20090516

As fotografias-still como criadoras de narrativa (3 quebras da 4a parede).




Nesta primeira foto, me interessam especialmente 3 pontos.

1- O enquadramento, que transforma o ato grupal em uma experiência subjetiva; não há dúvidas que a protagonista é a moça do meio (que vou chamar de Mila daqui a diante), que recebe o falo e o carinho no peito. O enquadramento arranca as cabeças dos outros participantes, o homem tende gentilmente em direção a ela, o corpo sinuoso de Mila revela, num espelho ao fundo, seu próprio reflexo;

2- ainda assim, nosso olhar é rapidamente conduzido pelo jogo de corpos ao rosto dela, que olha diretamente para fora do quadro, à esquerda. Ménage à trois? Não exatamente;

3- o mistério do olhar para fora-do-quadro revela-se dentro do próprio quadro: Mila olha para a câmera (a outra, a irmã mais nova, a filmadora) e, portanto, atua.

 


1- Aqui, temos os rostos dos dois outros participantes. Ainda assim, a posição central e o fato de ambos tentarem dar prazer para Mila a mantém como importantíssima protagonista do ato;

2- o olhar se dá direto para a câmera. O jogo se simplifica: não há mais filmadora, não há mais olhares-para-fora, só há uma cumplicidade tremenda com o público; Mila sente prazer (sente?) para nós, e não por ela.



1- A luz no difusor, que antes clipava no espelho, deslocou-se para a direita um bocado e... Ora, lá está a câmera filmadora! Mas...

2- agora os atores riem olhando para o fora de quadro. Está aí o ponto-final: a atuação não é apenas para as câmeras, mas é, ora só, dirigida pelas câmeras. Esse sorriso no rosto de Mila, esse olhar do jovem, a moça debaixo quase que ainda dentro do jogo... isso pode ser encontrado em qualquer coleção de fotos de set, este é o curto momento em que os atores saem do personagem e riem de algo que a equipe disse... ou quando se diz 'Corta!'. De repente, tudo é humano demais.

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Escolhi essas fotos para mostrar como a câmera fotográfica pode se apropriar dos momentos de uma filmagem para criar algo inevitavelmente novo e diferente do processo cinematográfico por si só - muito além do simples making of.

Deixo, de presente, uma irmã da foto um:



Obs.: Cliquem nas fotos para versões maiores.

9 comentários:

  1. Ou então foxyville. Nada me garante que ela realmente se chame Mila, mas é o mais provável.

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  2. Maio vai quebrar a tradição do blog de intercalar meses com mais e menos do que 20 postagens.

    E desculpe se fiz parecer o contrário, no GT: eu também muito me orgulho.

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  3. E assim a República finalmente ganha uma página de aviso sobre conteúdo explícito. Além de um texto dos mais sinceros, belos e bem embasados que este fundo rosa já viu.

    Parabéns, Cidadão³.

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  4. Ninguém, ninguém vai me segurar!
    Enquanto eu puder cantar, alguém vai ter que me ouvir!

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  5. o detrás da câmera, aqui e ali

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  6. Aparentemente, o filme nunca foi finalizado e, se foi, nada de publicação.

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