20090217

Termômetro Inaceitável

Um termômetro
inaceitável,
agora hirsuto e opaco,
suspirou moribundo no frigobar

Leila socou a porta e o pobre termômetro inaceitável
[relembrou sovacos
- e por quê não dizer? nunca de Leila -
em que antes fora acolhido.

Lembrou-se também das
obturações de Alfeu, e com ironia
pensou em quando fingira ser
sushiman: o ceifador

Pablo, o Molar, doirado das redondezas,
não vira a lâmina nem os olhos que
denotariam a ocupação;
Pobre termômetro! conseguiu apenas deslocar o
pedacinho de algo-do-mar que vira
e, "Heh, heh, heh!" de todos os molares e principalmente de
Stu "Carne" Borges, esburacado e jogado aos germes - ele mesmo
[suspirando moribundo e olhando em volta com pensamentos de ironia -
o termômetro continuou seu trabalho e excitou-se sem querer tocar a
língua do dotô

"Bons tempos", pensou ele, relembrando
fragâncias anais, distantes, agora que não
ultrapassava - apenas raramente, entre dezembro
e março - os 32ºC.

Balança e vai e volta, aí parou
e foi Otávio que retornou para um gole
de alguma coisa, já curado
E depois de pegar, eis que
Rolou e rolou e o móvel embaixo aumentou a
altura e portanto a fratura e
num orgasmo safado e empelotado
morreu o termômetro inaceitável

Um comentário: