Carcará é bicho ruim, carniceiro. É bicho esperto, ligeiro, secador de gente viva, mordedor de gente morta, morde-olho. Morde as bolas. Carcará é bicho que sobrevive, que não tem vergonha de sobreviver.
Seu Antônio dá tiro em carcará por prazer. Emília não gosta mas também não é de reclamar. Emília é que nem carcará...
Noutro dia, seu Antônio sai pro mato de carabina em mão, montando uma égua boa sem sela, indo lá pro ribeirão. Sai rindo de aguardente, cruza o rio e segue em frente, que com jacaré ele não brinca; em jacaré ele não atira. Jacaré é bicho duro, sabe lidar com a correnteza. Seu Antônio — é certeza — noutra vida, se não foi, será ou é: jacaré.
Daí que baixa a cabeça, tira o chapéu, até, conforme passa pelos troncos vivos à deriva e continua seu caminho. Hoje ele quer matar veado, mas vê gente chegando doutro lado. Gente carabinada que nem ele, mas o fim é que é outro. Gente que vem matar jacaré pra tirar couro.
Seu Antônio sente a mão coçar pra pegar a arma contra eles, mas no fim ele se acalma. Porque jacaré não tem medo e não quer ajuda, jacaré olha no olho e não desvia. Não foge. Se intrometer ali era pecado maior que fazer bolsa de filhote. Serem eles cinco e ele um não conta, não, que seu Antônio nunca vai ser gavião.
Macangá vive no ôco do páu e tem um ferrão enorme.
ResponderExcluirComo o bicho é máu!
GMS virou aglutinação.
ResponderExcluire isso aí é sobre os arquitetos, né?
"GMS virou aglutinação."
ResponderExcluirHein?
"e isso aí é sobre os arquitetos, né?"
Claro.
GuiMarãeS, mêu!
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