Eis: aquele sabor de cereja que não era o mesmo dos confeitos brasileiros, um sabor do qual me lembro muito bem e ao qual associo, muito mais que ao dito "sabor de infância", à experiência de visitar uma terra estrangeira. Algo de aventura, quem sabe, esse lançar-se num desconhecido vertiginoso, omnipresente - embriagante, até. É certo que eu estava, na ocasião daquela viagem, bem escorado pelos meus avós, e também em terra isófona (mas por pouco que não, diga-se de passagem). Não sei se isso importava muito.
Lembro-me de bem poucas coisas daquela viagem; das histórias mais famosas, como o "incidente da sopa de agrião" ou de quando eu sumi da vista de meus avós em uma pequena aldeia e reapareci munido de um graveto, riscando o chão com gestos até hoje imitados pela minha avó quando ela narra a ocasião, trago lembranças vagas de que ocorreram - às vezes, tão isenta de detalhes que fica a suspeita de que me lembro apenas de ouvir-contar.
Sobreviveu na minha cabeça aquele sabor artificial de cereja.
É cada coisa idiota que a gente repara quando é criança...
Desterrados, compreendes!
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