Quando eu vi Orgulho e Preconceito e Zumbis à venda, confesso que demorei um pouco pra perceber que a moça da capa estava apodrecendo. Mas, uma vez notado, esse é o tipo de detalhe que me leva a comprar um livro (sim, foda-se o ditado) e foi assim que, antes de saber qualquer coisa sobre ele, eu estava lendo Pride & Prejudice & Zombies, trabalho em co-autoria entre Austen e um tal de Seth Grahame-Smith. Acabou que a ideia como um todo me pareceu bastante interessante, porque o livro não reescreve nem altera o texto clássico, mas apenas "acrescenta" elementos novos, a saber, mortos-vivos. Já que eu nunca tinha lido o original, mataria dois coelhos com uma caixa d'água só, como se diz.
Por isso, as impressões que imprimo (tarum-pá!) aqui são tanto da obra clássica quando da cobra flácida, isto é, tanto do que Jane Austen escreveu quanto do que o tal do Seth (bom nome) acrescentou.
E eu vou ser bem franco. Existem mais de 500 mil resultados no Google para uma busca por "Jane Austen feminist" (sem aspas), e isso pode não fazer sentido algum para alguém que se baseie em Orgulho e Preconceito para avaliar o ativismo da escritora. OP (vamos escrever assim, certo?) é um típico livro de menininha, cheio de mimimi de dondocas e futilidades mil, em que todo mundo não pensa em outra coisa que não se casar (inclusive, não se engane, a Elizabeth, que deveria ser mais badass).
Qualquer um que leia aquilo e que não seja uma menina de 12 anos do século XIX entende porque a ideia de OPZ é ótima: porque batalhas com mortos-vivos são extremamente bem vindas ao livro, mesmo.
O problema, então, passou a ser que o Sé Mané fez um servicinho muito ruim nas cenas de zumbis. Não há emoção nenhuma, adrenalina nenhuma -- e olha que estamos falando de defuntos se erguendo da morte para comer cérebros!
Parecia uma ideia que não tinha como dar errado, mas meu compromisso com a verdade me força a alertar os queridos leitores: esse livro é uma merda foda. Recomendo que vocês aluguem a versão cinematográfica e a assistam logo depois de uma partida de Resident Evil. A lentidão do filme certamente fará com que vocês durmam, e o frescor da lembrança do jogo cuidará para que vocês sonhem com uma versão zumbificada do bucolismo da obra.
E se vocês quiserem ler escritoras britânicas bacanas, sugiro que vão de Brönte ou de Shelley. Ou de Rowling, mesmo.
Servicinho ruim é essa sua resenha, mano!
ResponderExcluirSe não fossem aquelas ilustrações tenebrosas de tão ruins as cenas de luta poderiam reverberar muito mais emoção.
Digo mais: a chatice das cenas de ação é genial, garantindo uma "organicidade" do caralho com o pé-no-saco que é o original.
E digo mais: se você quiser ler escritoras britânicas bacanas, é melhor você fazer como o texto anterior do GMS e pular da grade, porque é foda.
=)
Olhando por essa ótica, acho que você tem razão.
ResponderExcluirSempre achei que esse livro não valesse a pena ser lido: achei a ideia um tanto quanto "boba". Concordo que o original é um romance para menininhas.
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