Sabia porque se incomodava tanto quando queria escrever de'noite. Sua máquina de escrever com carinha de safada olhava lá do fundo do quarto. Entendia bem o sentimento da governanta nas madrugadas. Era como se gozasse com fogos de artifício ainda que nas transas surdinas ou mesmo como se pintasse o rodapé com metralhadoras. Deselegância comunitária.
Amanhã é domingo, meu amor, de pernas longas e carnudas,
me olhará como uma menininha perguntando se pode.
E era madrugada, e o sótão todo vazio de escuro e de madeiras recheadas de baratas discretas. Não havia muito o que fazer além de pensar ou dormir. Quando já não pôde fazer nenhuma das coisas, o dia já pulverizava todo o pó por onde se passou e pensou fogos e metralhadoras e aquele amor todo delicadinho que se tem vergonha de dizer e só se tem vontade de tocar, em discrepânc-.
Até a noite e a inspiração chegarem. E não se poder mais escrever com gemidos ou sirenes atômicas. Pelo bom con-domínio. Ele precisava transcender os clichês, era um fato.
20090829
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Puxa, não tinha reparado na época... Que bacãna, isso!
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