta-se para ela.
Você está bem?, estou, vem que eu te levanto, pronto, aqui, obrigada. O menino pára de rir e começa a caçar algo maior. A mulher tem novamente as duas mãos apoiadas sobre o corrimão, o homem diz sim oh, sim, e ela concorda. Os dois se apaixonam, amor à primeira vista, ela diz eu te amo, ele só ri, e os eles decidem criar e educar o garoto, porque isso tudo é coisa do destino ou de alguém maior que eles, com dez dedos e unhas sujas. Eles são supostos a fazer isso. Viver. Está decidido, eles vão se amar, os três, e estão todos felizes com isso.
Mas uma pergunta ainda existe.
Pelo menos já temos a resposta.
ResponderExcluir